quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Lutando por Justiça

Esta já era uma tragédia praticamente anunciada: 
Manifestações vão questionar correção da prova de redação do Enem 2012.
Depois do absurdo das questões das provas objetivas do Enem 2012, questionar a redação era fato consumado.
Começando pelo tema: Movimento imigratório para o Brasil no século 21. Vejam bem, século 21! Nada de japoneses, italianos ou outros imigrantes europeus que fundaram colônias e cidades no século passado. Nada de visitar a história da imigração estrangeira. Não, não. Aliás tenho até curiosidade de saber como essa temática foi escolhida pelos elaboradores da prova, tendo em vista a vastidão de temas muito mais coerentes a terem sido abordados: Rio +20, Mensalão, Crise Econômica, Novos rumos do Mercosul, Problemas sociais, aumento dos índices de violência urbana...
Tudo bem em abordar temas atuais, nada mais normal não fosse pelo histórico anterior dos temas cobrados, tais como: Viver e aprender, Cidadania e participação social, O direito de votar, O poder de transformação da leitura, O trabalho na construção da dignidade humana e Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado.
Não foi honesto "puxar o tapete" dos estudantes com uma mudança de foco tão radical. Tá bom, a vida nem sempre é honesta, ou melhor, as pessoas nem sempre são. Mas é chocante ver atitude tão aviltante.
Uma coisa é certa: a sociedade não pode ficar sentada, de braços cruzados, assistindo tudo passivamente e reproduzindo  máximas como: "Isso não me atinge, por que me incomodar?" 
Atinge sim! Ledo engano dos que pensam o contrário. São justamente atitudes como estas  que nos mostram em que tipo de democracia (se é que podemos chamar assim) vivemos.
Ninguém questionou o proselitismo político impregnado nas provas do Enem. 
Ninguém questionou sua elaboração, concepção e aplicação.
Todos o aceitamos como um pacote fechado!
Toma aqui e é isso mesmo.
Sinto-me orgulhosa de ver jovens articulando-se para protestar contra essa barbaridade.
Nesta quarta-feira, milhares de estudantes insatisfeitos com a correção da redação do Enem 2012, ganharam as ruas, realizando uma série de manifestações.
Desde a divulgação das notas na última sexta-feira as queixas se espalham pelas redes sociais, que digam-se passagem tem-se mostrado uma ferramenta fundamental de compartilhamento de informações.
No Facebook, a comunidade "Ação judicial - redação Enem 2012", que já reúne quase 26.000 pessoas, propõe uma agenda de atos públicos que deve ter início hoje às 14h, em 13 capitais, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Fortaleza.
Além das reuniões, os manifestantes preparam um abaixo-assinado virtual para alimentar uma ação judicial pedindo que o Ministério da Educação (MEC) libere o acesso à correção da redação antes do início das inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que começam na próxima segunda-feira. Com a correção em mãos, os estudantes querem questionar na Justiça os critérios adotados pelo ministério.
Totalmente democrático!
Sim!
Todos eles tem o direito de ter acesso a suas provas.
Para quem tá por fora do assunto, o sistema funciona assim: o acesso à correção da prova de redação só será liberado no dia 6 de fevereiro!
É isso mesmo!! Depois de já terem se esgotado todos os prazos para a entrada em universidades federais, quiçá estaduais.
Porém ter acesso às provas é só o primeiro obstáculo.
O pior vem depois: não será possível contestar a nota atribuída pelos avaliadores. 
Sabe por que? 
O acesso, segundo o MEC, tem caráter exclusivamente pedagógico.
Só pode ser piada.
A prova de redação é uma das notas mais valiosas na hora da disputa de uma das vagas do Sisu, sistema que escolhe os candidatos para as instituições públicas de nível superior. Além disso, o estudante que teve nota igual a zero na dissertação está impossibilitado de se inscrever no sistema e também está de fora da disputa por uma bolsa do Programa Universidade Para Todos (ProUni). 
Após diversas reclamações em 2011(agora já dá para entender mais ou menos porquê), o MEC anunciou mudanças nos critérios de correção da redação do Enem 2012.
Os resultados dessas "mudanças" nem eu, nem quem fez a prova entendeu.
As alterações são bem-vindas quando trazem atreladas pontos positivos, evolução.
A avaliação feita pelo Enem carece urgentemente de critérios mais claros, exigências mais coerentes e fundamentalmente buscar apoiar-se menos em parâmetros morais.
Não se pode mensurar moralidade em uma prova de cunho intelectual.
Uma dissertação deve marcar-se por seu tom impessoal, imparcial, argumentar sem tomar partido.
A redação do Enem está conduzindo professores e alunos para um novo tipo de elaboração de texto. 
Alunos apavorados com a tão temida "Fuga do Tema", desesperados com a exigência de apresentação de solução para o problema levantado, em pânico com o rigor a estruturação do texto.
Para que?
É uma pergunta que todos devem se fazer.
Já questionei aqui, em outra postagem os critérios do Enem. Click aqui e leia.
E reafirmo minha posição: O Enem está muito longe de ser um mecanismo que reflita a realidade da educação brasileira.
Vamos dar as mãos aos jovens que estão nessa luta.
Vamos incentivá-los a lutar e cobrar das autoridades um Brasil melhor.
Eles são nosso futuro.
E o futuro não pode ser massacrado e pisoteado antes mesmo de ter a chance de acontecer.

Um comentário:

Nadine Cardoso disse...

Adoro seu blog! Voltei com o meu antigo, não sei se você o conhece, faz uma visitinha, por favor :)
http://loucuracensurada.blogspot.com.br/
Obrigada, beijos! :]

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