quinta-feira, 23 de julho de 2009

Imprensa Feminina

Ao abrirmos uma revista feminina como “Nova”, “Cláudia”, “Criativa”, não vislumbramos nada além do nosso interesse por uma informação especifica. Hoje os veículos impressos direcionados ao público feminino, são editados e escritos por mulheres. Uma coisa de mulher para mulher (com raríssimas exceções).
Nem sempre foi assim. Relegadas a outro plano a mulher dos séculos passados tinha sua “voz” literária reprimida.
Nos séculos XVI e XVII, poucas mulheres eram alfabetizadas, por conseguinte, poucas escreviam. Antes da metade do século XIX, apenas uma mulher publicou seus escritos, seus versos: Ângela do Amaral Rangel. Cega desde que nasceu, Ângela participou da Academia dos Seletos, escrevendo romances e sonetos.

Apesar disso poucos sabem que o primeiro romance escrito por um brasileiro nato foi de autoria de uma mulher: Teresa Margarida da Silva Orta. Como título de “Aventuras de Diofones”, o livro foi publicado em 1752.
No caso dos veículo de comunicação a história não foi diferente. A mulher daquela época lia apenas periódicos escritos por homens, que julgavam saber quais eram os interesses e gostos femininos. Isso mesmo! Eles ditavam o que deveria interessar às mulheres.
Foi no século XIX que a imprensa feminina passa a ter um papel relevante. Isso foi conseqüência da circulação de diversos periódicos.
Estes jornais e revistas tinham como norte a educação da mulher. Neles era comum encontrarmos dicas de higiene, comportamento e decoração. Mesmo dotados de uma conotação um tanto quanto machista, são estes periódicos que abrem espaço para as manifestações literárias femininas.
Com nomes curiosos como: “Jornal das Senhoras”, “Direito das Damas” e “O quinze de novembro feminino”, a imprensa dedicada à mulher mostrava o quanto ela estava segregada da realidade.
Não havia se pensado em uma imprensa masculina porquê toda ela era feita pelo homem e para o homem.
Poderia falar de qualquer veículo feminino. Mas nenhum deles foi tão importante quanto a revista “A Mensageira”. Circulando em São Paulo, entre 1897 e 1900, a revista trouxe à tona as relações da mulher oitocentista com as ideologias do nacionalismo imperante em sua época.
Em um primeiro momento, “A Mensageira” foi um veículo de divulgação da literatura. Depois passou a ser dedicada à mulher. Estabeleceu-se um vínculo tão recíproco entre as leitoras e o periódico que as mulheres passaram a relatar suas vidas, pedir conselhos, colaborar com textos. Em contrapartida, a revista publicava seus escritos, sob pseudônimos.
Não raros eram os artigos, crônicas e textos que expressavam paradoxalmente pontos de vista distintos sobre o papel da mulher na sociedade da época. Isso porém não desmerece a revista, apenas enriquece a exposição do delicado problema de formação do eu feminino, tendo em vista as expectativas sociais inerentes àquele período.
Várias poetisas brasileiras colaboravam com a revista, entre elas Amélia de Oliveira, Auta de Souza, Georgina Teixeira, Júlia Cortines e Narcisa Amália. Tal qual musas mitológicas, elas presenteavam suas leitoras com pérolas como esta:

“Quando intento livrar-me no espaço,
As rajadas em tétrico abraço
Me arremessam a frase – Mulher!”
Narcisa Amália

Daquela época até os dias atuais, um longo caminho foi percorrido. Tornar explícita, clara e contundente a “fala feminina” foi um verdadeiro desafio. Porém, o mais desafiador é permanecer nesta caminhada, sempre lutando para sermos ouvidas.
Lembrando sempre que para isso não é necessário nos tornarmos o “masculino”. Devemos continuar sendo plenas em nossa essência, em nossa feminilidade.
A grande batalha, por fim consiste em sermos nós mesmas, e que nossa “fala” nunca deverá tornar-se a “fala” oculta, a “fala” a menos.

24 comentários:

Júlia Mello disse...

Ainda acho que a imprensa feminina de hoje é muito machista. Folheando essas revistas (e olha que recebo uma em casa), tudo o que vejo são matérias que confirmam a futilidade que eles querem imprimir às mulheres... a mesma coisa com as revistas masculinas, como VIP e Playboy. Corroboram a imbecilidade.
E sabendo um pouco mais sobre a história da imprensa feminina, que teve seus ótimos momentos, fico pensando... as mulheres da imprensa têm tanto poder na mão, e no entando não querem (ou não sabem, ou não podem) usá-lo!

X disse...

Saudades de passar por aqui!!
Adorei ler essa postagem, como sempre
bastante informativa!!
bjus

X disse...

hehehe
adorei a indicação
da postagem do Little Kongs!!
Nossa eu no lugar daquela garota tbm pagaria um mico, nem lembro mais da cara do Beto Barbosa!!!
HAHAHAHAHA
Ah, o mico do cara do cachorro, nooosa!! Coitado!!HAHAHAHA
muito boa essa postagem!!!!
Adoro indicações!!
bjus

Unknown disse...

oi querida,

to seguindo e indicando o blog hheheheh. Só me add no skype: xandybritto

Bjokas!

XB

Anônimo disse...

Seu artigo ficou muito bom e informativo, eu não sabia que o primeiro livro havia sido escrito por uma mulher.
Agradeço sua visita e comentário no meu blog.

Rosemary Q.(Miguxa) disse...

Barbara,suas ideias são ótimas...e seu blog é lindo...educativo...informstivo...delicioso.Parabéns!
Sucesso!!

Obrigada pela visita e pelo comentário.

Manteremos contato.OK?

Beijos

Z.A. Feitosa disse...

Bárbara, obrigado muito pela visita e, sobretudo, pelas atenciosas palavras a mim dirigidas. Registro neste comentário que estive a saborear suas idéias e, por suposto, eu me encantei do conteúdo, assim como do bom gosto, que enriquece sua página. Estou, desde então, entre os antenados do seu blog para não perder o contato com as boas IDÉIAS DE BÁRBARA. Que os Orixás de minha fé bendigam você e sua família. Força e luz.

João Alberto disse...

Olá Barbara,
Passei aqui para agradecer a visita e comentário em meu Blog e também conhecer as idéias de Bárbara, e olha que me tornei seu fã. Vou reconmendar aos amigos e voltar sempre aqui.
Grande abraço.

Bibi, pode ser? disse...

Excelente leitura! Minha grande preocupação, como alguém citou lá em cima, é o que as mulheres fazem com o poder que tem? Infelizmente, a imprensa direcionada ao público feminino nos coloca numa posição de futilidade muito grande. Leituras que recomendo: Piauí, Caros Amigos e Trip. Gosto das três, uma para cada momento.

Tainã Steinmetz disse...

Obrigada pela visita!

Seu blog é lindo *-* tanto em conteúdo como no layout.

Quanto ao post, eu concordo integralmente com o 1º comentário, de Júlia M.

Bjoo

disse...

Adorei o site! Voltarei com certeza :)
beijos,

(www.lespetitsluxes.blogspot.com)

Andreza Canto disse...

Querida adorei o seu post, muito informativo..
e muito obrigando pelo comentario no meu blog, vou colocar o seu nos meus favoritos...
beijoss

Fabrícia disse...

Muito fofo seu cantinho ...
Obrigada pelo carinho.
Beijos.

Unknown disse...

Bárbara, adorei seu blog...Vc escreve muito bem...Parabéns!!!

Marco Antônio disse...

Cool!
Só isso diz tudo.

Vinicius disse...

Oi.

"- Eu apoio as mulheres; poucos sabem, por exemplo, que a primeira piada no mundo foi de cunho feminino e na antiga Grécia. Ou seja, o senso de humor é nato da mulher, invenção feminina.” Abraço.

R.Vinicius

Cynthia Saccoman disse...

Retribuindo a visitinha!
Adorei o seu texto e o seu blog.
Vou te seguir, depois passa lá para conhecer meus outros blogs.
beijos

Blog Dri Viaro disse...

não era muito facil ser mulher antigamente né
bjsss

Nazare Varella disse...

Boa noite...Vim visitar seu lindo BLOG ...E posso dizer que ele é o máximo....Beijos...

muito de mim disse...

OI Bárbara.... resolvi retribuir a visita que vc fez ao MUITO DE MIM, e passei aqui pra ver suas idéias. Adorei o blog. Adorei ainda mais descobrir que somos colegas de profissão. Um grande abraço, vou passar aqui mais vezes!

Anônimo disse...

Oi Bárbara, agradeço pelo elogio e pela visita lá no meu blog!
Gostei muito do seu blog também!
Já estou seguindo-o e visitarei-o sempre que puder.
Tenha um ótimo domingo.
Beijos,

Luciano

Moisés Prado disse...

Parabens! belo texto e muita informaçao para todos nos!...

Gostei muito de como vc terminou o texto, onde diz q a mulher nao deve tornar "masculino". Esse é o ponto, o ideal da "igualdade" é sermos iguais mas respeitando as diferenças. Afinal tudo q é bom, é peculiar!!

mfc disse...

Tem sido uma luta persistente com inúmeras vitórias, mas ainda muito há que fazer.

Giovana Vincenzi disse...

Maravilha de texto, moça! :o)

Isso é que é imprensa feminina com conteúdo!

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