quinta-feira, 12 de maio de 2016

Mais forte que a morte


Imagine o rebuliço causado pela descoberta da tumba do profeta Jeremias. Agora adicione como ingrediente extra, um amor imortal, capaz de ultrapassar as fronteiras do tempo e espaço, da própria morte.
É disso que trata o livro Mais forte que a morte, da norte-americana Zoë Klein.
Um livro de linguagem simples, elegante, cheia de poesia

O romance é narrado em primeira pessoa por uma conceituada arqueóloga americana cristã, Page Brookstone, que passa os dias escavando em busca de achados históricos, humanos ou materiais. Eu passei minha carreira aqui no subsolo, com os ancestrais, sem emergir para me atualizar nas manchetes do presente”, Page diz no início do romance, sem imaginar que em breve ela seria destaque na mídia de todo o mundo e pivô de polêmicas e conflitos religiosos. Para ela, sua missão é libertar espíritos e sonhos há milênios bloqueados em ossos debaixo da terra. Page está segura de que existe algo Mais forte que a morte.
Há algo muito adorável sobre uma escavação, que beira a pura intuição. Sua origem está na autoconfiança; portanto, qualquer descoberta é inevitavelmente uma autodescoberta”, diz a arqueóloga. E é isso que ela faz. Abandona uma pesquisa de vulto num campo onde estão enterrados os corpos de milhares de crianças vítimas de sacrifícios em um culto antigo e empreende uma escavação particular na residência de um casal de árabes muçulmanos, tidos como loucos por toda a comunidade arqueológica, Ibrahim e Naima. Exceto Page, ninguém leva a sério a história que eles contam: fantasmas fazem amor em sua casa.
A opção de Page Brookstone merece crítica de colegas, ela é considerada traidora e acusada de colocar em risco a seriedade da arqueologia. “Israel inteira é, essencialmente, um tesouro arqueológico. Você anda para cima e para baixo nas tortuosas ruas de Israel e sabe que esses caminhos ondulantes estão sobre camadas e camadas de escombros de cidades, abarcando uns quarenta séculos, umas depois das outras”, afirma a personagem-narradora.
Com extrema habilidade, a autora conta a história do profeta Jeremias e sua amada Anatiya, de quase 600 anos antes de Cristo, trazidos de volta à luz pelas mãos de Page e o seu drama – ela está apaixonada por Mortichai, um judeu dividido entre o compromisso com uma viúva israelita e a arqueóloga cristã. A história ganha mais fôlego e emoção quando o pergaminho da fictícia Anatiya é traduzido por Jordanna, fiel amiga de Page, em Nova York.
Perseguida por fanáticos, foragida da polícia,afastada do seu achado ancestral e amparada por amantes da história, Page viverá fantásticas aventuras, que mesclam cenas de ação, aulas de história e romance.
Um trecho do pergaminho: Amar um profeta é ser absolutamente rejeitada, um constante alvo de risadas e a quem qualquer um vaia. Ele sabe que tu estás te arrastando atrás dele. Tudo é revelado a ele e, embora tu sejas visível, és invisível aos olhos dele”.
Há no livro uma série de episódios paralelos e personagens curiosos – como Itai, que ama sua terra como se fosse uma mulher (“minha Israel”), o indeciso Mortichai, e os jovens livres e felizes Walid, Meirav e Dalia – Que merecem atenção especial. Todos prendem e encantam o leitor.
Zoë Klein demonstra em Mais forte que a morte que somente o amor pode unir cristãos, judeus e muçulmanos.

Sobre a autora




Formada em psicologia, rabina e líder espiritual do Templo de Isaías em Los Angeles, Zoë Klein vive em Los Angeles com o marido, o rabino Jonathan Klein, e seus três filhos.

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