segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Filhotes de ararinha-azul nascem no sertão baiano após 37 anos


Após 37 anos, dois filhotes de ararinha-azul (espécie Cyanopsitta spixii) nasceram no município de Curaçá, no norte da Bahia. A espécie é endêmica da região, o que significa que ocorre exclusivamente na cidade. O nascimento foi há 10 dias, mas só foi divulgado nesta segunda-feira (30) para garantir a segurança das aves.

Eles estão sendo monitorados nessa fase mais delicada. O nascimento deles é considerado um marco pelos pesquisadores responsáveis pela reintrodução das ararinhas-azuis no sertão baiano. A ONG alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP) está à frente dessa iniciativa junto com o instituto chico mendes de conservação da biodiversidade.

Há 20 anos criadores privados e zoológicos ajudaram a reunir as aves que estavam em cativeiro. As ararinhas começaram a ser soltas no ano passado. De lá para cá, a espécie tem evoluído na adaptação à verdadeira casa.

Os filhotes são fruto do casal formado pelo macho "Bizé", que ganhou vida livre na primeira soltura, em junho de 2022, e recebeu o nome em homenagem a um morador curaçaense, com uma fêmea liberada em dezembro do ano passado. Esse casal e os filhotes recém-nascidos formaram a primeira família de ararinhas-azuis em vida livre.


A reprodução aconteceu em dos ninhos artificiais fixados no alto de uma caraibeira, uma das árvores preferidas das ararinhas. Segundo os pesquisadores do projeto, a taxa de sobrevivência é muito baixa nas primeiras semanas após o nascimento. Por isso, especialistas que fazem parte do projeto evitaram acessar o ninho para não perturbar os animais.

"A primeira ninhada de ovos se mostrou infértil, mas a determinação do casal prevaleceu, e a segunda ninhada continha dois ovos férteis, levando ao nascimento de dois filhotes saudáveis", disse o diretor da ACTP no Brasil, Cromwell Purchase.

De acordo com os pesquisadores, os pais de primeira viagem estão se saindo bem nos cuidados iniciais, o que representa mais um marco promissor para o futuro da espécie.

As ararinhas-azuis da espécie spixii ficaram bem conhecidas após o filme "Rio". Elas chegaram a ser consideradas extintas da natureza por mais de 20 anos.

Um trabalho de reintrodução da espécie no habitat natural, feito pela ONG alemã ACTP e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), repatriou 52 aves da espécie, há 3 anos. Todas foram recuperadas de cativeiros fora do Brasil.

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