terça-feira, 11 de setembro de 2012

O primeiro século do resto de nossas vidas

Entre os anos 60 e 70 do século passado, a revolução sexual transgrediu costumes, deslocou pudores e desnudou conceitos. A pílula anticoncepcional surge com eloquente subsídio.

Nos anos 80 e 90, com o surto da AIDS, a revolução deu uma freada. O medo do desconhecido transformou a desabalada revolução em praticamente celibato forçado.


De certa forma, tornou o ser humano mais careta do que antes. Mas como veremos logo adiante, durou pouco...

Sempre houve uma disputa corrente no mundo, entre conservadores e liberais, de tempos em tempos vozes se elevam proclamando slogans e demarcando território. Porém, apesar desse antagonismo, ambos os lados comungam atualmente de uma vertente: estão todos descontentes com as coisas como estão.

Por que será?

Isso mesmo!

Ainda que uns vençam em alguns assuntos, outros vencem em outros.

Não é essa a questão. Sempre será assim.

O que seria então?

O cinema pornográfico atingiu o ápice de consumo. Nunca se vendeu e comercializou tanto esta vertente. Porém apesar de expor o sexo como nunca, continua incapaz de contar uma história.Talvez o X da questão não seja apenas um, mas toda uma conjunção.


Suas produções não passam de ridículos folhetins dantescos. No rastro do cinema pornô vem o cinema tradicional, com suas grandes produções, repletas de efeitos especiais, 3D e animações, explorando cada vez mais a nudez, abrindo espaço para o sexo literalmente explicito, que também acabará concretamente por infiltrar-se nesta modalidade. Aqui e ali, no cinema independente, esta tendência já dá suas caras. Em alguns anos, uma grande estrela de Hollywood vai fazer cenas de sexo, como as mais renomadas estrelas pornôs.

De país em país, a partir da Europa, o casamento entre homossexuais será gradativamente institucionalizado. Canadá, Portugal, Argentina, Espanha, África do Sul, Islândia, Noruega, Suécia... Já começou. Alguns lugares ainda demorarão bem mais para legalizar a prática. Mas em uma ou duas décadas serão minoria, como os países onde mulheres não votam.

Surgiram novos fetiches, novos produtos químicos que resolvem vários problemas e estimulam vocês sabem o que...

O aperfeiçoamento das técnicas de mudança de sexo.
O aborto já é legal nuns cantos, em outros não.

Todas essas novidades já haviam sido previstas de certa forma.

O que não foi mensurado era a proporção de tempo de que necessitaríamos para interagirmos positivamente ou negativamente com tudo isso.

Onde tudo isso nos levaria...

Chegamos a um novo século carregando a mesma pesada bagagem.

Uma mala com cara de nova, mas que sempre contem os mesmos itens, sendo apenas uma variante sobre os mesmos tópicos. Pagando pela alienação sobre aquilo que julgamos ser libertador.

É impossível falar de uma nova era sem delinear quem serão ou já são as pessoas deste novo/velho momento.


Os adolescentes de hoje são convidados a uma maturidade cada vez mais precoce. Eles assumem responsabilidade com relação ao próprio corpo cada vez mais rápido. Estão transando cada vez mais cedo porque o “ficar” é cada vez mais precoce. Não raro encontramos meninas de 14 anos com problemas sexuais que muitas mulheres de 40 anos nunca experienciaram.

Eles não definem muito bem o que é público e privado. No Facebook publicam tudo o que é privado. Mas é engraçado porque alguns deles, quando estabelecem vínculos, mesmo que não com tanta responsabilidade, colocam gigantescos anéis de compromisso, modificam estado civil em perfis sociais e começam a vigiar o Facebook um do outro.

A verdade é que o hedonismo é quem dá as cartas para a juventude deste século. Tudo tem que dar prazer. As regras ainda existem, mas vêm sempre a reboque das sensações, da satisfação estética, do deslumbre com uma novidade, do que pede a epiderme e do que manda a paixão.

Essa turma beija um monte de gente na boca pela farra, sem compromisso. E a promiscuidade passa a ser sinônimo de liberdade.

Especialistas culpam o excesso de estímulos do meio, as redes sociais, a desestruturação familiar... Um verdadeiro turbilhão.

E dentro desse furacão está a turminha dos 15. Muito imatura psicologicamente, mas com um know-how que espanta muito veterano. Uma turma que de acordo com pesquisas recentes se torna cada vez mais adepta da Bissexualidade.

Estamos caminhando para uma sociedade com tendências à androgenia. Homens e mulheres estão perdendo suas características específicas e se transformando em indivíduos sexualmente ambíguos.


Vivemos numa sociedade onde tudo é permitido, e as pessoas não estão sabendo se comportar dentro desse contexto.

Fica então a pergunta: Por que será?



"O teste de moralidade de uma sociedade, é o que ela faz com suas crianças."
Dietrich Bonhoeffer*

* Teólogo, pastor luterano, membro da resistência alemã anti-nazista

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