Imagine
o rebuliço causado pela descoberta da tumba do profeta Jeremias.
Agora adicione como ingrediente extra, um amor imortal, capaz de
ultrapassar as fronteiras do tempo e espaço, da própria morte.
É
disso que trata o livro Mais forte que a morte, da norte-americana
Zoë Klein.
Um
livro de linguagem simples, elegante, cheia de poesia
O
romance é narrado em primeira pessoa por uma conceituada arqueóloga
americana cristã, Page Brookstone, que passa os dias escavando em
busca de achados históricos, humanos ou materiais. “Eu
passei minha carreira aqui no subsolo, com os ancestrais, sem emergir
para me atualizar nas manchetes do presente”, Page diz
no início do romance, sem imaginar que em breve ela seria destaque
na mídia de todo o mundo e pivô de polêmicas e conflitos
religiosos. Para ela, sua missão é libertar espíritos e sonhos há
milênios bloqueados em ossos debaixo da terra. Page está segura de
que existe algo Mais forte que a morte.
“Há
algo muito adorável sobre uma escavação, que beira a pura
intuição. Sua origem está na autoconfiança; portanto, qualquer
descoberta é inevitavelmente uma autodescoberta”, diz a
arqueóloga. E é isso que ela faz. Abandona uma pesquisa de vulto
num campo onde estão enterrados os corpos de milhares de crianças
vítimas de sacrifícios em um culto antigo e empreende uma escavação
particular na residência de um casal de árabes muçulmanos, tidos
como loucos por toda a comunidade arqueológica, Ibrahim e Naima.
Exceto Page, ninguém leva a sério a história que eles contam:
fantasmas fazem amor em sua casa.
A
opção de Page Brookstone merece crítica de colegas, ela é
considerada traidora e acusada de colocar em risco a seriedade da
arqueologia. “Israel
inteira é, essencialmente, um tesouro arqueológico. Você anda para
cima e para baixo nas tortuosas ruas de Israel e sabe que esses
caminhos ondulantes estão sobre camadas e camadas de escombros de
cidades, abarcando uns quarenta séculos, umas depois das outras”,
afirma a personagem-narradora.
Com
extrema habilidade, a autora conta a história do profeta Jeremias e
sua amada Anatiya, de quase 600 anos antes de Cristo, trazidos de
volta à luz pelas mãos de Page e o seu drama – ela está
apaixonada por Mortichai, um judeu dividido entre o compromisso com
uma viúva israelita e a arqueóloga cristã. A história ganha mais
fôlego e emoção quando o pergaminho da fictícia Anatiya é
traduzido por Jordanna, fiel amiga de Page, em Nova York.
Perseguida
por fanáticos, foragida da polícia,afastada do seu achado ancestral
e amparada por amantes da história, Page viverá fantásticas
aventuras, que mesclam cenas de ação, aulas de história e romance.
Um
trecho do pergaminho: “Amar
um profeta é ser absolutamente rejeitada, um constante alvo de
risadas e a quem qualquer um vaia. Ele sabe que tu estás te
arrastando atrás dele. Tudo é revelado a ele e, embora tu sejas
visível, és invisível aos olhos dele”.
Há
no livro uma série de episódios paralelos e personagens curiosos –
como Itai, que ama sua terra como se fosse uma mulher (“minha
Israel”), o indeciso Mortichai, e os jovens livres e felizes Walid,
Meirav e Dalia – Que merecem atenção especial. Todos prendem e
encantam o leitor.
Zoë
Klein demonstra em Mais forte que a morte
que somente o amor pode unir cristãos, judeus e
muçulmanos.
Sobre
a autora
Formada
em psicologia, rabina e líder espiritual do Templo de Isaías em Los
Angeles, Zoë Klein vive em Los Angeles com o marido, o rabino
Jonathan Klein, e seus três filhos.
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