A reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Angélica Guimarães da Luna, enviou um ofício à Prefeitura de Ilhéus solicitando a remoção de um vídeo institucional publicado nas redes sociais do município. O vídeo em questão mostrava um grupo de mulheres pintando o chão da Praça Cairu, no centro da cidade, com frases aleatóriaas e foi utilizado pela gestão municipal para ilustrar uma campanha contra o vandalismo e a depredação do patrimônio público.
No documento, a reitora reconhece que não houve pedido formal de autorização para o uso do espaço público, mas esclarece que a ação fazia parte de uma atividade acadêmica desenvolvida por estudantes da graduação, vinculada a um componente curricular da UFSB. Diante disso, solicitou a retirada do vídeo das plataformas oficiais, com o argumento de preservar a integridade e a imagem das estudantes envolvidas, que estavam sendo expostas de forma indevida ao público.
Após o pedido, a Prefeitura removeu o conteúdo das redes e publicou uma nota institucional explicando a exclusão do vídeo, sem fazer menções diretas à universidade. No comunicado, o município reforçou a importância da autorização prévia para intervenções em áreas públicas, mas evitou confronto com a instituição de ensino.
A publicação original da Prefeitura gerou críticas por associar o ato praticado pelas alunas da universidade a práticas criminosas, como pichações e furtos de fios, o que revoltou parte da comunidade acadêmica e estudantes da UFSB. A repercussão aumentou quando se confirmou que as mulheres no vídeo eram alunas da universidade, e que a pintura no chão, feita com estêncil e frases como “proteja suas amigas” e “seu querer também é combustível”, fazia parte de uma proposta pedagógica e artística com objetivo de estimular a reflexão sobre temas sociais relevantes.
O caso evidenciou a urgência de estabelecer canais de diálogo mais sólidos entre o poder público e as instituições de ensino, sobretudo em situações que envolvem manifestação artística, uso do espaço urbano e interpretação legal. A fronteira entre arte, ativismo e legislação voltou a ser debatida intensamente nos meios acadêmico e cultural da cidade.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSB também se posicionou, divulgando uma nota de repúdio contra a postura da Prefeitura e defendendo a legitimidade da intervenção estudantil.
O episódio, que começou com a publicação de um vídeo, tornou-se símbolo de um embate mais profundo sobre liberdade de expressão, função educativa da arte e os limites das normas em espaços públicos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário