sábado, 23 de agosto de 2008

Devoradora de Livros





Ler. Como isso aconteceu em minha vida? Impressionante, mas só tomei gosto pela leitura aos 15 anos. E, por mais piegas que possa parecer, pelas linhas de Paulo Coelho. Dá pra acreditar? O cara deve ser mesmo meio bruxo, pois me enfeitiçou com “BRIDA”, caído em minhas mãos por intermédio de um presente de amigo secreto, oferecido pelo meu então professor de Física. Um acontecimento verdadeiramente surreal. (Se vocês conhecessem o meu professor entenderiam melhor...).
Bem, “BRIDA” me abriu caminho para “O ALQUIMISTA” “DIÁRIO DE UM MAGO” E O “DOM SUPREMO”. Mas não morreu por aí.
Algo em mim desencadeou uma verdadeira reação em cadeia, o pior, ocorrendo em plena adolescência.
Como toda iniciante, tive medo no começo, de aventurar-me por mares desconhecidos. Acorrentava-me ao estilo já familiar. Mas a curiosidade venceu a teimosia quando “O PROFETA” de Gibran Khalil, caiu em minhas mãos. Compartilhei as doces palavras do profeta com quantas amigas pude lembrar; e não saciada, encontrei-me devorando “UMA LÁGRIMA E UM SORRISO”.
Comecei a desenvolver uma fé particular em minhas próprias intuições literárias. Não me deixava levar por críticas ou listas best sellers.
Naqueles tempos a escola nos obrigava a ler quatro livros por ano. Alguns bem insípidos outros até gostosos. Mas geralmente não saiam do binômio nota-obrigação.
Então aos 16 anos tive a chance de ter uma professora de Literatura Maravilhosa: Silvinha. Uma pessoa ímpar. Através dela conheci os diversos movimentos literários, suas características e seus expoentes mais relevantes. Encantei-me por Alvares de Azevedo e Manoel Antônio de Almeida. “O CORTIÇO” e “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MÍLICIAS”. Daí para Machado de Assis foi um pulo. Amei Capitu e Bentinho desde a primeira linha. E não me esqueço do trecho: “(...) olhos de cigana oblíqua e dissimulada. (...)” Adorei a maestria e sinergia entre as palavras de Machado. Depois seguiu-se um desfile de clássicos: “SENHORA”, “A MORENINHA”, “IRACEMA”, “CLARA DOS ANJOS”, “O ATENEU”, “INÔCENCIA”, “O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA”, “QUINCAS BORBA”...Pronto, tornei uma leitora voraz.
A fome de leitura que assomou meu espírito não arrefeceu. Apaixonei-me pelos livros. Uma paixão de total simbiose. Uma interligação capaz de anular meu próprio eu.
Quando leio, o universo ao meu redor se dissolve, torno-me personagem do livro que tenho em mãos. Mergulho em outro mundo, sinto outras dores, tenho outros sonhos. Tudo se transforma, como se o tempo não tivesse passado.
Tateando neste novo mundo, encontrei Sidney Sheldon e Danielle Steel. Sim, tenho que falar deles, não tenho vergonha, como alguns amigos encabulados costumam ter. Encantei-me por “SE HOUVER AMANHÔ e “O ANEL DE NOIVADO”.
Alcei vôos mais ousados.
Degladiei-me com “A PESTE” de Albert Camus.
Enlouqueci com a “OBRA COMPLETA” de Campos de Carvalho (realmente deu um nó na minha cabeça, que o diga a “CHUVA IMÓVEL”).
Encontrei-me na menininha que comia chocolates em “TABACARIA”, de Fernando Pessoa.
Assustei-me com o realismo contundente e visceral de James Ellroy em “LOS ANGELES CIDADE PROIBIDA” e fiquei viciada.
Deliciei-me com o “DELTA DE VÊNUS”, de Anais Nin; e vislumbrei os “PEQUENOS PÁSSAROS” num vôo rasante sobre a sensualidade de “HENRY E JUNE”.
Filosofei com os joguinhos de Jostein Gaarder em “O MUNDO DE SOFIA” e “O DIA DO CURINGA”.
Chorei com Nicolas Sparks em “O CADERNO DE NOAH” e “A WALK TO REMEMBER”.
Morri de rir com Marian Keyes em “CASÓRIO”, “FÉRIAS” E “LOS ANGELES”, acabando por me sentir parte da família Walsh.
Descobri outras verdades com Laurence Gardner e “O LEGADO DE MADALENA”.
Viajei no tempo com Marion Zimmer Bradley e “AS BRUMAS DE AVALON” (Li “A GRANDE RAINHA” em um dia).
Tantas histórias. Tantas que nem caberiam aqui.
Aprendi a reconhecer bons leitores, a ouvir opiniões, a fazer uma lista de livros que tem que ser lidos.
Não sei como me classificar, pois sempre quis ser uma leitora livre. E é o que sou. Odeio rótulos.
Bom pra mim, um pesadelo para a moça da biblioteca particular da qual sou sócia. Segundo ela, sou uma caixinha de surpresas. Alguém que lê “LABIRINTO” de Kate Mose em 2 dias e para rebater emenda “SANGUE NA LUA” de James Ellroy na sobremesa. Bom, melhor definição pra mim? Não há.
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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ônibus 132




Não posso sempre estar contando histórias dos outros. Então hoje, o foco sou eu, estarei no alvo dos holofotes...ahahahaha
Havia ido a um evento no Hotel Glória no Rio de Janeiro. Eu e Rogério resolvemos andar até a Praia de Botafogo e lá tomamos um ônibus. Era um 132, Leblon, estava praticamente vazio, com exceção das quatro moças sentadas no fundo, tagarelando animadamente.
Assim que entramos, o ônibus seguiu, e o motorista nos perguntou:” Vocês sabem o trajeto dessa linha?”
Estranhamos a pergunta. A nossa cara de surpresa deve ter sido muito evidente porquê ele rapidamente completou: “É porque sou novo na linha e não sei o percurso.”
Pronto. E agora? Já vi motorista de táxi que não sabe o percurso. Mas motorista de ônibus é meio surreal. Bom, quando vou ao Rio sempre ando de Metrô. Ônibus é último caso. Eu realmente não estava familiarizada com este trajeto.
Imagina situação! Ensinar o trajeto ! Inacreditável !
Então respondi:”Uma parte eu acho que consigo te ensinar...”
Mas pro meu alívio, dois pontos adiante, entrou um velhinho. Depois de explicarmos a situação, ele declarou que sabia o caminho. Bem, seguimos tranqüilos. Até que...perto do Shopping Rio Sul, um homem, com o filhinho, entrou no ônibus. Não sei porquê, mas o motorista advertiu o novo passageiro sobre nosso dilema. Pronto, acabou-se a paz. O velhinho e o homem começaram uma discussão acalorada sobre a entrada ou não do ônibus na Rua Tonelero, em Copacabana. O ônibus seguia. Quando já estávamos em cima da Praça Cardeal Arco Verde, o motorista, em pânico, perguntou:”Entro ou não entro?” Como ninguém respondeu, ele seguiu. O homem, disseminador da confusão desceu no ponto seguinte e de propósito, orientou o motorista a virar à direita quatro ruas adiante. Um erro tremendo!
O velho então tomou as rédeas da situação e o ônibus seguiu. Mas nosso orientador sênior iria saltar na Praça General Osório, no começo de Ipanema. O motorista desesperou-se. Pediu todas as explicações possíveis antes que o velho saltasse.
A esta altura, para nós não fazia mais diferença o restante do trajeto, pois já estávamos na Rua onde também saltaríamos, quatro pontos adiante.
O motorista continuava inseguro. Então falei:”Vamos saltar na esquina da Rua Aníbal de Mendonça.”
O velho falou:”Pronto. Está ótimo. Depois que eles saltarem, você conta duas ruas e entra à direita, é o Jardim de Alah, que é o ponto final dessa linha.”
O motorista pareceu mais aliviado. O velho saltou, despediu-se. Tudo calmo até que...no ponto seguinte entrou uma mulher com um menino. Ao ouvir nossa conversa com a trocadora, ela logo se intrometeu:” Tá tudo errado. Este ônibus vai até o canal, no final do Leblon.”
Pronto. Um novo caos se instalou.
Todos falando ao mesmo tempo. Bem, acabou que nosso ponto chegou e nós tivemos que descer. O motorista nos deu um último olhar, completamente desamparado.
O fim da história? Não sei.
Mas nunca imaginei ensinar a um motorista o trajeto de uma linha de ônibus, no Rio de Janeiro, ah isso, nunca mesmo.
Ahh...peraí. Depois de tudo, descobri que quem realmente tinha razão era a mulher que entrou por último. Ponto pra ela.
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sábado, 16 de agosto de 2008

Tv Cachorro



Retomarei aqui ao quê já iniciei há algum tempo. O leitor já deve estar familiarizado coma temática aqui apresentada: a hilária aventura da vida.
Pois bem, continuarei a manter o anonimato de minhas personagens. Garanto que minha boca continuará um túmulo....hahahahahahahha.
Então vamos lá.
Uma conhecida tinha um cachorrinho de longa data. Um dia, o bichinho adoeceu e acabou partindo dessa para melhor. Desconsolada, a moça resolveu prestar uma homenagem, um último gesto de afeto, dando ao cãozinho um enterro digno. Arranjou uma colcha de renda, enrolou o bichinho todo. Mas não queria enterrá-lo assim, pois julgava que em um enterro decente tinha que haver um caixão. Pediu ao porteiro do prédio que arrumasse uma caixa. O rapaz então trouxe-lhe a caixa de papelão de sua TV de 14”. Estava ótima. A moça colocou o cachorrinho dentro, lacrou a caixa com fita durex, enfeitou com um belo laço de fita vermelha.
Chamou um táxi e rumou para o Recreio dos Bandeirantes para encontrar-se com uma amiga e juntas finalizarem as horárias fúnebres do canino.
No meio do caminho o motorista do táxi parou o veículo. A moça então perguntou: “ Por que paramos?”
O motorista respondeu:”A corrida acabou.”
A moça, aflita, explicou: “Mas ainda não chegamos ao Recreio.”
O motorista explicou:”Eu sei. Mas para a senhora acabou. Desce e deixa a caixa. Ela fica.”
Espantada, a mulher obedeceu. Não acreditou no que estava acontecendo: estava sendo colocada pra fora do táxi. Obediente, ela saltou, mas não teve chance de explicar o que continha a caixa.
Acho que você já entendeu. O motorista estava assaltando a moça. Achou que a caixa continha uma TV nova, ahahahahah...
Agora imagino a cara dele quando abriu a caixa e encontrou o bichinho morto, enrolado em uma colcha de renda.....ahahahahah
Invés de ladrão de TV acabou por ser larapio de cadáver canino!
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sábado, 9 de agosto de 2008

Nuvens no Deserto



“Nessa vida passageira
Eu sou eu, você é você...”
Este primeiro verso da música Flores em Você é um retrato da nossa sociedade moderna. A sociedade do individualismo e da massificação de caráter. Uma sociedade que corre contra o tempo, ensinando as pessoas como o tempo é pecuniariamente valioso e porquê é tão importante não prestar atenção em si e muito menos no outro. É a propagação de uma cultura minimalista que distribui rótulos ao invés de valores, passando para frente a alienante idéia de que quem não é “antenado” é vazio, ignorante ou retardado.
Nunca encontrei uma pessoa oca. Nunca encontrei uma vida sem significado quando se procura realmente o seu significado. Mas afinal, quem realmente se importa em procurar, se dizer que não procuramos é muito mais cômodo e rápido. É esse o perigo de dizer que não procuramos, o pontapé inicial que acaba por culminar na idéia de que a vida não tem qualquer significado. Até mesmo a mais fútil das criaturas têm um sentido na vida. Bem vê, repudiamos tantas coisas, tantas pessoas, tantos lugares, tantas ações. Condenamos e absolvemos até quem nunca esteve embaixo das nossas vistas uma vez sequer.
Tantos de nós repudiam atualmente a filosofia, a religião ou qualquer outro padrão que nos mantinha coesos anteriormente. Repudiamos tudo. Chegamos até a repudiar a terapia da arte, confinando-a e delegando seu real significado a uma elite medíocre e massificadora de opinião.
Por isso não nos restou realmente mais do que olhar para dentro. Os que o fazem descobrem que toda a vida tem significado porque a vida sempre tem significado. Fomos seriamente prejudicados por pessoas que nos disseram o quanto a vida era irracional e que de qualquer modo não significava nada. Mas assim que começamos a olhar, descobrimos o padrão e descobrimos a pessoa. Nunca encontrei aquilo a que se poderia chamar uma pessoa totalmente oca, uma nuvem no deserto. Cada um é ímpar em sua essência, singular no seu íntimo, sozinho ao seu modo.
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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Caixinha de Música




Pegar uma caneta, escrever...
Parece tão simples e tão complexo ao mesmo tempo.
Que tempo?
Será a nossa concepção de tempo correta?
Para onde foram os anos que se passaram?
Talvez estejam guardados dentro de uma caixinha de música.
Talvez, numa hipótese mais remota ainda, estejam aprisionados em um calabouço qualquer, num castelo longínquo.
Não, não, tempo, tempo.
Rosa da lágrima salgada.
Madrugada do sono partido.
Aurora das tardes sem fim.
Quem me dera ser tempo.
Quem me dera não ter idade.
Mas tenho...Tenho tudo.
O que afinal será o tudo?
Nada, nada mais do que o nada.
Então serei nada?
Não, sou algo.
Tenho certeza de que sou.
Melhor dizendo...
Eu estou algo, pois na nossa essência,
Nada somos de verdade.
Apenas estamos alguma coisa,
Em um tempo qualquer,
Seja na caixinha de música
Ou no calabouço do castelo.
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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Rondelli




Calma, calma. Não é uma receita gastronômica....
Olha, viver é sempre uma aventura. Atrapalhar-se, errar, dar mancada...Às vezes é impossível escapar disso. Mas fazer o quê?
Pequenas histórias que nos farão rir ou chorar pelo resto da nossa existência.
Impressionante é que nem sempre procuramos por elas, mas ainda assim, elas surgem.
Num dia de domingo, pela manhã, fui até uma delicatessen no Leblon, comprar Rondelli. Rogério e Diandra junto. Estávamos todos assim meios hippies, com cara de quem tinha acabado de acordar, sem bolsas ou carteiras e os cabelos naturalmente despenteados. Cansados de guerra...ahahahahahah....Rogério de calça de pijama, com o dinheiro no bolso.
Com medo da grana cair, ele andou todo o percurso até lá com a mão enfiada no bolso.
Entramos na pequena lojinha, me dirigi ao balcão para fazer o pedido, enquanto Rogério e Diandra aguardavam sentados numa mesinha bem no fundo.
Notei que o atendente estava um pouco nervoso, mas não imaginei nada demais. Meu cérebro ainda estava meio preguiçoso, meio zen.
O cara estava suando. Chamou a cozinheira e juntos prepararam o pedido. Ao final, ele me deu a nota com o valor a pagar.
Então chamei Rogério. Neste momento, notei os olhos arregalados do atendente e da cozinheira, grudados em Rogério, num estilo filme de terror quando o monstro se prepara pra atacar a vítima indefesa.
Só aí eu percebi: elas achavam que éramos assaltantes. Dá pra acreditar?
Quando Rogério enfiou a mão no bolso, eles ficaram a beira de um enfarte. Mas quando vislumbraram a nota de R$ 50,00 que saia do bolso da calça, soltaram um profundo suspiro aliviado. Uffffffffffaaaaaaaa.......
E caímos todos na gargalhada.
Que situação.
È assim mesmo.
Você pega um ônibus e solta no lugar errado. Ou pior, pega o ônibus errado e vai parar em qualquer outro lugar, menos naquele que gostaria de ir. Eu mesma pretendia ir ao Shopping Rio Sul e acabei indo parar na Rocinha!!!
Fazer o quê? Peguei o ônibus certo, mas do lado errado da rua.
Assim é a vida.
Às vezes pensamos estar tomando a atitude certa, mas não paramos para analisar se estamos do lado certo da rua.
Você já pensou de que lado está?
Eu já.
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Verbo






Amar
Falar
Pedir
Correr
Rezar
Cantar
Suar
Gostar
Querer
Fazer
Ganhar
Ter
Perder
Sorrir
Chorar
Deitar
Cair
Esperar
Desejar
Encantar
Dizer
Pintar
Olhar
Comer
Trabalhar
Pensar
Sonhar
Morrer...

VIVER
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