Cada vez que entro no Facebook me surpreendo com alguma coisa.
Quem leu o post anterior sabe que já falei sobre isso...
Mas não pude deixar passar...
Ultimamente tenho me espantado em como a rede social vem sendo usada.
Primeiro vamos falar de uma certa lista de redução de mesada por infrações cometidas pelos filhos.
A tal relação continha itens como: Não colocar o cinto de segurança, não ir à escola, deixar a torneira aberta, matar a aula do inglês ou a natação e por aí vai...
A proposta do brilhante ser humano que criou isso, seria punir os filhos que fizessem tais coisas, descontando dinheiro da mesada.
Vi estarrecida, centenas de pessoas adorando a tal lista. Comentando coisas como: "Excelente", "Vou adotar aqui em casa", Gostei muito...
Mas espera aí.
A primeira coisa que pensei foi: Onde é que está o juízo dessa gente?
Será que não é possível enxergar o absurdo disso?
Como é que pais e mães vão barganhar com os filhos coisas como: colocar ou não o cinto de segurança, ir ou não à escola, desligar ou não a torneira, almoçar ou não...?
Que loucura é essa?
Onde é que uma criança vai ter autonomia para escolher o que quer fazer em relação a sua segurança física, sua orientação intelectual?
Se os pequenos podem se governar, para que então precisam de pais?
Francamente, onde fica o respeito aos pais, a referência familiar, a estrutura e o papel social da família?
Será que estão reduzidos aos conceitos capitalistas do lucro ou prejuízo?
Triste, muito triste adotar com crianças a máxima: Eles só aprendem quando sentem no bolso.
Afinal, são crianças ou criminosos de colarinho branco?
E a coisa fica pior ainda quando encontramos milhares de comentários repletos de elogios às tais técnicas.
Sem dúvida alguma, isso é um retrato da total destruição que a estrutura familiar vem enfrentando nas últimas décadas.
Mas as surpresas do Facebook não acabam aqui.
Alguns dias depois, entro e encontro um post de uma amiga que reproduzia um texto, de uma criatura que não vou mencionar nome ou outros detalhes, que valendo-se de uma formação superior e experiência profissional, transmitia aos internautas suas ideias sobre a tragédia ocorrida em Salvador, em que uma médica matou dois irmãos num acidente de trânsito.
Li todo o texto, muito bem escrito, com palavras escolhidas e parágrafos bem estruturados. Resumindo, o autor fala um pouco sobre a dor da família que perdeu os dois jovens, assim meio por cima, como algo realmente terrível. Mas o objetivo do texto não era esse. Era despertar no público a simpatia pela médica causadora do acidente.
Com muita condescendência, o texto discorria sobre estruturas psicológicas coletivas, perdão, desequilíbrio emocional, Deus, não julgamento e tal, tal, tal....
E perguntava ao leitor: E se fosse sua mãe?
Isso mesmo, perguntava ao leitor o que aconteceria se fosse sua mãe quem tivesse provocado toda essa tragédia.
Fiquei pasma.
Como assim? Se fosse minha mãe?
Parei.
Não acreditei.
O que essa pessoa queria mesmo?
Defender e tomar uma posição em defesa da médica, apelando para conceitos como perdão, não julgar e tal?
Não julgo o acontecido.
Realmente foi uma tragédia.
Todos saíram perdendo pois não se enganem, a vida da médica também acabou.
O que mais me choca é que nesses momentos de crise, sempre surgem especialistas em tudo, discorrendo sobre esse mundo e o outro, expondo milhões de teorias e estudos, indo a programas de TV e rádio, dando entrevistas para revistas e sites da internet.
Para que?
Para convencer a população de que isso tá certo e aquilo errado?
Para lançar o nome na mídia e depois colher os louros por isso?
Ao final do texto, a pergunta que fiz foi a seguinte: E se fosse um pobre, motoboy assalariado que tivesse em um dia de fúria jogado sua moto contra o carro de uma médica bem de vida, como as coisas seriam?
Será que esse pobre encontraria defensores tão sagazes e altruístas que justificassem seu ato criminoso de maneira tão nobre?
A hipocrisia da sociedade me choca.
Centenas de pessoas compartilharam o texto, comentaram, se disseram emocionadas.
Mas quantas foram capazes de assumirem seus pensamentos reais, de não se deixarem levar por palavras bonitas?
Não sei.
Ah, e ainda tem mais uma.
Um usuário da rede social publicou uma montagem de fotos onde apareciam ativistas que resgataram os Beagles em São Roque(Sorocaba) e o caso das crianças indígenas enterradas vivas por seus próprios familiares no Mato Grosso. Duas coisas bem diferentes. Mas o tal usuário fazia uma comparação, dizendo que as pessoas simpatizavam com a causa dos cães e não se importavam com os índios. Ora, faça-me o favor. São duas causas distintas e nunca, nunca mesmo, uma vai desmerecer a outra. São duas lutas muito dignas. Mas o povo, alienado, parece louco para tornar suas quaisquer palavras vindas de um estranho que não conhecem, só porque soam politicamente corretas.
Ah, e ainda tem mais uma.
Um usuário da rede social publicou uma montagem de fotos onde apareciam ativistas que resgataram os Beagles em São Roque(Sorocaba) e o caso das crianças indígenas enterradas vivas por seus próprios familiares no Mato Grosso. Duas coisas bem diferentes. Mas o tal usuário fazia uma comparação, dizendo que as pessoas simpatizavam com a causa dos cães e não se importavam com os índios. Ora, faça-me o favor. São duas causas distintas e nunca, nunca mesmo, uma vai desmerecer a outra. São duas lutas muito dignas. Mas o povo, alienado, parece louco para tornar suas quaisquer palavras vindas de um estranho que não conhecem, só porque soam politicamente corretas.
Sinto medo da forma simples como se manipulam as massas.
A palavra nunca deixou tão clara sua força, como vem fazendo através das redes sociais.
Arnold Toynbee |
"Os componentes da sociedade não são os seres humanos, mas as relações que existem entre eles."
Arnold Toynbee
Economista Britânico
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