Imagens que circularam nas redes sociais nesta quarta-feira, 23 de julho, mostram bancos da Praça Rui Barbosa, no centro de Ilhéus, pichados com frases e desenhos coloridos, feitos com tinta spray. Os registros revelam que assentos e encostos de concreto foram cobertos por palavras e símbolos, em uma intervenção que causou surpresa — e dividiu opiniões entre os moradores.
A Praça Rui Barbosa, conhecida por seu intenso fluxo de pessoas, é um dos espaços mais tradicionais e movimentados da cidade, frequentado por ilheenses e turistas. As pichações, embora ainda sem autoria identificada, trazem frases que remetem diretamente ao caso recente da Praça Cairu, onde um grupo de mulheres também pintou o chão com mensagens de teor social, como “proteja suas amigas” e “seu querer também é combustível”. À época, descobriu-se que a ação fazia parte de uma atividade acadêmica de estudantes da UFSB, o que provocou uma intensa discussão pública sobre o que é arte e o que é vandalismo.
As frases agora vistas na Praça Rui Barbosa apresentam semelhanças de estilo e conteúdo, o que sugere uma possível continuidade simbólica ou autoral entre os dois episódios. Entretanto, a ausência de autorização para o uso dos espaços públicos reacende o debate sobre os limites da expressão artística no contexto urbano, especialmente quando ela se sobrepõe ao cuidado com o patrimônio coletivo.
Até o momento, nenhuma autoridade municipal se pronunciou oficialmente sobre as novas pichações, e não há informações sobre investigação ou medidas corretivas. A Prefeitura já havia reforçado recentemente a importância da autorização prévia para qualquer tipo de intervenção em áreas públicas, destacando que ações não autorizadas podem ser enquadradas como crime de dano ao patrimônio, conforme o artigo 163 do Código Penal Brasileiro.
O caso revela uma tensão cada vez mais presente nas cidades brasileiras: até que ponto uma manifestação artística é legítima quando interfere em bens públicos? A resposta exige equilíbrio entre valorização da arte como ferramenta de crítica e transformação social, e o respeito pelas normas de conservação dos espaços coletivos — especialmente em locais com alto valor histórico e turístico como o centro de Ilhéus.

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