Esta semana as redes sociais foram inundadas com uma avalanche de artigos que propagavam a extinção do dia das mães em escolas e no âmbito familiar. A primeira vez que li algo desse tipo, pensei se tratar de um manifesto anticapitalista, que combatia o consumo desenfreado e a exploração financeira dos sentimentos. Mas não era apenas isso. Era algo muito mais vil, muito mais oportunista e profundo. A real intenção dessas teses, artigos e textos é a destruição do ícone máximo, da estrutura primordial de geração de uma sociedade: a figura da mãe.
Não, isso não é um exagero.
Por trás das palavras mais doces e de uma aparente preocupação politicamente correta, esconde-se o intuito de plantar em cada criatura alcançada a ideia de que referenciar e expressar gratidão e amor por sua mãe é algo torpe, sem importância, cafona e démodé.
Historicamente falando, a ideia de homenagear as mães já era cultivada por Gregos e Romanos, desde a antiguidade. Porém a comemoração mais semelhante com a dos dias atuais iniciou-se na Inglaterra do século XVII. Era o “Domingo das Mães”. Durante as missas, os filhos entregavam presentes para suas mães. Aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poderem visitar suas mães. Portanto, era um dia destinado a visitar as mães e dar presentes, muito parecido com que fazemos atualmente.
Nos Estados Unidos, a ideia de criar uma data em homenagem às mães foi proposta, em 1904, por Anna Jarvis. A ideia de Anna era criar uma data em homenagem a sua mãe que havia sido um exemplo de mulher, pois havia prestado serviços comunitários durante a Guerra Civil Americana. Seus pedidos e sua campanha deram certo e a data foi oficializada, em 1914, pelo Congresso Norte-Americano. A lei, que declarou o Dia das Mães como festa nacional, foi aprovada pelo presidente Woodrow Wilson. Após esta iniciativa, muitos outros países seguiram o exemplo e incluíram a data no calendário.
Como vimos, homenagear as mães não estava atrelado ao fato delas estarem vivas ou mortas, mas sim à ideia de reconhecimento por seu valor e sua importância inexoravelmente significativa para a formação dos filhos, da família, da sociedade, da nação, do mundo.
A mãe é a figura que nos incute, nos ensina e nos revela o quão é importante amarmos. Ela é a responsável por plantar em nossos corações as raízes de coisas como solidariedade, amor ao próximo, gratidão e compaixão. Ferramentas vitais para construção de uma sociedade mais justa e humana.
Vivemos em um tempo onde tudo o que vem de Deus, tudo que é divino deve ser profanado, desmistificado, ridicularizado. Diversas correntes políticas e ideológicas propagam a ideia de que adotar uma religião e crer em Deus torna o ser humano idiota e fraco. Ledo engano. Não ter fé em nada é o que nos torna desumanos, cruéis e insensíveis.
Se você que está lendo esse artigo professa uma fé cristã, seja ela católica, protestante ou judaica, com toda certeza conhece os 10 mandamentos. O quarto mandamento fala: HONRAR PAI E MÃE. Deus se manifestou através de Moisés para nos dizer o quanto é importante e imprescindível amarmos, respeitarmos e sermos gratos àqueles que nos deram a vida: pai e mãe.
Se não podemos dedicar apenas um dia por ano a exercitarmos nosso amor, gratidão e reconhecimento, como poderemos fazer disso um exercício diário?
Dia das Mães deve ser todos os dias, até porque para uma mãe, todos os dias são dias dos filhos.
Voltando aos artigos e teses que citei lá em cima.
Alguns deles justificavam a extinção do dia das mães baseado-se no fato de que existiam crianças que não tinham mães, ou por já terem falecido, ou por serem adotadas. Não vou destrinchar o quão obtuso é esse argumento.
Mas não poderia deixar de contar a história de uma amiga, que por motivo de privacidade, chamarei de Y. Quando Y tinha apenas 9 anos, perdeu sua mãe. Uma tristeza absoluta abateu-se sobre Y e seus 12 irmãos, alguns mais novos outros mais velhos do que ela. Mas a vida continuou. Quando conheci Y, ela já era casada, tinha dois filhos e uma carreira bem-sucedida. Em certa ocasião, ela me contou como havia ficado órfã de mãe ainda tão jovem. O mais tocante na sua história foi o seguinte: ainda que não tivessem mais a mãe aqui no plano terreno, todos os anos, ela e os irmãos se reuniam no dia das mães para homenagear sua mãe. Faziam um grande almoço e passavam horas compartilhando histórias e memórias sobre sua mãe. Y tinha todos os motivos do mundo para nunca mais em sua vida comemorar o Dia das Mães. Mas ela e os irmãos alcançaram a verdadeira e divina essência da ideia: referenciar e agradecer a sua mãe pelo dom mais preciso do mundo, a vida. Tenho certeza que de lá do céu, a mãe de Y assiste a essa homenagem com o coração repleto de orgulho e transbordando de amor.
Este ano, no Dia das Mães, Y e seus irmãos estarão novamente reunidos no grande almoço. E é a mensagem deles que quero transmitir a todos vocês que estão lendo estas linhas: Não deixem que as desumanas ideias propagadas por correntes políticas doutrinárias arranquem de seus corações o amor e a gratidão por suas mães. Não sejam maria-vai-com-as-outras apenas para receberem o rótulo de “politicamente corretos”. Tenham coragem de impor seus reais sentimentos. Tenham coragem de dizer que é importante sim comemorar o Dia das Mães. Tenham coragem de dizer ao mundo o quanto sua mãe é importante em sua vida e que dedicar-lhes um dia não é motivo de vergonha, fraqueza ou manipulação.
Comemorar o Dia das Mães é um ato de, antes de mais nada, horarmos a nós mesmos por intermédio da figura mais divina que Deus colocou ao nosso lado: nossa mãe.
Dedico esse texto a todas as mães, bem como, a todos os filhos que tem a coragem de declarar ao mundo o seu amor por elas.
"O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho."
Agatha Christie
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