
O desejo humano de explicar tudo a sua volta às vezes nos impede de enxergarmos o óbvio: não passamos de meros especuladores. Imaginamos desbravar o universo quando, na verdade, não somos capazes de explorar o fundo dos oceanos. Cruzamos os céus, mas não desmistificamos algo tão primordial e constante como o Sexo.
Dilemas como: Por que as mulheres tem dificuldade para gozar? ou Porque os homens broxam? Continuam um mistério, apesar de todas as pesquisas e descobertas da medicina.
Mais do que um mistério, Sexo é um tabu.

Historicamente falando o papel e a visão a respeito do sexo muda a cada geração, cada sociedade. Povos e raças o referenciam ou crucificam de forma distinta.
Em Pompéia, Roma Antiga, era absolutamente normal participar de orgias ou ser pedófilo. Lá, haviam crianças que ao nascerem já estavam destinadas à prostituição. Mas se isso era normal, anormal eram as punições para os chamados “desviados”. Quem praticasse sexo anal podia ter suas propriedades aprendidas, as virgens estupradas que não gritassem por socorro eram queimadas vivas. Já no Egito, o mau negócio ficava por conta da prática do adultério: os “puladores” de cerca eram castrados e, as “puladoras” tinham o nariz decepado. Voltando a Roma... Lá as meretrizes pagavam impostos e eram registradas como outro trabalhador qualquer. Elas não podiam usar estolas, nem a cor violeta. Além disso, tinham que ter os cabelos loiros ou ruivos, e se não fosse naturais tinham que tingir ou usar peruca. O amor dos romanos pelo sexo era tanto que havia até lei para punir os celibatários.

Anteriormente, apenas as jovens mais bonitas eram escolhidas Devadasis, posição que denotava grande status social em qualquer comunidade. Hoje uma garota pode virar Devadasi por várias razões. Deficiência física, doença de pele e, até mesmo, um mero cabelo embaraçado, podem ser motivos para uma menina tornar-se uma Devadasi.
Além disso, o fator econômico também pesa. Falta de dinheiro para o dote ou de um filho homem (lá eles é que são responsáveis pelo sustento dos pais na velhice), transformam mais rapidamente uma jovem em prostituta sagrada.



Voltando à questão do sexo. Outro dia assisti a um documentário sobre clubes de swing. Apesar de não ter vivido na antiguidade, garanto que o que vi não deixava nada a desejar à Sodoma e Gomorra. Como podemos dizer que evoluímos, que descobrimos novas coisas se milhões de pessoas continuam fazendo releituras das antigas?
Depois de vermos como o assunto foi tratado de forma tão diversificada, como podemos ainda acreditar que realmente sabemos algo? Aquilo que achamos conhecer é um mosaico em constante transmutação. A verdade é que nunca saberemos nada, pois quando pensamos conhecer algo, ele se transforma, nos mostrando uma faceta até então impensada. É a mágica do mundo. É o universo em constante mutação, como a sombra escorregadia de um caleidoscópio. Exatamente como disse Fernando Pessoa, em seu famoso poema Tabacaria:

“Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil quanto a
outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério
do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou
sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.”