segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Paulo Afonso e Henrique Alberto




Paulo Afonso era um simples bibliotecário, uma pessoa introvertida, sem amigos ou sonhos de consumo. Possuía duas paixões. A primeira, como não poderia deixar de ser, era os livros. A segunda, a vida alheia. Sua vida limitava-se a organizar estantes, classificar livros, auxiliar algum leitor e explorar exageradamente a vida dos vizinhos.
Todas as noites, após o jantar, Paulo Afonso seguia a mesma rotina: abria a gaveta da escrivaninha, pegava papel e caneta. Dirigia-se para a janela. Só então lembrava-se de que havia esquecido de apanhar os binóculos. Desesperava-se, pois nunca se lembrava com facilidade onde os havia deixado. Com um esforço incrível recordou em que local havia colocado os tão indispensáveis binóculos, estavam no congelador do freezer.
Após encontrar o seu principal elemento de observação, Paulo Afonso dirigi-se à janela, esperando os acontecimentos. A rua estava calma, vez ou outra um carro passava. Nosso observador anotava tudo em papéis; classificava-os e os organizava em arquivos.
Chega a madrugada; Paulo Afonso continua plantado na janela. Quando já estava por desistir, o sono chegava, percebeu um falatório na rua. Era um casal aparentemente bêbado. Nem precisa dizer que o sono de Paulo Afonso foi embora. Binóculos em punho, ele começou a analisar minuciosamente a cena que se passava. O homem, vestido a rigor, estava abraçado a uma mulher loira que trajava um longo vestido vermelho. No mesmo momento reconheceu o homem: era Henrique Alberto, morador da casa em frente. A mulher, que não era a esposa de Henrique Alberto, era desconhecida para Paulo Afonso. “Quem será ela?” – perguntava-se o espião. Talvez, ou melhor, uma amante.
O espião continua observando a cena. Vê o casal entrar na casa de Henrique Alberto. As luzes do quarto são acedidas. O casal fala e gesticula freneticamente. Paulo Afonso conclui que se trata de uma discussão. Mas qual seria o motivo? Naturalmente algo acontecido na festa ou evento de onde vieram. De repente Paulo Afonso recorda-se: a mulher de Henrique Alberto, Vânia Maria, estava viajando, pois ele próprio tinha visto o marido carregar as malas da esposa para o carro. Conclui então que a loira fatal só poderia ser a amante.
Neste momento, Paulo Afonso vê Henrique Alberto perseguir a loira com um pedaço de pau. É um crime. A loira gritava, corria e Henrique Alberto correndo atrás. Com receio de que aquilo se agravasse, Paulo Afonso resolve ligar para a Polícia. Enquanto disca, percebe que os gritos da loira pararam. O espião fica estático. A Polícia chega. O observador continua olhando. A casa de Henrique Alberto é invadida. Ele é arrastado para fora. De repente uma surpresa: a loira também é arrastada. A Polícia pede uma explicação. Henrique Alberto fala: “Ela é minha irmã e eu só queria matar uma barata...”
Nada é o que se vê realmente.
Tudo é o que desejamos ver.
Hitchcock que o diga.
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Palavras




O mais valioso de todos os talentos é aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta.
Thomas Jefferson

Ahh, as palavras! Sempre estão comigo. Na sala, no carro, no banco da praça, dentro da minha bolsa.
Fazer o que?
Me faltam, me sobram. Nunca me deixam na mão.
Podem ser faladas, podem ser escritas, ou quem sabe, apenas pensadas.
Saem facilmente, às vezes aos tropeções ou, simplesmente não saem.
Desde sempre lembro-me delas.
Me sabotaram quando tentei enveredas por outros caminhos, rumo à medicina ou veterinária.
Apontaram a direção quando, por uma quase iluminação divina, tirei uma nota 10, isso mesmo, na prova de redação do vestibular da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Hoje brincamos, somos amigas, sempre próximas e honestas. Mostro a sua maleabilidade, pluralidade, profundidade.
Jogar com palavras é muito mais do que jogar dados. Uma vez lançadas, podem alcançar uma progressão de resultados infinitamente maiores do que os simples números.
É esta a sua magia. O esconde-esconde do significado é que enriquece nossa comunicação.
Cada palavra deve ter um lugar especial em seu baú. Afinal que tesouro mais precioso haveria do que o som de suas sílabas espalhadas pelo vento?
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Indicados para o Prêmio Dardos


Bem, como ganhadora do Prêmio Dardos, me coube indicar 15 blogs, candidatos a receberem o prêmio em sua próxima rodada. Todos os indicados receberão as instruções de como proceder.
Indicar 15 não foi tarefa fácil. Aff... foi mais complicado do que parecia.
A Lista acabou sendo bem eclética.
Confira:

Pé de Meias
Filha de Asclépio
Abdalan
Verena na Suiça
Fernando Pessoa
Blog do Barzinho
Improper Mind
Hippies Beatniks
Ante-Cinema
Academia Literária
Arquivo Mundo Insano
Emaranhado Simbolico
Templates Novo Blogger
Carla
Le Atelier de La Gare

Bjs e boa sorte a todos!
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Prêmio Dardos



Caros Leitores e Leitoras:

É com muita satisfação que informo a vcs que o blog "Idéias de Barbara" foi um dos ganhadores do Prêmio Dardos.
Gostaria de agradecer a minha amiga Ana Gabi pela indicação do nosso blog.

Bjs
Barbara
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domingo, 30 de novembro de 2008

Gentileza




Todos os dias nos deparamos com situações em que colocamos a mão na cabeça e dizemos: “Puxa vida!”
Na grande maioria das vezes poderíamos evitar o uso dessa expressão se adicionássemos um toque de GENTILEZA.
Sabe, não é brega, nem piegas colocarmos em prática a máxima “Gentileza gera gentileza.”, do famoso profeta e poeta das ruas do Rio de Janeiro, GENTILEZA.
O ponto X é porquê colocamos algo tão fundamental no fundo de nossos baús.
Um ato gentil pode desarmar o aparato bélico direcionado a você. E por falar nisso, acabo de me lembrar do seguinte trecho de música: "Acreditam nas flores vencendo os canhões.”, do também poeta, além de músico, Geraldo Vandré.
Não deveria nunca ser uma utopia acreditar nisso. Mas em que ponto da caminhada a nossa visão embaçou?
Bem, dizer que eu sei, é mentira. Mas orgulho-me de, pelo menos, pensar nisso. Bom, não só pensar, mas colocar em prática.
Quantas vezes proferimos palavras duras sem necessidade, evidenciamos pontos de vista conturbados ou criamos situações desnecessárias? O que aconteceria se todas essas ocasiões fossem borrifadas com o doce aroma da Gentileza?
Vale a pena experimentar!
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Aventurados desaventurados

O sobrenome não poderia ser mais sugestivo Baudelaire. Mas engana-se quem pensa que estou falando do grande poeta francês. O dilema aqui é tamanho família. Estou falando dos órfãos Baudelaire. E ao contrário do que pode parecer, eles não são filhos desconhecidos do famoso escritor. Violet, Klaus e Sunny são três irmãos que ficam órfãos após perderem seus pais em um misterioso incêndio. Bom, é assim que começam as confusões da série de livros Desventuras em Série, do autor americano Daniel Handler.

O enredo dos 13 volumes que compõem a série, tem inicio após o trágico incidente que deixa os três irmãos desamparado s. Mas não tão desamparados assim. Os pequenos Baudelaire herdaram uma fortuna, mas não podem tocá-la até que Violet, a mais velha dos três, atinja a maioridade. Até lá os três serão obrigados a conviver com os mais diversos tipos de tutores. E justamente por isso, passarão por apertos inacreditáveis: trabalhar numa serraria, passar o inverno tomando sopas geladas, morar num barracão repleto de caranguejos...e por aí vai. 

Tudo isso é café pequeno ante a implacável perseguição que sofrem. Isso mesmo, o dinheiro da herança desperta a ambição do maléfico e inescrupuloso Conde Olaf, um ator cafona, ex-rico, em decadência total, e pior: único parente consanguíneo das crianças. 

Para enfrentar todos estes percalços só com muita imaginação. E isso com certeza não falta. Cada criança tem habilidades especiais. Violet é capaz de arquitetar os planos mais mirabolantes, para sair das situações mais apertadas.  Klaus memoriza todas as informações que lê em livros. E Sunny, bom, ela é um caso realmente interessante: pode morder qualquer coisa!! Isso mesmo, qualquer coisa, do ferro à madeira, do titânio à pedras. 

Para tornar ainda mais interessante essa história, há um narrador chamado Lemony Snicket, que se auto proclama autor da narrativa, e logo entendemos que ele não de um alter ego do próprio Daniel Handler. Um artifício que garante um encantador jogo de cena. Logo no começo ele avisa que quem gosta de história felizes não deve ler sobre o Baudelaire. Impossível é seguir este conselho. 

Daniel Handler - o autor
A coleção Desventuras em Série é um exemplo do que pode haver de melhor na literatura infanto-juvenil: livros divertidos que estimulam a leitura de outros livros. 

Se no mundo imaginário dos órfãos Baudelaire nem tudo são flores, na vida rela também não é diferente. Lançado na mesma época em que um certo bruxinho já se encontrava no topo dos best-seller internacionais, a coleção teve seu brilho ofuscado pela varinha de Harry Potter. Ainda assim conseguiu vender milhões de exemplares em todo o mundo. 

Com muita perspicácia e espirito esportivo, Handler exalta o papel da inteligência dos irmãos em sua sobrevivência, e cuida também de expandir o vocabulário de seus leitores. Utiliza palavras difíceis, explica seus significados, e depois as reutiliza nos mais diversos contextos. Fã de citações e trocadilhos, ele não deixa passar despercebida suas alfinetadas e predileções. A mais óbvia delas, o sobrenome dos órfãos, é uma referência mais que direta a Charles Baudelaire. Todos os livros trazem dedicatórias a uma certa Beatrice – como a musa do poeta italiano Dante Alighieri. O banqueiro que cuida da fortuna das crianças é o senhor Poe, um tributo ao escritor americano Edgar Allan Poe. Mais a frente, quando Snicket, o narrador, explica o poder da hipnose dizendo que na Londres dos anos 20, uma pessoa semi-analfabeta se tornou grande escritora ao ouvir a palavra “Bloomsbury”- uma farpa diretamente endereçada ao grupo Bloomsbury, cujo o membro mais ilustre era a escritora Virginia Wolf, e não por acaso, também é o nome da editora que publica as aventuras de Harry Potter. 

Com uma mistura mais que diversificada de ingredientes, Desventuras em série chamou a atenção de Hollywood e, em 2004, transformou-se em filme. Isso mesmo! Os três primeiros volumes foram contados em um só filme. Além disso, o filme traz a brilhante atuação de nada mais, nada menos do que Jim Carrey no papel do Conde Olaf, Meryl Streep, como a tia Josephine e Jude Law como Lemony Snicket. E se me permitem mais uma ironia, o ator Timothy Spall (interpreta o de Rabicho, na saga de Harry Potter) faz o papel do banqueiro, sr. Poe. Vale apena conferir. 

Se ficou curioso (a) aqui vai um trechinho de um dos livros... 

“Se vocês se interessam por histórias com final feliz, é melhor ler algum outro livro. (…) Momentos felizes não são o que mais encontramos na vida dos três jovens Baudelaire, cuja história está aqui contada. Violet, Klaus e Sunny Baudelaire eram crianças inteligentes, encantadoras e desembaraçadas, com feições bonitas, mas com uma falta de sorte fora do comum, que atraía toda espécie de infortúnio, sofrimento e desespero. Lamento dizer isso a vocês, mas o enredo é assim. Fazer o quê?” 

Trecho de Mau Começo – Primeiro volume da série. 

Os Treze Livros: 

Mau Começo 

A Sala dos Répteis 

O Lago das Sanguessugas 

Serraria Baixo-Astral 

Inferno do Colégio Interno 

O Elevador Ersatz 

A Cidade Sinistra dos Corvos 

O Hospital Hostil 

O Espetáculo Carnívoro 

O Escorregador de Gelo 

A Gruta Gorgônea 

O Penúltimo Perigo 

O Fim
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Besteirinhas



Hoje, finalmente, desenrolei o fio do meu liquidificador. Sabe, ele é desses modelos que você empurra o fio para dentro da base. Há uns 5 anos que o pobre fio ficou preso nas engrenagens internas, restando-me apenas uns míseros 10 cm de cabo. 

Era uma novela para usá-lo. Mas impressionantemente, sempre tive preguiça de desenrolá-lo. Fiz mil malabarismos ao fazer suco ou bater vitaminas: usei extensões, levantei a bichinho na altura da tomada, colocava no chão e usava uma tomada bem baixinha.
A verdade da verdade: fui empurrando com a barriga, adiando a execução do realmente deveria ser feito. 

Mas hoje, ao acordar, fui até a cozinha e meus olhos caíram sobre ele. Tomei a decisão. Armada de chaves de fenda e outras ferramentas, sentei e, pacientemente, abri e retirei o fio.

Fiquei impressionada com o seu tamanho, afinal já fazia 5 anos que para mim, ele não passava de um fiozinho de nada.

A surpresa dessa descoberta me trouxe uma alegria maravilhosa. 

Assim é a nossa vida. 

Nos acostumamos a conviver com "besteirinhas" que podemos resolver. Coisas que deixamos sempre para depois, porquê temos certeza que são muito simples, e logo, não merecem que percamos tempo solucionando-as. 

Porém, chega o dia em que a “Montanha de Besteirinhas” pode nos sufocar. 

O perigo está em passarmos a pensar que tudo na vida pode ser deixado para depois. 

Vamos adiando, protelando, evitando. Talvez por um medo infundado de fracassar. Talvez por preguiça de enfrentar a vida.

Aliás, a grande metáfora da vida, seria dizermos que ela é um enorme liquidificador: mistura nossas emoções, tritura nossas tristezas, emulsifica nossos sentimentos, homogeneíza nossas vicissitudes. 

E se a vida é um enorme liquidificador, será que vale a pena deixarmos o seu fio enrolado? 

Bom, eu já desenrolei o meu. E você?
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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Mania?


Ah ah! Tá aí uma coisa que todo mundo tem: Mania. Algo muito inerente à nossa raça, espécie. Sou muito observadora e posso dizer que nesta minha curta existência já me deparei com manias dos mais variados tipos.
Gente que tem mania de dormir com os pés descobertos, de ensaboar primeiro o braço esquerdo ao tomar banho, de não mexer o Nescau quando coloca num copo de leite, de acordar no meio da noite e assaltar a geladeira. Apenas algumas manias inofensivas.
Tem aqueles com mania de colecionar: selos, figurinhas, papel de carta, canetas, colheres, pratos. Isso mesmo! Tenho uma amiga que coleciona pratos. Ah, e não usa, coloca pendurado na parede!
Sem falar naqueles que tem mania de guardar. Guardam tudo: papéis de rascunho, jornais velhos, panfletos que recebem na rua, embalagens de biscoito, contas de luz de mais de 10 anos!
Têm também os com mania de comer ou manias ao comer. Gente que sempre coloca o arroz no prato antes de qualquer outra coisa, o que só come se apimentar o rango, isso sem esquecer de quem tem mania de colocar Ketchup em tudo, até no feijão!

Eu também tenho minhas manias. É claro que não vou contar todas, mas lá vai: só costumo ler livros que sejam meus. Sinto uma angústia incrível se leio emprestado. E se gosto do livro, compro, mesmo já tendo lido, nem que seja pra ter em casa.Bom, mais ainda tem aqueles com manias “vestuais”. Quem só sai de casa às sextas-feiras vestido de branco ou só vai à Igreja de terno e gravata.
Porém, nada se compara a minha mania por sapatos. Tenho uma verdadeira loucura por eles. Nunca fico muito tempo sem comprar um novo par. Uma verdadeira obsessão, pois nem que eu fosse uma centopéia ia conseguir calçar tantos sapatos de uma só vez. O interessante é que ao contrário de outros colecionadores, não gosto de ganhar sapatos. Não confio muito no gosto alheio. Prefiro escolher, é mais seguro. Cheguei a pensar que isso era uma mania complicada, mas fiquei reconfortada ao descobrir que podia compartilhá-la com muita gente. Encontrei no Orkut uma comunidade que possui 7738 membros.Imagine! Irmãs Unidas! Amei!
Ah, não existe isso de não ter mania.
Todo mundo tem, não importa qual ou quais.
Quer ver?
Olha aí as manias dos famosos:
Leonardo de Caprio - Mania de perseguição.
Wood Allen - Checa sua pressão arterial de hora em hora.
Antônio Fagundes - Só usa cuecas vermelhas.
David Beckham - Mania de ordenar as coisas.
Mel Gibson - Não come frango de forma alguma.
Jennifer Lopez - Tudo em seus quartos de hotel tem que ser branco.
É, mania só muda de endereço.
E você, já identificou as suas?
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domingo, 26 de outubro de 2008

Duelo de Titãs




Tenho ouvido muito ti-ti-ti sobre EAD - Ensino/Educação à Distância, um falatório sem fim. Opiniões, estudos, debates. Mas o que é realmente discutível em relação a isso?
O X da questão é o crescimento do número de cursos no país. Aliás, não só de cursos, mas de opções de cursos. Isso cutucou muitas onças com vara curta. Entidades classistas tem se manifestado contra o Ensino à Distância; fazendo muito barulho por nada, pois quem realmente define os parâmetros educacionais é o MEC, que diga-se de passagem é mais do que competente para isso.
O que realmente se esconde por trás de tão atroz combate?
Bem simples. Havendo mais cursos haverão mais profissionais em formação, o que acaba por transformar o mercado de trabalho em algo cada vez mais competitivo. Os velhos abutres terão de sacudir a poeira e avançar seguindo a evolução. Já foi-se o tempo em que um “canudo” era sinônimo de emprego. A especialização bate À nossa porta, a Educação à Distância só está nos dando o empurrão que faltava. De nada adiantará espernear. Nem expor argumentos esdrúxulos como questionar sobre quem realmente faz os trabalhos de um aluno de EAD. Saibam pois, que qualquer um, aluno EAD ou não, pode pagar alguém para fazer um trabalho ou pedir como favor a um amigo. Na própria Internet encontramos milhares de sites e “gostwriter” dispostos a escrever as mais densas e espetaculares teses em troca de algumas “onçinhas”.
E só pra registrar, ao contrário do que muita gente imagina, aluno EAD faz prova, como qualquer outro estudante normal.
Então por favor, ponderem muito bem seus argumentos antes de expô-los de forma tão frágil e sem fundamento.
A educação a distância surgiu no século XIX, há mais de 150 anos, e tem a University of London como pioneira. Apenas esta universidade inglesa tem 40 mil alunos EAD em 180 países. Produziu cinco prêmios Nobel. O mais ilustre, o ex-presidente da África do sul, Nelson Mandella, fez o curso de Direito por correspondência na prisão.
Na Segunda Guerra Mundial, soldados americanos já estudavam a distância. Foi no pós-guerra, com a necessidade de formar profissionais rapidamente e reconstruir os países da Europa, que a educação a distância teve um grande impulso.
No Brasil, a educação a distância desembarcou no fim do século XIX. Acredite: aprendia-se datilografia por correspondência. Depois, aulas começaram a ser transmitidas pelo rádio.
Hoje já são mais de 2,5 milhões de estudantes de educação à distância. O avanço tecnológico foi o fermento dessa revolução e a Internet, a ferramenta crucial.
No ensino superior e na pós-graduação, a educação a distância no Brasil caminha a passos de gigante. A oferta de cursos superiores dentro do país cresceu 571% entre 2003 e 2006. Um outro levantamento, de 2007, mostra que o número de alunos avançou 356% em três anos. Segundo o MEC, 73% estão em escolas particulares.
Isso se reflete diretamente no mercado de trabalho. Muitas empresas estão utilizando o sistema EAD para treinar e aperfeiçoar seus funcionários. Hoje um em cada quatro reais investidos em educação corporativa no Brasil já é aplicado em cursos à distância. O último levantamento do setor também revela que os mais comuns são: tecnologia, finanças, vendas e gestão de negócios.
Em 2007, os números do Enade, o exame que avalia os estudantes de graduação, foram favoráveis aos alunos à distância. Na comparação com os presenciais, eles tiraram notas melhores em 7 das 13 áreas analisadas, entre elas Turismo, Ciências Sociais, Administração e Matemática. Isso tudo analisando apenas os alunos concluintes.Quando a análise é feita levando em conta os alunos que ainda estão na fase inicial do curso -o Enade permite separar o desempenho de ingressantes e concluintes-, o quadro é ainda mais favorável ao ensino à distância: em 9 das 13 áreas o resultado foi melhor.
Isso só vem demonstrar que devemos sim levar em conta todas as vantagens do EAD como facilitador do acesso ao 3º Grau.
Tenho muita admiração por que escolhe este caminho, pois ser mestre de si mesmo não é moleza. Implica muita disciplina e aplicação.
Ah, tem mais uma coisinha: não sou nem nunca fui aluna de EAD. Formei-me pelo ensino presencial!

* Este texto foi publicado na Revista Folha da Praia, Edição 126, de 2009, com autorização da Editora deste blog.
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Picolé de Frutas


Outubro chegou e com ele a alegria do Dia das Crianças.
O Idéias de Bárbara não poderia ficar de fora dessa doce comemoração.
Então disponibilizamos para mamães e filhinhos uma receita super fácil e deliciosa de picolé.

O que você vai precisar:

  • 1 lata de suco concentrado - pode ser laranja, tangerina, maracujá, manga, acerola, ou outra a sua escolha.
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 lata de creme de leite

Como fazer:

  • Bata no liquidificador o leite condensado, mais a latinha de suco concentrado e o creme de leite
  • Despeje a mistura em forminhas de picolé, de gelo ou em saquinhos plásticos e coloque no freezer
  • Espere duas horas e estará pronto
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

59 Votos


Política, uma coisa muito controversa. Uns gostam outros detestam. E ainda tem aqueles que nem ligam.
Francamente, não costumo me envolver muito com este assunto. Mas como as eleições estão aí, o tema fica meio à baila.
Falar sobre processo eleitoral desdobra-se sobre vários aspectos. Poderia tecer mil comentários, abordar várias facetas. Mas hoje vou discorrer sobre algo que até então não havia refletido muito: o resultado das eleições para vereador.
Fala sério, você alguma vez já se deparou com a listagem final que contém esses resultados? Eu já, mais de uma vez. Mas foi somente agora que atentei: além dos mais votados, há uma infinidade de candidatos que recebem pequena quantidade de votos, às vezes menos que 100.
Vendo os eleitos, com mais de 2 mil votos, pergunto quantos de seus eleitores realmente sabiam em quem votavam. Quantos conhecem o candidato ou seus projetos para a cidade. Quantos votaram por acreditar nas ideologias defendidas por seus eleitos. 
Sinceramente não sei estimar quantos. 
Tive a chance de entrevistar eleitores e questioná-los sobre as razões que são determinantes na escolha do candidato. Ouvi algumas respostas inimagináveis: 
  • Gente que vota só em quem está em primeiro lugar nas pesquisas porque o candidato será vencedor; 
  • Quem só vota em rico; 
  • Gente que vota naquele que distribui peixe na Semana Santa e frango no Natal; 
  • Quem trocou o voto por saco de cimento ou telhas de eternit;
  • Gente que nem sabia em quem votar e pegou um "santinho" qualquer na porta do local de votação;
  • Quem sempre vota no mesmo candidato;
  • E ainda há quem só vote em “Doutor”.

É justamente aqui que retomo a questão dos candidatos menos votados.
Quem vota nesses candidatos geralmente tem motivos muito palpáveis: conhecem bem o candidato, já conversaram sobre projetos e planos de trabalho. São eleitores mais próximos, que realmente acreditam em seus escolhidos.
Todos deveriam ser assim.
Democracia é para todos.
A política deveria aproximar o povo e os governantes, estabelecer uma relação co-participativa que direcionasse os interesses coletivos rumo à concretização próspera e igualitária de uma cidade melhor, um país melhor.
Vamos pensar melhor. 
Nos esforçarmos para criar uma nova consciência coletiva de responsabilidade social.
Sim, saber escolher nossos representantes é o primeiro passo para a estruturação de um futuro realmente democrático e livre de desigualdades.
Pare e pense: será que você realmente conhece o vereador em quem votou? 
Ou será que está esperando o peixe e o frango?
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domingo, 28 de setembro de 2008

Fashion, Eu?


"A moda, afinal, não passa de uma epidemia induzida."
George Bernard Shaw

Bom. Bom. Bom. Teminha mais polêmico esse: MODA.
Estar na moda é a principal preocupação de muita gente. Digo muita gente porquê há muito tempo moda já deixou de ser coisa só de mulher. Homem também tem que estar “in”.
A sociedade moderna impele cada vez mais o individuo à massificação seriada. Transformar tudo num único padrão é um paradigma moderno com raízes bem profundas que, remetem, talvez, à antiguidade clássica, à organização sistematizada dos Exércitos Romanos.
Hoje somos todos repetição de outras épocas.
Mas deixando de lado este aspecto, ainda há outro mais relevante.
Vestir sempre foi uma opção pessoal. Sua indumentária reflete seu lado personalístico. A roupa também é um código, uma mensagem. Basta saber interpretar.
Não tenho profundos conhecimentos sobre história da
moda, mas pretendo “levantar uma lebre”: por que hoje a moda (alta costura) transformou a mulher em algo tão andrógeno, à margem do feio?
Assisto filmes clássicos e vejo atrizes como Rita Hayworth, Audrey Hepburn, Marilyn Monroe, Bette Davis, Elizabeth Taylor vestidas em modelos Chanel, Dior...que favorecem a elegância e leveza do lado feminino, tornando a mulher uma fêmea, em essência e corpo. Não expõem seios ou bundas, não misturam cores estranhas, não utilizam matéria prima esdrúxula. Apenas evidenciam a mulher.
Isso é moda.
Isso é um paradigma passível de reprodução. Não a modelo esquálida, entupida de maquiagem pesada, envergando um vestido que mais parece ter saído de uma máquina de picotar papel.
Observando isso, passei a me questionar quando algo visívelmente tão belo deixou de ser padrão para tornar-se caricatura. Mas, foi uma observação de minha avó que me acendeu a luz no fim do túnel. Segundo a filosofia dela, que também fiz minha, a moda mudou quando deixou de ser feita “de mulher para mulher”.
Quando os homens entraram no mercado da moda, a mulher passou a ter outro tipo de imagem. Raros foram os estilistas que atrelaram seu trabalho àquele padrão anterior. Na busca por um novo modelo, perderam de vista as formas classicamente femininas, transformando as mulheres em qualquer outra coisa, menos no que podemos chamar de “MULHER”.
Deus do Céu, quem teria coragem de sair na rua ou ir trabalhar vestida numa roupa que mais se parece com a cúpula de um abajour ou um trevo de 4 folhas? Um horror!
Estar na moda não é tornar-se cego, aceitando o mal gosto e tendências duvidosas como um pressuposto para que seja aceito em determinado grupo social.
Estar na moda é, antes de tudo, estar bem consigo, definir sua personalidade, expor seus pontos de vista e crenças.
Quem realmente “está na moda” nunca será “Maria vai com as outras”.
E você, está na moda ou com as “outras”?
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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O relógio e a bota 7/8


Sabe, algumas vezes uma caneta e uma folha de papel são os melhores amigos que podemos ter. Digo isto porque deles não precisamos ter vergonha ou esconder nossos mais secretos sentimentos. Minha mente flui através das palavras num vai e vem constante e evolutivo. Mil e uma lembranças, mil momentos, mil coisas feitas e outras tantas por fazer, mil mágoas, mil alegrias. Tudo guardado dentro do peito. Coisas que sufocam, coisas que libertam.
Sentir-se em paz é complicado. O ser humano é bélico por natureza. Luta até contra si próprio. Contradiz o que sua própria boca pronuncia. É vão, insípido, translúcido.
Sempre nos preocupamos ou valorizamos coisas diferentes. Afinal nenhuma essência é igual. Pode se dizer que somos como perfumes: todos compostos por diferentes notas.
Então como poderíamos pensar igual?
Uma mesma coisa pode ter vários significados; depende apenas do ponto de vista de quem a está analisando. Daí surgem divergências funestas, abismos colossais. O que para mim é essencial, para você pode ser desnecessário. Tudo depende da sua visão de mundo, suas crenças pessoais.
É muito difícil não projetarmos no outro o que realmente pensamos. Não raro compramos um presente para um amigo imaginando ser do seu agrado, quando na verdade estamos apenas escolhendo baseado no que nós próprios gostaríamos de ganhar.
Alguns podem chamar de narcisismo; outros de egoísmo. Mas eu discordo. Não se trata nem de uma coisa, nem outra. Simplesmente nos preocupamos tanto em agradar àqueles com os quais nos identificamos que julgamos ser do seu gosto algo que seria do nosso. Mas isso não ameniza a frustração de ganhar um relógio de parede ao invés de uma bota 7/8. Apenas torna a coisa mais clara, coloca em perspectiva.
Somos diferentes porque precisamos ser diferentes. É a pluralidade que traz a evolução. As diferenças somam, acrescentam, enriquecem.
Saber conviver em equilíbrio é a verdadeira arte, o verdadeiro desafio.
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terça-feira, 16 de setembro de 2008

Eu e Anais



"Quando ele está sentado ali, sinto que posso ver sua mente como posso ver seu corpo, e ela é cheia de labirintos, fértil e suscetível. Fico carregada de adoração por tudo que sua cabeça contém e pelos impulsos que sopram em rajadas."
Anais Nin em Henry & June


Um dia Anais Nin surgiu em minha vida.
Sei exatamente como. Sou fã da série de Tv “The OC” e, ao assistir a 4ª Temporada, comecei a reparar em como o nome da escritora aparecia sempre citado pela personagem Taylor.
Fiquei curiosa e resolvi ler Anais. Encantei-me. Seus textos são tão reais que sentimos seus dilemas e sofrimentos como se fossem os nossos.
Primeiro veio “Henry e June”. Uma busca de identidade cheia de percalços e fantasias. Uma intrincada teia de emoções.
Depois foi a vez de “Pequenos Pássaros”, que através de suas curtas narrativas, mostrava os mais recontidos desejos da alma humana.
Então cheguei ao “Delta de Vênus”. Realmente algo diferente. Imagino como deve ter sido complicado naquela época escrever e publicar algo desse tipo. Uma coisa muito audaz, afinal sexo sempre foi um tabu social.
È uma pena que apenas uma pequena parte de sua obra tenha sido traduzida para o português.
Lembro-me de que ao comprar o primeiro livro, senti-me incomodada com o fato de estar escrito na capa: “Histórias Eróticas”. Achei pejorativo. Algo que não combinou com o teor do conteúdo. Isso porquê é muito comum associar erotismo com coisas de baixo nível.
Os livros de Anais não falam somente de sexo e fantasias. Eles trazem dilemas psicológicos aprofundados. Exteriorizam uma gama infinita de possibilidades cotidianas. Coisas as quais não paramos para mensurar ou questionar.
Portanto, ao ter em mãos um livro de Anais Nin, não o julgue pela capa. Deixe a mente fluir em suas linhas. Tente pensar como ela pensava, naqueles tempos. Assim terá uma surpresa.
Talvez, nas palavras de Anais, você encontre mais verdade do que no maior best seller de auto-ajuda que você já leu.
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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Chacal




“Morro de amor
e mordo diamante
Dos cacos dos meus dentes sangrando
Faço um cordão pra enfeitar a sua fantasia.”

Poema Latas Vazias by Chacal



Quando li estes versos pela primeira vez vislumbrei um amor de possibilidades infinitas, um amor sem limites.
Foi tão realista e ao mesmo tempo tão visionário que fiquei confusa.
Será mesmo que alguém faria o que Chacal propunha?
Um amor como este permeia o sonho de muita gente nesse mundo, quiçá em outro.
Pois bem, posso me considerar felizarda. Encontrei um amor, de alma grande e coração puro. Um amor valente, forte e audaz. Um amor realmente capaz.
Como fiz isto? Até hoje não entendo bem. Apareceu do nada, por nada, num dia de inverno. Esquentou meus momentos, me fez rir e flutuar.
Privilégio? Sim!
Afinal já tenho todas as fantasias enfeitadas por cordões.
E você, vai esperar que seus dentes caiam por medo do mundo?
Não, não deixe que isso aconteça.
Procure seu amor. Quem sabe ele/ela não está ao seu lado e você ainda nem se deu conta.
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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O lado Negro da Força



Assistência Social. Muita gente realmente desconhece a profundidade do significado destas palavras.
No Brasil, quando se fala sobre este assunto, lembra-se logo de programas sociais de assistência como o Bolsa Escola e o Bolsa Família. Mas estes não são nem de perto a totalidade da abrangência do termo Assistência Social. São apenas a ponta do iceberg. A parte bonita da coisa. Sim, porque não estamos falando de “Guerra nas Estrelas”, mas aqui também existe um lado negro da coisa.
A grande maioria dos brasileiros desconhece o fato de que existem em cada município do país, um Conselho Municipal de Assistência Social. Qualquer cidadão pode ser membro, desde que seja eleito para o cargo de Conselheiro.
Pois bem, tais Conselhos tem como proposta ajudar a fiscalizar as finanças públicas destinadas a esta área, formular políticas para melhoria do emprego dos recursos, sugerir projetos de lei para avanço nas questões de desigualdade sociais, discriminação e miséria.
Uma nobre causa. Algo realmente altruísta e humanitário, sem remuneração financeira. Um ideal enaltecedor, não fosse o dedo pobre do homem ambicioso e sedento de poder.
O que vou relatar agora é fato. Fui participar de um Congresso, de um desses Conselhos de assistência Social. Não direi onde e depois vocês entenderão porquê.
O evento aconteceu o dia todo, tendo a parte da manhã sido destinada às palestras. Tudo envolvendo temáticas ligadas à melhoria da qualidade de vida dos deficientes. Tudo Ok. Durante à tarde, ocorreram os trabalhos em grupo e, posteriormente, a apresentação de propostas. A plenária escolhia as mais interessantes, que constariam de um texto final a ser apresentado em um outro Congresso, e depois encaminhado às autoridades competentes. Haviam representantes de todos os segmentos: sociais, governamentais e privados.
As propostas se sucederam em uma velocidade absurda, com explicações superficiais e raramente contestadas.
A coisa ia assim, até que se tocou na questão do Transporte. Houve uma rebelião. Não sei se o leitor já ouviu falar de um sistema de transporte chamado “Transporte Cidadão”. Bem, se não ouviu, explico: é uma espécie de Cala Boca, oferecido por empresas de transporte coletivo urbano. Elas disponibilizam uns poucos veículos adaptados para deficientes, que transportam, gratuitamente, os que necessitam de atendimento médico hospitalar. Assim parece até bom. Mas porque disse que era um Cala Boca? Porque assim os empresários não adequam o restante de sua frota de veículos às necessidades de quem é especial. Poupam dinheiro e obrigam os deficientes à humilhante condição de quem “mendiga”, desconsiderando o direito constituído por lei, que todo brasileiro tem de ir e vir.
Voltando à rebelião. Sugeriu-se que fosse extinta a necessidade de agendamento prévio (sim, porque ainda tem isso) para a utilização do serviço. A plenária confabulava, quando uma representante da empresa de ônibus manifestou-se e soltou a seguinte máxima: “Assim não dá, as pessoas são irresponsáveis. Vai virar uma bagunça. Brasileiro não sabe ser organizado”. Agora pasmem: a mulher era deficiente física, paraplégica! Dá pra acreditar? Fiquei tentada a perguntar se o nome dela era Joaquina Silvério dos Reis, pois qualquer semelhança com o traidor de Tiradentes não seria mera coincidência.
Bom, não sei de que brasileiro ela estava falando. Devia ser ela mesma. Pois nada é mais ilógico do que uma pessoa que faz fisioterapia todos os dias, precise ligar diariamente para marcar o lugar no ônibus. Isso é incoerência.
A coisa não parou por aí. Eis que surge o herói. Um velhinho, deficiente físico, levanta-se e grita: “Peraí. Não tem nada de ligar não. Isso é besteira. Tem sim que adaptar todos os ônibus à realidade de quem é deficiente”. Aí o burburinho se instalou. A mesa não sabia o que determinar. É aí que se vê a vilania humana: para não ir de encontro à posição da empresa, o relator da mesa determinou que constasse no relatório final apenas sugestão do aumento da frota adaptada. Nenhuma menção ao “Transporte Cidadão”.
Comecei a estranhar mais ainda a velocidade como as questões eram apresentadas e votadas. Então entendi o porquê: eles queriam chegar logo à parte da eleição do Conselho.
Terminada a votação das propostas, veio o pulo do gato: o relator da mesa anunciou que havia um lanche disponível para os participantes, servido no salão aos fundos do auditório. Nem precisa dizer que a multidão debandou para a Boca Livre.
Então chegou a hora da cartada final: com muito menos de 1/5 deu-se início à votação. Imaginem que dos que ficaram mais da metade era candidato. Imaginem ainda que os que ficaram para votar foram surpreendidos com a notícia de que os próprios candidatos escolheriam entre eles quem seria eleito. Nunca vi uma coisa tão surreal. Nesse ponto me perguntei: “Onde ficou a democracia depois de oferecido o pão e o circo?”
Em que acabou? Vocês nem vão acreditar. De todos os candidatos (que eram 31), apenas um não foi eleito. Agora sabem por quê? Haviam 30 vagas, e se tirou no papelzinho quem seriam o único a não entrar para o Conselho.
Mas você deve estar queimando os neurônios para entender porquê tantos queriam os cargos de conselheiro, se não são remunerados. A resposta é simples: poder de influência. Imagine fiscalizar as finanças públicas de uma área como Assistência Social? Imagine que teria o poder de denunciar qualquer ato de corrupção. Daí você já entendeu onde isso pode chegar. Tudo leva ao mesmo ponto convergente: a ambição humana.
Não estou querendo dizer que todos os participantes se deixarão levar pelo lado negro da força. Mas o que se esperar depois de tudo isso?
Muita coisa. Há aqueles que lutam em prol de seus ideais e convicções altruísta. Suas vozes não poderão alcançar o necessário enquanto a ambição sobrepujar a nobreza humanitária. Eu estarei lá quando este dia chegar, e verei direitos serem distribuídos ao invés de pão; e debates aprofundados e eleições verdadeiras, invés de circo.
E você, onde estará?
Assistência Social, a ponta do Iceberg.
Agora você já sabe porquê não posso dizer onde isso aconteceu. É vergonhoso demais.
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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Priscila no Brasil

Paradas Gays.
Há muito quero escrever sobre este tema, mas ao mesmo tempo evito.

É um tema polêmico e um tanto quanto delicado. Nos dias de hoje, basta qualquer palavrinha errada para sermos logo taxados de “Homofóbicos”.
Não quero, de maneira nenhuma, desmerecer ninguém por sua orientação sexual. Com quem nos relacionamos é algo pessoal, íntimo de cada um. O livre arbítrio está aí para isso mesmo.
O que quero debater é sobre a real necessidade das Paradas Gays. Como evento festivo, são, sem sombra de dúvida, muito alegres e contagiantes. Mas, ao olhar de fora , sempre me questionei sobre sua real funcionalidade.
Distribuir camisinhas, cartilhas e panfletos. Orientar, informar, educar, prevenir, realizar exames rápidos. Com certeza nobres objetivos.
Mas será mesmo necessário realizar um outro carnaval para fazer isso?

Bom, não sei se sabem, mas o Governo Brasileiro é o principal patrocinador das Paradas Gays. Existem verbas específicas para isso. Para se ter idéia, apenas a Parada Gay de São Paulo Edição 2008 recebeu R$ 920 mil reais dos cofres públicos do município e da federação, além de receber incentivos financeiros de estatais como a Caixa Econômica Federal e a Petrobrás.
Além disso, o número de paradas gays está aumentando a cada ano no Brasil tendo ultrapassado a marca das 100 em 2006. Hoje, nós somos o país com o maior número de paradas gays do mundo!
Agora pergunto: Se falta dinheiro para tantas coisas como escolas, remédios, policiamento, hospitais, habitação, saneamento básico, de que maneira podemos gastar milhões e milhões de reais com uma festa ?
Isso não faz sentido!

Concordo que os gays sofrem preconceito e discriminação. As paradas vieram com o intuito de exacerbar o orgulho gay, defendendo os direitos de uma minoria, até então reprimida, e colocada à margem da sociedade.
Conseguiram. Mas agora chegou a hora de acontecerem, única e exclusivamente, com o patrocínio da iniciativa privada.

Foi muito justo o governo dar o primeiro impulso para que esses movimentos acontecessem mas, chega de empregar recursos públicos nisso.
A verba pública que é oriunda do pagamento de impostos do trabalhador deve ser destinada para o bem comum, como a construção de escolas, de unidades de saúde e saneamento básico, tudo mais que atinja a coletividade, o maior número de pessoas possíveis. Em momento algum, independentemente de seu credo ou orientação sexual, devemos esquecer disso.


  • Quantas escolas se fariam ou reformariam com o dinheiro destinado às paradas gays?
  • Quantos hospitais e postos de saúde?
  • Quantas crianças poderíamos alimentar?
  • Quantas casas populares poderíamos erguer?
  • Quantas redes de saneamento básico poderíamos ampliar?
  • Quantos medicamentos e vacinas poderiam ser disponibilizados às pessoas de baixa renda?

Ser gay não é, nem nunca será prerrogativa para ser menos capaz.
Mas ser analfabeto ou subnutrido, sim!

Então o que vale mais:
O trio elétrico tocando “I Will Survive” ou a criança que passa fome no Nordeste?
Falta colocarmos os pesos e as medidas.
Até que ponto é justa a atual equação:

Liberdade Sexual + Direitos Iguais = Financiamento Público?

Fica a indagação!




"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir."

George Orwell - Escritor

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sábado, 23 de agosto de 2008

Devoradora de Livros





Ler. Como isso aconteceu em minha vida? Impressionante, mas só tomei gosto pela leitura aos 15 anos. E, por mais piegas que possa parecer, pelas linhas de Paulo Coelho. Dá pra acreditar? O cara deve ser mesmo meio bruxo, pois me enfeitiçou com “BRIDA”, caído em minhas mãos por intermédio de um presente de amigo secreto, oferecido pelo meu então professor de Física. Um acontecimento verdadeiramente surreal. (Se vocês conhecessem o meu professor entenderiam melhor...).
Bem, “BRIDA” me abriu caminho para “O ALQUIMISTA” “DIÁRIO DE UM MAGO” E O “DOM SUPREMO”. Mas não morreu por aí.
Algo em mim desencadeou uma verdadeira reação em cadeia, o pior, ocorrendo em plena adolescência.
Como toda iniciante, tive medo no começo, de aventurar-me por mares desconhecidos. Acorrentava-me ao estilo já familiar. Mas a curiosidade venceu a teimosia quando “O PROFETA” de Gibran Khalil, caiu em minhas mãos. Compartilhei as doces palavras do profeta com quantas amigas pude lembrar; e não saciada, encontrei-me devorando “UMA LÁGRIMA E UM SORRISO”.
Comecei a desenvolver uma fé particular em minhas próprias intuições literárias. Não me deixava levar por críticas ou listas best sellers.
Naqueles tempos a escola nos obrigava a ler quatro livros por ano. Alguns bem insípidos outros até gostosos. Mas geralmente não saiam do binômio nota-obrigação.
Então aos 16 anos tive a chance de ter uma professora de Literatura Maravilhosa: Silvinha. Uma pessoa ímpar. Através dela conheci os diversos movimentos literários, suas características e seus expoentes mais relevantes. Encantei-me por Alvares de Azevedo e Manoel Antônio de Almeida. “O CORTIÇO” e “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MÍLICIAS”. Daí para Machado de Assis foi um pulo. Amei Capitu e Bentinho desde a primeira linha. E não me esqueço do trecho: “(...) olhos de cigana oblíqua e dissimulada. (...)” Adorei a maestria e sinergia entre as palavras de Machado. Depois seguiu-se um desfile de clássicos: “SENHORA”, “A MORENINHA”, “IRACEMA”, “CLARA DOS ANJOS”, “O ATENEU”, “INÔCENCIA”, “O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA”, “QUINCAS BORBA”...Pronto, tornei uma leitora voraz.
A fome de leitura que assomou meu espírito não arrefeceu. Apaixonei-me pelos livros. Uma paixão de total simbiose. Uma interligação capaz de anular meu próprio eu.
Quando leio, o universo ao meu redor se dissolve, torno-me personagem do livro que tenho em mãos. Mergulho em outro mundo, sinto outras dores, tenho outros sonhos. Tudo se transforma, como se o tempo não tivesse passado.
Tateando neste novo mundo, encontrei Sidney Sheldon e Danielle Steel. Sim, tenho que falar deles, não tenho vergonha, como alguns amigos encabulados costumam ter. Encantei-me por “SE HOUVER AMANHÔ e “O ANEL DE NOIVADO”.
Alcei vôos mais ousados.
Degladiei-me com “A PESTE” de Albert Camus.
Enlouqueci com a “OBRA COMPLETA” de Campos de Carvalho (realmente deu um nó na minha cabeça, que o diga a “CHUVA IMÓVEL”).
Encontrei-me na menininha que comia chocolates em “TABACARIA”, de Fernando Pessoa.
Assustei-me com o realismo contundente e visceral de James Ellroy em “LOS ANGELES CIDADE PROIBIDA” e fiquei viciada.
Deliciei-me com o “DELTA DE VÊNUS”, de Anais Nin; e vislumbrei os “PEQUENOS PÁSSAROS” num vôo rasante sobre a sensualidade de “HENRY E JUNE”.
Filosofei com os joguinhos de Jostein Gaarder em “O MUNDO DE SOFIA” e “O DIA DO CURINGA”.
Chorei com Nicolas Sparks em “O CADERNO DE NOAH” e “A WALK TO REMEMBER”.
Morri de rir com Marian Keyes em “CASÓRIO”, “FÉRIAS” E “LOS ANGELES”, acabando por me sentir parte da família Walsh.
Descobri outras verdades com Laurence Gardner e “O LEGADO DE MADALENA”.
Viajei no tempo com Marion Zimmer Bradley e “AS BRUMAS DE AVALON” (Li “A GRANDE RAINHA” em um dia).
Tantas histórias. Tantas que nem caberiam aqui.
Aprendi a reconhecer bons leitores, a ouvir opiniões, a fazer uma lista de livros que tem que ser lidos.
Não sei como me classificar, pois sempre quis ser uma leitora livre. E é o que sou. Odeio rótulos.
Bom pra mim, um pesadelo para a moça da biblioteca particular da qual sou sócia. Segundo ela, sou uma caixinha de surpresas. Alguém que lê “LABIRINTO” de Kate Mose em 2 dias e para rebater emenda “SANGUE NA LUA” de James Ellroy na sobremesa. Bom, melhor definição pra mim? Não há.
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ônibus 132




Não posso sempre estar contando histórias dos outros. Então hoje, o foco sou eu, estarei no alvo dos holofotes...ahahahaha
Havia ido a um evento no Hotel Glória no Rio de Janeiro. Eu e Rogério resolvemos andar até a Praia de Botafogo e lá tomamos um ônibus. Era um 132, Leblon, estava praticamente vazio, com exceção das quatro moças sentadas no fundo, tagarelando animadamente.
Assim que entramos, o ônibus seguiu, e o motorista nos perguntou:” Vocês sabem o trajeto dessa linha?”
Estranhamos a pergunta. A nossa cara de surpresa deve ter sido muito evidente porquê ele rapidamente completou: “É porque sou novo na linha e não sei o percurso.”
Pronto. E agora? Já vi motorista de táxi que não sabe o percurso. Mas motorista de ônibus é meio surreal. Bom, quando vou ao Rio sempre ando de Metrô. Ônibus é último caso. Eu realmente não estava familiarizada com este trajeto.
Imagina situação! Ensinar o trajeto ! Inacreditável !
Então respondi:”Uma parte eu acho que consigo te ensinar...”
Mas pro meu alívio, dois pontos adiante, entrou um velhinho. Depois de explicarmos a situação, ele declarou que sabia o caminho. Bem, seguimos tranqüilos. Até que...perto do Shopping Rio Sul, um homem, com o filhinho, entrou no ônibus. Não sei porquê, mas o motorista advertiu o novo passageiro sobre nosso dilema. Pronto, acabou-se a paz. O velhinho e o homem começaram uma discussão acalorada sobre a entrada ou não do ônibus na Rua Tonelero, em Copacabana. O ônibus seguia. Quando já estávamos em cima da Praça Cardeal Arco Verde, o motorista, em pânico, perguntou:”Entro ou não entro?” Como ninguém respondeu, ele seguiu. O homem, disseminador da confusão desceu no ponto seguinte e de propósito, orientou o motorista a virar à direita quatro ruas adiante. Um erro tremendo!
O velho então tomou as rédeas da situação e o ônibus seguiu. Mas nosso orientador sênior iria saltar na Praça General Osório, no começo de Ipanema. O motorista desesperou-se. Pediu todas as explicações possíveis antes que o velho saltasse.
A esta altura, para nós não fazia mais diferença o restante do trajeto, pois já estávamos na Rua onde também saltaríamos, quatro pontos adiante.
O motorista continuava inseguro. Então falei:”Vamos saltar na esquina da Rua Aníbal de Mendonça.”
O velho falou:”Pronto. Está ótimo. Depois que eles saltarem, você conta duas ruas e entra à direita, é o Jardim de Alah, que é o ponto final dessa linha.”
O motorista pareceu mais aliviado. O velho saltou, despediu-se. Tudo calmo até que...no ponto seguinte entrou uma mulher com um menino. Ao ouvir nossa conversa com a trocadora, ela logo se intrometeu:” Tá tudo errado. Este ônibus vai até o canal, no final do Leblon.”
Pronto. Um novo caos se instalou.
Todos falando ao mesmo tempo. Bem, acabou que nosso ponto chegou e nós tivemos que descer. O motorista nos deu um último olhar, completamente desamparado.
O fim da história? Não sei.
Mas nunca imaginei ensinar a um motorista o trajeto de uma linha de ônibus, no Rio de Janeiro, ah isso, nunca mesmo.
Ahh...peraí. Depois de tudo, descobri que quem realmente tinha razão era a mulher que entrou por último. Ponto pra ela.
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sábado, 16 de agosto de 2008

Tv Cachorro



Retomarei aqui ao quê já iniciei há algum tempo. O leitor já deve estar familiarizado coma temática aqui apresentada: a hilária aventura da vida.
Pois bem, continuarei a manter o anonimato de minhas personagens. Garanto que minha boca continuará um túmulo....hahahahahahahha.
Então vamos lá.
Uma conhecida tinha um cachorrinho de longa data. Um dia, o bichinho adoeceu e acabou partindo dessa para melhor. Desconsolada, a moça resolveu prestar uma homenagem, um último gesto de afeto, dando ao cãozinho um enterro digno. Arranjou uma colcha de renda, enrolou o bichinho todo. Mas não queria enterrá-lo assim, pois julgava que em um enterro decente tinha que haver um caixão. Pediu ao porteiro do prédio que arrumasse uma caixa. O rapaz então trouxe-lhe a caixa de papelão de sua TV de 14”. Estava ótima. A moça colocou o cachorrinho dentro, lacrou a caixa com fita durex, enfeitou com um belo laço de fita vermelha.
Chamou um táxi e rumou para o Recreio dos Bandeirantes para encontrar-se com uma amiga e juntas finalizarem as horárias fúnebres do canino.
No meio do caminho o motorista do táxi parou o veículo. A moça então perguntou: “ Por que paramos?”
O motorista respondeu:”A corrida acabou.”
A moça, aflita, explicou: “Mas ainda não chegamos ao Recreio.”
O motorista explicou:”Eu sei. Mas para a senhora acabou. Desce e deixa a caixa. Ela fica.”
Espantada, a mulher obedeceu. Não acreditou no que estava acontecendo: estava sendo colocada pra fora do táxi. Obediente, ela saltou, mas não teve chance de explicar o que continha a caixa.
Acho que você já entendeu. O motorista estava assaltando a moça. Achou que a caixa continha uma TV nova, ahahahahah...
Agora imagino a cara dele quando abriu a caixa e encontrou o bichinho morto, enrolado em uma colcha de renda.....ahahahahah
Invés de ladrão de TV acabou por ser larapio de cadáver canino!
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