Publicado
em 1979, com 3 milhões de exemplares vendidos inicialmente nos
Estados Unidos, 47 semanas na lista dos best-sellers do The New York
Times, A escolha de Sofia é um clássico da literatura moderna, rico
em detalhes e surpresas, uma trama abaladora.
A
personagem título é Sofia Zawistowka, uma polonesa sobrevivente do
campo de concentração de Auschwitz. Curiosamente, ela não é
judia, nem cigana. Por que então estava em um campo de concentração?
Este é um dos segredos a serem revelados no decorrer da narrativa.
Após
o fim da segunda guerra, Sofia muda-se para os Estados Unidos. No
turbilhão de Nova York, sua carência e solidão a une
neuroticamente e apaixonadamente a Nathan Landau, um homem lindo,
envolvente, misterioso, cruel e desequilibrado. Algum tempo depois,
Sofia conhece Stingo, um jovem idealista, ingênuo e aspirante a
escritor. Os dois desenvolvem uma amizade cheia de cumplicidade,
envolta em confidências e segredos. Através das conversas entre os
amigos e das perspectivas de Stingo e Sofia, vamos descobrindo o
intrincado e cruel passado da moça. Que segredos essa mulher
subvertida pelo destino esconde?
A
expressão "escolha de Sofia" é muito conhecida e indica
quando se deve optar entre duas alternativas igualmente
insuportáveis. Sendo sabedor disso, o leitor passa capítulo após
capítulo até descobrir qual foi a tal escolha. Somente no final do
livro temos conhecimento de seu conteúdo. Eu não vou contar...Todos
os personagens do enredo se tornam extremamente reais devido à
abundância de detalhes, das descrições de suas reflexões,
fantasias e emoções. Descobrir aos poucos a trágica história de
Sofia, transforma a leitura em uma espécie de thriller psicológico,
que nos instiga a ler, ler e ler em busca de respostas.
Ao
final fica ainda uma pergunta: Como é
possível um ser humano passar por tantos traumas e ainda assim ter
forças para se levantar a cada dia?
Ao
fechar o livro, eu ainda podia sentir o sofrimento e a perseverança
de Sofia.
Considerado
um dos melhores e mais polêmicos romances do século XX, "A
escolha de Sofia" é um livro para ser saboreado aos
poucos, dando um tempo de reflexão após cada passagem. Seu sucesso
levou-o às telas do cinema, tendo a atriz Meryl Streep como Sofia.
Este papel rendeu à atriz o segundo Oscar de sua carreira. Vale
também conferir a atuação de Kevin Kline no papel de Nathan
Landau.
Confira
os trechos:
“-
Lembro-me de suas palavras exatas – contou-me Sofia – Ele disse:
“Vocês estão entrando num campo de concentração, não num
sanatório, e só há um meio de sair por aqui – pela chaminé” E
disse mais: “Quem não gostar, pode tentar se enforcar nos arames
farpados. Se houver judeus neste grupo, fiquem sabendo que não têm
o direito de viver mais de duas semanas.” Depois ele perguntou: “
Há alguma freira aqui? Da mesma forma que os padres, as freiras só
tem um mês de vida. Os demais têm três meses.”
“Sentados,
sob aquela luz pálida, acho que eu e Sofia sentíamos que os nossos
nervos estavam a ponto de rebentar, devido ao lento acúmulo de tanta
coisa insuportável. Uma espécie de pânico me invadiu, eu me nega a
ouvir falar mais sobre Auschwitz, nem uma única palavra que fosse.
No entanto, um resto do impulso a que me referi permanecia ainda em
Sofia (embora fosse evidente que também ela não aguentava mais) e
ela teve que me contar como se despedira do Comandante de Auschwitz.”
Sobre
o Autor
William Styron nasceu em 1925, na Virgínia. Já quase no final da Segunda Guerra Mundial, Styron alistou-se nos Marines, mas a rendição do Japão fez com que nem sequer chegasse a sair de São Francisco. Depois de se formar em 1947, foi trabalhar como editor em Nova Iorque. O seu primeiro romance, publicado em 1951, trouxe-lhe a aceitação da crítica e o primeiro de muitos prémios literários.
Em 1967, a publicação deste As Confissões de Nat Turner fez com que fosse alvo de violentas críticas por parte de intelectuais negros e acusado de racismo, o que não o impediu de receber o prémio Pulitzer de Ficção no ano seguinte. Mais tarde viria a escrever A Escolha de Sofia, vencedor do National Book Award em 1980. Morreu em 2006, vítima de pneumonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário