domingo, 5 de maio de 2024

Temporais no Rio Grande do Sul: Saiba como começou o desastre que já matou 75 pessoas


Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul já deixaram 75 mortos confirmados, 6 óbitos em investigação, 103 desaparecidos e 155 pessoas feridas até este domingo (5). A chuva, que começou em 27 de abril, ganhou força no dia 29 de abril.

Os impactos atingiram diversas regiões do Rio Grande do Sul, diferentemente de 2023, quando os temporais foram em regiões isoladas. As áreas mais afetadas são os vales dos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos, Gravataí, além do Guaíba, em Porto Alegre.


Sábado, 27 de abril: primeiro temporal

No sábado, antes do início da tragédia, alguns municípios do Vale do Rio Pardo registraram impactos provocados pela chuva e pelo granizo. Santa Cruz do Sul foi uma das cidades mais afetadas.

Em Porto Alegre, o temporal provocou a queda de mais de 1,2 mil raios.


Domingo, 28 de abril: impactos

A Defesa Civil registrou impactos em 15 municípios após o temporal do dia anterior. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja com risco de tempestade para toda a metade sul do estado.


Segunda, 29 de abril: alerta vermelho

Uma casa pegou fogo, em Taquara, após ser atingida por um raio. Ninguém se feriu.

No final do dia, o Inmet emitiu alerta vermelho de elevado volume de chuva para a metade o estado. Era o início da tragédia.


Terça, 30 de abril: primeiras mortes

O Rio Grande do Sul registrou as primeiras mortes em razão dos temporais. Dois homens que estavam dentro de um carro morreram após o veículo ter sido arrastado pela água em Paverama. Naquele dia, o número de vítimas chegou a oito.

Estradas foram bloqueadas em diversas regiões. A força da água arrastou um trecho da BR-290 em Eldorado do Sul.

Uma ponte foi levada pela água, em Santa Tereza, durante uma gravação da prefeita alertando sobre temporal.

Uma ponte também foi destruída em Santa Maria. A queda ocorreu no km 228 da RSC-287.


Quarta, 1º de maio: estragos generalizados

O número de mortes chegou a 11. Uma das vítimas morreu após um deslizamento em Salvador do Sul.

Um vídeo mostra o momento em que uma mulher é arrastada pela correnteza do rio, em Candelária. Ela foi encontrada viva.

A ponte que ficava sobre o Rio Pardinho, em Rio Pardo, foi levada pela força da água.

Parte de uma casa foi levada pela força das águas de uma enchente em Putinga. A parte construída em madeira se desprende do restante do imóvel, construído com tijolos.

Um homem que ficou 15 horas sobre o carro foi resgatado por quatro amigos entre Cachoeira do Sul e Rio Pardo.

No mesmo dia, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), admitiu a dificuldade de resgatar todas as pessoas afetadas.

"Nós não teremos capacidade de fazer todos os resgates", disse o governador.

No final do dia, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu uma "orientação expressa" para que moradores do Vale do Taquari deixassem áreas de risco.


Quinta, 2 de maio: cheias históricas

O estado terminou o dia registrando 32 mortes, entre a contagem oficial da Defesa Civil e óbitos informados por outras autoridades. O volume de chuva que caiu nos últimos dias equivalia a três vezes a média para esta época do ano. O Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública.

O Rio Taquari passou dos 30 metros de altura e atingiu o maior nível da história.

O único hospital da cidade de Três Coroas foi interditado após ser inundado por causa da água da chuva.

Uma embarcação conhecida como "balsa de São Valentim" bateu contra uma ponte que faz a travessia entre Lajeado e Estrela.

O presidente Lula (PT) e o governador Eduardo Leite (PSDB) discutiram, nesta quinta-feira (2), ações para enfrentar as cheias no Rio Grande do Sul. Lula disse que não faltará recurso e citou "um comando conjunto".

A barragem 14 de Julho, localizada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, se rompeu parcialmente.

O Guaíba, em Porto Alegre, ultrapassou a cota de inundação, atingindo 3,63 metros.

Uma ponte foi levada pela força do Rio Caí em Feliz. A travessia ligava o centro do município de 13,7 mil habitantes às localidades de São Roque e Picada Cará e ao município de Linha Nova.


Sexta, 3 de maio: caos em Porto Alegre

O dia terminou com a contagem de 39 mortes no estado.

Os efeitos do temporal começaram a ser sentidos, com maior gravidade, em Porto Alegre. Durante a manhã, autoridades bloquearam o trânsito sobre as duas pontes do Guaíba em razão da alta do Rio Jacuí e "avarias aparentes", após duas embarcações colidirem contra a estrutura da ponte nova.

O nível do Guaíba passou de 4,6 metros. As águas atingiram a Rodoviária, ruas do Centro Histórico, os centros de treinamento de Internacional e Grêmio e outros pontos.

As águas continuaram subindo, levando baratas para ruas e imóveis. No fim do dia, o nível do Guaíba chegou a 4,77 metros, ultrapassando o recorde de 1941.

O Aeroporto Internacional Salgado Filho foi fechado, e companhias aéreas cancelaram partidas e chegadas de voos em Porto Alegre.

A Defesa Civil estadual emitiu alerta e determinou a evacuação de comunidades em sete cidades após o rompimento parcial da barragem 14 de Julho. Ao todo, quatro barragens apresentavam risco de rompimento.

Equipes de resgate iniciaram as buscas por 34 pessoas que ficaram presas em um deslizamento em um trecho que liga Veranópolis a Bento Gonçalves.


Sábado, 4 de maio: maior tragédia da história

Com o número de 55 mortos confirmados e outros sete em investigação, a tragédia atual superou a ocorrida no Vale do Taquari, em 2023, que deixou 54 vítimas. O RS vive sua maior tragédia climática da história.

O Guaíba seguiu enchendo, alcançando a marca de 5 metros. A rodoviária de Porto Alegre suspendeu todas as viagens de chegada e saída após alagar.

Uma explosão dentro de um posto de combustíveis na Zona Norte de Porto Alegre causou um incêndio com feridos. Presídios ficaram ilhados, e o estado precisou transferir detentos.

Um buraco se abriu na Avenida Castelo Branco, no sentido Litoral/Capital. Com isso, o principal acesso a Porto Alegre ficou bloqueado. A pista cedeu após a água que passa por baixo da avenida, por uma comporta, levar parte do asfalto.

Cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre, como Canoas, Eldorado do Sul e Guaíba, registraram inundações. Autoridades e voluntários trabalham, com barcos e motoaquáticas para ajudar pessoas isoladas, que esperaram por resgate em cima de imóveis e de viadutos.

O gramado da Arena do Grêmio inundou no sábado. O estádio fica próximo à foz do Rio Gravataí no Rio Jacuí, em Porto Alegre. O bairro Humaitá, na Zona Norte, é mais um local fortemente atingido pelas enchentes históricas no Rio Grande do Sul.


Domingo, 5 de maio: Nível do Guaíba em elevação

Após bater recorde histórico no sábado (4), o nível do Guaíba continuou subindo na madrugada deste domingo (5), de acordo com a medição da Prefeitura de Porto Alegre. Às 7h, o lago estava com 5,30 metros.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul afirmou que 66 mortes foram confirmadas em razão dos temporais que atingem o estado, conforme boletim divulgado às 9h deste domingo (5). Outros seis óbitos já confirmados estão sendo investigados, para verificar se têm relação com a tragédia.

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