Noções e práticas de cidadania fazem parte do currículo escolar de muitos estabelecimentos de ensino por todo o país. Uma ideia realmente louvável, ainda mais nos tempos incertos, de valores invertidos.
E como será que a cidadania vem sendo transmitida nas escolas?
Em uma turma de 5ª Série, os alunos de uma escola particular se organizaram para disputar eleições para líder de turma. Ninguém sabia direito quais seriam as atribuições do líder mas seguiram em frente, empolgados com a novidade. Os candidatos se apresentaram e os eleitores tiveram duas semanas para decidir em que votariam. Durante o período da campanha, alguns estudantes buscaram votos conversando com colegas, distribuindo santinhos, colando cartazes no mural. Mas eis que entre estes surge um candidato que propõem aos colegas eleitores, trocar o voto por picolés. Indignados, os demais candidatos procuraram a direção e comunicaram o fato. Nada foi feito para coibir a ação. Assim, a coisa evoluiu no país dos votos por picolés. Em nenhum momento, a escola interferiu nesse processo para esclarecer aos alunos de 10 e 11 anos, o quanto é errado vender o voto, o que é democracia ou qualquer outra orientação educativa a respeito de processo eleitoral. Um dos outros candidatos passou a conversar com os colegas, explicando como era errado trocar o voto por um doce ou outra coisa qualquer. E para a surpresa de todos, o candidato corrupto não foi eleito.
Mas a história não acaba por aí...
Findo o processo eleitoral e empossado o novo líder, a autoridade escolar explicou ao eleito suas incumbências: Delatar à direção os alunos que conversam, tumultuam e bagunçam durante a aula, retirar os desordeiros da sala e encaminhá-lo ao SOE (Serviço de Orientação Educacional), fazer anotações sobre o comportamento dos colegas indisciplinados.
Será mesmo que o papel do líder se resume a uma cópia mal acabada do antigo ofício dos inspetores de sala?
Um pré-adolescente se sentirá realmente confortável desempenhando tal função?
Como os colegas que o elegeram se sentiram em relação ao amigo?
Será que a escola queria um líder de classe ou um X-9 mirim?
Como a noção de liderança pode ser tão deturpada?
Antigamente, pelo menos no meu tempo, os líderes de classe tinham outras funções:
- Estimular a turma para a união e colaboração, evitando questões conflituosas entre colegas e buscando um ambiente agradável;
- Encaminhar à direção e coordenação as dificuldades e solicitações da turma;
- Procurar convidar os colegas mais tímidos para auxiliarem na execução das atividades da classe;
- Consultar os colegas antes de tomar uma resolução importante que envolva interesse comum;
- Ter atitudes de liderança democrática;
- Solicitar aos colegas que o auxiliem nas tarefas de liderança;
- Ajudar os colegas que necessitarem de auxilio;
- Estar disposto ao diálogo.
O que essa escola faz é o retrato do nosso país. Os poderosos utilizam os líderes classistas e de movimentos sociais para manter as massas apáticas, alienadas e acéfalas.
Fazendo uma rápida pesquisa, descobri que este tipo de ação está se tornando comum em escolas no Brasil. Confira: Click Aqui
Observa-se hoje a ampla manipulação que sofre aqueles que se encontram em condição submissa. Não são ensinados a serem referência, a despontarem na liderança, a tornarem-se empreendedores, independentes, livres pensadores, cidadãos responsáveis. Apreendem apenas a serem algozes de seus iguais, algozes de si mesmos.
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Observa-se hoje a ampla manipulação que sofre aqueles que se encontram em condição submissa. Não são ensinados a serem referência, a despontarem na liderança, a tornarem-se empreendedores, independentes, livres pensadores, cidadãos responsáveis. Apreendem apenas a serem algozes de seus iguais, algozes de si mesmos.
E assim, concreta-se nas mentes juvenis, a perigosa e imunda ideia de que apenas aqueles que servem ao sistema alcançarão o sucesso, custe o que custar, oprimindo quem quer que seja, calando-se a toda injustiça, corrupção e crime.
Vergonha!
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