Março chegou e como ele trouxemos uma guinada na escolha do livro do mês. Dessa vez vamos de romance policial. Quando o assunto é misturar tiros, sarcasmo e um enredo repleto de reviravoltas não podíamos deixar que falar de Harlan Coben.
O livro Detalhe Final, que foi publicado pela Editora Arqueiro aqui no Brasil em Outubro/2015.
No sexto volume da série sobre o agente esportivo – e detetive ocasional – Myron Bolitar, nosso herói está num verdadeiro paraíso, dividindo uma praia caribenha com Terese, uma jornalista deslumbrante que acabou de conhecer.
O idílico retiro de Myron é interrompido por Win, seu amigo e parceiro em inúmeras investigações. Ele não traz boas notícias: um dos clientes mais antigos de Bolitar, o problemático Clu Haid, arremessador dos Yankees, foi assassinado e a principal suspeita é Esperanza, melhor amiga e sócia de Myron.
De volta a Nova York, Myron está determinado a provar a inocência de Esperanza, mas os obstáculos são maiores do que imaginava. Para desvendar o crime, Myron terá de encarar o submundo nova-iorquino e abrir feridas antigas que podem ser o seu fim.
Grande parte do mistério dessa trama está na vida do personagem Clu Haid, um atleta problemático que se envolvia em escândalos, principalmente com drogas, mas que estava tentando mudar seu estilo de vida. Pego no exame antidoping que acusou uso de heroína, Clu viu seu mundo ruir. Insistindo que haviam armado pra ele, Clu busca a ajuda de seu agente Myron para provar que estava limpo. Mas Bolitar estava ausente, incomunicável no seu paraíso caribenho. Conforme o caso ganhava repercussão midiática, Clu foi perdendo a paciência com Esperanza (sócia de Myron na MB Representações) que fazia o que podia pra lidar com tudo aquilo, chegando a bater nela no estacionamento da empresa. No dia seguinte, o jogador apareceu morto em seu apartamento, em Fort Lee.
A partir daí o livro toma outro rumo. Tudo na narrativa aponta para Esperanza como autora do assassinato de Clu: a briga no estacionamento, a arma do crime no escritório da MB, o sangue de Clu no carro da empresa, fibras de roupa e pelos de Esperanza no apartamento de Clu. Porém, se as pistas indicavam a culpabilidade da moça, faltava uma coisa importantíssima: o motivo. Em determinados momentos, o leitor fica na dúvida sobre a autoria do crime. Até mesmo Myron e Win chegam a desconfiar que tenha sido mesmo Esperanza. Mas Myron nunca desistiu de buscar a verdade e sempre deixou muito claro que, se a sócia fosse mesmo a culpada, ainda estaria do lado dela.
Assim, Myron e Win seguem em busca de descobrir a verdade e a cada pista, surgem reflexões e ligações inimagináveis com o caso. As dúvidas sobre a inocência da amiga, junto com a preocupação com Myron se colocando em perigo com a máfia de Nova York, deixam a trama eletrizante e fazem com que o leitor não queira desgrudar os olhos um minuto sequer.
Nesse livro nos aprofundamos ainda mais na mente e no coração de Myron Bolitar. Ele está tentando se recuperar de uma grande perda ocorrida no livro passado e do término do seu relacionamento com Jéssica. Porém, o mais relevante é a luta travada internamente pelo próprio Myron. Tentando lidar com o fato de que uma pessoa morreu a pedido dele, o personagem se vê em um mergulho de questionamentos éticos sobre sua própria conduta. Afinal o quanto ele se tornou um assassino também? Essa aflitiva indagação traz nele, um grande conflito e uma reflexão muito profunda sobre o que é o certo e o errado. Em vários momentos, ele cita o quanto a linha entre o certo e o errado, a legalidade e a ilegalidade é tênue, e que, de tanto passar para o outro lado com justificativas “plausíveis” e com desculpas que tudo é para um “bem maior”, essa linha acaba ficando muito borrada, fazendo com que se sinta mais culpado que nunca.
Do outro lado temos Win, amigo e sócio de Myron, que usa a desculpa do “merecimento” e que “o mundo é um lugar melhor sem esse tipo de pessoa” sem nenhum peso na consciência. Apesar de Myron, ainda ter consciência e ter a preocupação sobre quem ele está se tornando, ainda percebemos nele um toque de hipocrisia do tipo “quando preciso tudo bem. Depois fico sofrendo por isso e isso não me fará uma pessoal tão ruim quanto Win”.
Nesse livro, tivemos vários momentos emocionantes de Myron com os pais dele. Lágrimas me vieram aos olhos em vários momentos. A percepção de que os pais já são idosos e que, com a idade avançada, tudo pode acontecer é muito presente e dolorosa para Myron. O leitor se emociona com o carinho dos pais para com ele e vice e versa.
Indicamos esse livro para todos que amam um bom romance policial, que tenha sua carga de reflexões e sentimentos densos, emocionando e despertando nossas habilidades de investigação. Nele encontramos o valor de uma amizade sincera e verdadeira. Vemos o quanto somos capazes de tudo para proteger e vingar quem nós amamos, não importa o quê.
E como em toda trama policial o mais importante é sempre "quem matou", não vamos dar spoiler. Para saber quem matou Clu Haid, você vai ter que ler o livro.
Como mencionamos antes, esse é o sexto livro da série sobre o personagem Myron Bolitar. É preciso alertar sobre os spoilers dos outros livros da série. Cada livro é um caso diferente, então realmente não é necessário ler todos para entender tudo. Porém, as histórias de Myron, Esperanza e Win têm uma continuidade e, por mais que o autor Harlan Coben tenha o cuidado de explicar o que precisa ser explicado em todos os livros para que ninguém fique perdido, ainda existem pequenos spoilers dos acontecimentos anteriores. Em Detalhe Final, especialmente, tem um mega spoiler sobre o que aconteceu no livro anterior, Um Passo em Falso. Então, se você planeja ler toda a série, aconselho a seguir a ordem cronológica.
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