sexta-feira, 14 de abril de 2023

Viver com cães ou gatos pode diminuir o risco de alergias alimentares em crianças


Recém-nascidos que vivem em casas com gatos ou cachorros tendem a ser menos propensos a desenvolver alergias alimentares. Essa foi a análise de um estudo do Japão feito com mais de 65 mil crianças de até 3 anos e seus pais — o maior sobre o tema até o momento. De acordo com os achados da pesquisa publicada na revista científica Plos One, a exposição a esses animais durante o período fetal ou nos primeiros meses de vida reduziu as chances de ter alergias alimentares no futuro em 14%. Os benefícios observados foram ainda maiores quando os pets foram mantidos dentro de casa e o convívio aconteceu tanto com o feto, ainda na barriga da mãe, quanto com o bebê após o nascimento.

Hisao Okabe, pediatra da Fukushima Medical University e um dos responsáveis pelo estudo, analisou em conjunto com os demais pesquisadores a conexão dos animais com as alergias alimentares como um todo, mas também com alergias específicas. Foi descoberto que o contato com cães reduziu o risco de alergia a ovo, leite e castanhas, enquanto conviver com gatos reduziu as chances de alergia a ovo, trigo e soja. Não houve nenhuma relação significativa entre as alergias alimentares e o contato com outros animais, como tartarugas, hamsters ou pássaros.

Pediatras especializados no estudo e tratamento de alergias dizem que os resultados são tranquilizadores para os donos de pets. A descoberta que a exposição a cães e gatos está relacionada a menos alergias alimentares aparenta ser sólida e se relaciona com resultados de outros estudos já feitos anteriormente.

Entretanto, assim como outros trabalhos anteriores sobre o tema, essa pesquisa não comprovou que os animais de estimação por si só diminuem os riscos de alergias. A explicação provável é que outras questões relacionadas ao estilo de vida de se ter um pet em casa, por exemplo, ou até algum fator genético, sejam os responsáveis por essa associação.

As evidências científicas apontam que o contato com os pets contribuiria para o sistema imune, sendo um dos fatores possíveis para que a criança desenvolva menos ou não desenvolva alergias alimentares. O contato com micro-organismos presentes nos pets ajudariam na regulação imunológica, enquanto condições de muita limpeza, quer seja por não ter pets, nascer de cesariana (sem contato com micro-organismos do canal vaginal), ou uso indiscriminado de antibióticos, por exemplo, favoreceriam o desenvolvimento de alergias

Além dos impactos positivos nas alergias, pets podem ser interessantes para desenvolve empatia, responsabilidade, além de serem fontes de afeto e ajudar na diminuição de ansiedade. Diversos outros estudos já trabalharam benefícios para a saúde das crianças no contato com cães e gatos. Indo além da alergia alimentar, estudos já encontraram taxas mais baixas de dermatite atópica, alergias respiratórias, asma e também melhora no bem-estar psicológico.

A ciência já mostra também a influência que ter um animalzinho em casa é capaz de ter para reduzir estresse e ansiedade. Um estudo de 18 meses, realizado por pesquisadores do Basset Medical Center, em Nova York, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Oklahoma e da Dartmouth Medical School em Nova York, todos nos Estados Unidos, com 643 crianças, concluiu que 21% das que não tinham cães testaram positivo para ansiedade clínica e outros distúrbios de saúde mental, enquanto nas crianças com cães esse número foi de 12%.

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