Você não significa nada!
Ter dinheiro não significa ser rico!
Significa: a mesma palavra, em conotações diferentes.
A carga representativa que atrelamos às palavras, símbolos e signos nos atropela diariamente. Está presente em tudo que vemos, ouvimos, falamos, ou na pior da hipóteses: naquilo que não foi dito.
Outro dia deparei-me com a notícia de que a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República enviou ofício ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pedindo a suspensão de uma campanha da fabricante de roupas íntimas Hope, estrelada pela modelo Gisele Bündchen.
Na campanha publicitária em questão, a Top ensina a forma correta de se contar ao marido que estourou o limite do cartão de crédito ou bateu o carro. Mas o diabo está nos detalhes: primeiro a moça aparece totalmente vestida (o que lhe rende um sonoro ERRADO), para em seguida aparecer apenas de calcinha e sutiã.
Segundo a secretaria a peça publicitária deprecia a imagem feminina, atrelando-a ao estereótipo de objeto sexual.
Bom, se por um lado, aparentemente, a postura ministerial “parece” correta, por outro é no mínimo contraditória.
Sabe por quê?
Paradinha!
Vamos agora falar de um outro assunto que pode até parecer não ter relação com este anterior: A marcha das Vadias.
Em janeiro de 2011, ocorreram diversos casos de abuso sexual contra mulheres na Universidade de Toronto, no Canadá. Nesta ocasião, o policial Michael Sanguinetti fez uma observação totalmente estapafúrdia: "as mulheres devem evitar se vestirem como putas, para não serem vítimas".
![](http://3.bp.blogspot.com/-sx-qJt591NQ/Tp9kg5Pq0OI/AAAAAAAAGZI/cHj3C-QmInY/s320/marcha%2Bdas%2Bvadias.jpg)
Voltando ao caso da lingerie.
Em várias partes do mundo, nós mulheres estamos nas ruas para garantir os direitos femininos, expressos por uma mínima evidência, um código social: a roupa.
Como então vislumbramos a postura ministerial como algo imbuído do significado ao qual se propõe: a defesa dos direitos da mulher?
Até que ponto o comercial da Hope realmente objetiva a mulher como elemento meramente sexual ou mostra a mulher como um ser ciente de suas possibilidades, opções e escolhas?
De mais a mais, a questão também perpassa e levanta um outro ponto: a intimidade conjugal.
Como o aparato governamental pode interferir na relação cotidiana homem-mulher?
É claro que o foco da secretaria deveria ser garantir direitos, mas não esquecendo que qualquer cidadão, independentemente do sexo, religião, raça, classe social ou concepção política, tem direito à privacidade.
· As mulheres lideram as estatísticas dos diagnósticos de hipertensão no Brasil.
· Segundo o INCA, o câncer de mama é responsável por 6,6% de todas as mortes por câncer em nosso país.
· 40% das mulheres dos países em desenvolvimento são anêmicas e encontram-se abaixo do peso.
· 4 mulheres são espancadas a cada minuto no Brasil.
· 10% das mulheres no mundo são alvo de estupro.
· Segundo o IBGE (pesquisas de 2003 e 2008), as mulheres recebem 70% do salário dos homens em todas as regiões do País.
· A cada dois minutos 5 mulheres são estupradas no Brasil.
· Entre 1996 e 2006, o percentual de mulheres responsáveis pelos domicílios aumentou de 10,3 milhões para 18,5 milhões.
O que acaba parecendo é que a “calcinha” da Gisele serviu apenas de plataforma de mera politicagem ou, em uma remota hipótese, de lobby promocional da lingerie.
O que significa tudo isso?
A consciência é sua, a interpretação também...
Um comentário:
CONCORDO COM VC BÁRBARA!!ARRASOUU!!
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