Quem nunca viajou pelo Brasil
dificilmente conhece as reais mazelas das nossas cidades.
Como não são poucas, escolhi uma cidade para falar.
Em primeiro lugar vamos falar de
Salvador.
Sim, a primeira capital do Brasil.
Cidade histórica que deveria ter infraestrutura
invejável.
Não é o que acontece.
Você não precisa andar muito. Basta
uma visitinha rápida aos mais conhecidos cartões postais da cidade:
Pelourinho, Mercado Modelo e Elevador Lacerda.
Pelourinho - Salvador |
Se eu fosse falar da sujeira, seriam
necessárias páginas e mais páginas. Então vamos passar aos outros
pontos.
No Pelourinho é espantosa a quantidade
de imóveis antigos em ruínas. Um verdadeiro crime contra a
história nacional. Sobradinhos aos pedaços. Na
verdade o descaso com o Pelourinho e a indiferença política é
geral! Por ignorância cultural ou interesses partidários, conluio e
irresponsabilidade dos três poderes, o Brasil já perdeu parte
considerável da sua primeira capital e da sua História. Mais de 100
casarões estão arruinados, alguns irrecuperáveis, dezenas estão
escorados, e dezenas desabaram ou foram destruídos por incêndios
nos últimos anos! Lastimável!
Além disso, é impossível ignorar o
número assustador de mendigos e pedintes. Isso denota, no mínimo,
falta de políticas de assistência social voltadas à população
sem-teto, menores infratores e dependentes químicos
Mas vamos descer, para cidade baixa. E
vamos de... Elevador Lacerda!
Elevador Lacerda - Mercado Modelo |
Não se pode negar que a reforma pela
qual passou o Elevador Lacerda foi pontual e realmente necessária.
Mas fim de papo. Esqueceram de pensar em uma bilheteria descente.
Dois funcionários ficam nas roletas de acesso recebendo dinheiro e
passando o troco ali mesmo. Pior do que ônibus.
Há e por falar neles, tenho que dizer
que pegar um ônibus em Salvador é simplesmente insólito. Além de
sujos, não estão disponíveis em número suficiente, tem horários
estranhos e rotas inexplicáveis. Ah e tem outra coisa, se você
pensa que ir a algum lugar de táxi é melhor, com certeza este lugar
não fica em Salvador. Nunca em minha vida estive em um local com uma
concentração tão grande motoristas mal educados e golpistas, que
até agora só perdem para os de Praga(na República Checa), porque estes te assaltam,
literalmente a mão armada, dentro do táxi.
O Mercado Modelo, que deveria
comercializar em grande parte produtos artesanais, está recheado de
industrializados, fabricações em série dos mesmos objetos. Isso
sem falar do Restaurante ou melhor, restaurantes do primeiro andar:
garçonetes fantasiadas de baianas de acarajé se degladiam
literalmente pelos clientes. Chega a ser assustador.
Sala de Embarque do Ferry Boat em Salvador |
Fazer uma travessia tranquila de barco
é sempre algo agradável. Mas se você vai de Ferry Boat para
Salvador, essa viagem pode não ser tão tranquila assim. Começando
pelas instalações das salas de embarque e dos terminais. Se fossem
classificadas como péssimas ainda seriam um eufemismo. O serviço de
bilheteria é terrível. As atendentes não utilizam o sistema
informatizado para vender as passagens e por isso acabam perdendo um
tempo precioso fazendo contas erradas, aumentando as filas e
atrasando o embarque de quem está com pressa. As balsas muitas vezes
não saem no horário previsto. O acesso dos passageiros às balsas é
feito pela saída de emergência. Eu ainda não entendo porquê.
E pelo amor de Deus, por que as
autoridades concedem alvarás de funcionamento para as verdadeiras
espeluncas que se dizem lanchonetes e restaurantes, especialmente em locais públicos?
Não dá para entender!
Você, caro leitor(a), deve estar
imaginando que odeio Salvador.
Não, não, não.
Eu amo Salvador e seu inebriante ar de
cidade provinciana.
Mas o amor não pode ser permissivo.
É
necessário exigir dos governantes mais respeito com a cidade, mais
cuidado com o nosso patrimônio histórico, mais zelo com a população
e os visitantes.
Temos que expor as deficiências para
estabelecer metas de melhoria, reformas, ajustes.
A mudança tem que vir do povo.
Temos que questionar, indagar e não
aceitar passivamente as coisas do jeito que se encontram.
Temos que exigir a cidade
cartão-postal, a cidade modelo, a cidade que desejamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário