sexta-feira, 11 de julho de 2008
Simplesmente Ipanema
Como uma boa carioca, não poderia deixar de falar da minha amada Ipanema. Pedaço abençoado do meu Brasil. Produziu muitos poetas, cronistas, artistas, cantores, compositores, cineastas, modelos, esportistas. Por suas areias encantadas desfilam uma infinidade de tipos, desde de patricinhas desenxabidas a góticos desnorteados. E sendo assim, não é de se espantar que Ipanema tenha sido o berço de significativas mudanças de comportamento, lançadora de moda e propagadora de gírias. Tem um fetiche todo especial. A maresia emanada de sua orla exala sensualidade. E como bem disse Ruy Castro “Ipanema tornou o sexo natural numa época em que bastava subir de carro a remota Avenida Niemeyer para se ter uma ereção.” Imaginem!
Andando na Visconde de Pirajá, principal rua comercial do bairro, nos deparamos com um sem número de idosos e outros tantos de farmácias, milhões de lojas de grifes, inúmeros supermercados Zona Sul (cartel que monopoliza a venda alimentícia na região), salões de beleza para todos os tipos e isso, sem falar nas joalherias. Elas são um show à parte. Na H.Stern você pode fazer um tour pela linha de produção e vislumbrar o processo de lapidação das pedras e montagem das jóias. Tudo sob os olhos vigilantes e incansáveis de uma verdadeira milícia armada. Na Rua Garcia D`Ávila, os transeuntes podem ter um momento “celebridade” caminhando sobre um extenso tapete vermelho, admirando vitrines de lojas mundialmente famosas como Cartier, MontBlanc, Louis Vuitton, Nike. Mais adiante um pouco, encontramos a Praça Nossa Senhora da Paz, onde centenas de crianças se divertem em balanços, gangorras e escorregadores, enquanto animados velhinhos jogam damas, cartas, gamão e bosha. Ah, isso sem falar nos cachorros. Sim, isso mesmo, na Praça eles um cantinho só deles, uma área para brincadeiras e corridas. Aliás, cachorro em Ipanema é uma coisa muito séria: têm território próprio, no Jardim de Alah, com direito área cercada, acesso restrito a donos e bichos, visitante desacompanhado de bicho não é muito bem visto por lá.
Gringo é o que não falta em Ipanema. Chegam e se encantam por este pedacinho de terra. Ingleses, alemães, holandeses, americanos, turcos, árabes, judeus, suíços, ah, e é claro os japoneses. Estes, no verão, você vê por todos os lados, na padaria, na sapataria, na farmácia, no supermercado, nos cafés e restaurantes, e principalmente, nas joalherias.
Mas Ipanema nem sempre foi assim. Contam os mais antigos moradores, que tudo isso era um areal. Isso mesmo, só areia. Como se fosse uma grande praia loteada. E é extremamente prazeroso ouvir as histórias que outrora aconteceram por aqui. Saber que Tom Jobim batia papo na esquina,literalmente, com minha avó. Ou que Vinícius de Moraes, sentado em uma mesinha de boteco, cantava as moças que iam para praia. Saber que o bonde, uma verdadeira revolução do transporte coletivo urbano, passava por aqui e fazia a curva onde hoje fica o famoso Obelisco. Tomar o melhor sorvete da cidade na Sorveteria Moraes. Ir ao Cinema Bruni Ipanema. Ou tomar um chopp no cotado Bar Zeppelin.
Além dessa Ipanema poética e moderna, ainda existe uma outra Ipanema. A Ipanema dos imigrantes do Nordeste do Brasil. A Ipanema dos porteiros paraibanos, pernambucanos, baianos, enfim, do povo nordestino. A Ipanema que vai pra frente graças à força de trabalho dessa gente.
Enfim, Ipanema é um pouquinho de tudo, uma miscelânea perfeita, assim como o nosso Brasil. Do brega ao chique, do clássico ao moderno, do ignorante ao culto, tudo se acha em Ipanema.
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