sábado, 26 de novembro de 2022

Proteína que age no cérebro controla metabolismo e pode frear obesidade



Pesquisadores brasileiros da Unicamp descobriram uma proteína que pode ser a solução para a obesidade, considerada, segundo a OMS, uma das comorbidades mais preocupantes.

Um grupo de cientistas da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) conseguiu detalhar, pela primeira vez, a causa do fenômeno conhecido como afterburnig – "depois de queimar”, em tradução livre. Esse fenômeno provoca a queima de gordura horas após a prática de atividades físicas.

Apesar de se tratar de um fenômeno conhecido há anos na Medicina e na Ciência, somente agora foi possível saber a sua causa: a proteína interleucina-6 (IL-6). “A literatura já mostrava que ao realizar contrações musculares a gente produz essa IL-6. Mas o que o artigo nos mostra é que, ao fazer exercício, a IL-6 também é produzida no cérebro, em uma região chamada hipotálamo”, explicou Eduardo Ropelle, pesquisador que coordenou o estudo.

“Saber que uma proteína que age no hipotálamo controla o metabolismo muscular abre portas e perspectivas para uma série de situações como, por exemplo, o controle da obesidade, controle do metabolismo muscular”, contou o cientista.

O afterburn está diretamente relacionado às particularidades da sessão de exercício.

“Então, pode haver as duas coisas: tem uma produção que é muscular e pode ter uma produção que é no sistema nervoso central […] Tanto ela pode partir do músculo para chegar no cérebro como ela pode ser produzida diretamente dentro do cérebro em resposta do exercício”, detalhou Ropelle.

Os experimentos feitos em laboratório mostraram que o efeito da queima de gordura permaneceu após três horas da realização do exercício. Os resultados foram descritos em um artigo publicado recentemente na revista Science Advances.

“A pesquisa vem para dizer que tem uma proteína produzida pelo exercício que coordena isso. Então, quando a gente faz exercício, nós produzimos uma proteína chamada interleucina-6 e ela é responsável por coordenar esse aumento do nosso metabolismo nesse gasto energético”, explicou Eduardo.

“Quanto mais intenso o exercício, maior é a magnitude do afterburn. Além da intensidade, quanto mais tempo de exercício o indivíduo faz, esse afterburn tende a ser aumentado também”, esclareceu o pesquisador.

A pesquisa teve início em 2013 e movimentou pesquisadores e cientistas de universidades nacionais e de mais dois países: Suíça e Espanha. Somente agora eles entenderam como a proteína age no cérebro.

Eduardo também contou que os testes com a proteína foram feitos em humanos. Segundo ele, um dos grupos estudados no trabalho é o de pessoas com artrite reumatoide.

“Uma parte do estudo, sim, foi feita a partir de amostras de seres humanos e o próximo passo é investigar se esse afterburn também acontece no ser humano mediado pela IL-6”, explicou.

“O próximo passo é avaliar em alguns pacientes com artrite reumatoide, que é o público que nós estamos avaliando, se a IL-6 participa do afterburn da mesma forma que nós observamos nos camundongos”, aponta o pesquisador.

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