No centro histórico de Ilhéus, o casarão localizado na Rua Conselheiro Dantas, outrora símbolo de relevância arquitetônica e cultural, enfrenta um estado alarmante de abandono. Construído no início do século XX, o imóvel já abrigou importantes órgãos federais, como a Superintendência Nacional da Marinha Mercante (Sunaman) e o Lloyd Brasileiro.
Em 2018, a União cedeu o casarão à Prefeitura de Ilhéus com a intenção de instalar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, visando à economia com aluguéis. Entretanto, a municipalidade não cumpriu o acordo, resultando na rescisão unilateral da cessão por parte da União. Desde então, o prédio permanece desocupado e sem manutenção adequada, apresentando riscos estruturais evidentes, como árvores crescendo nas paredes externas, o que compromete a segurança de pedestres em uma das vias mais movimentadas da cidade.
Em 2024, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) decidiu leiloar o imóvel, com lance mínimo de R$ 670 mil. O Coletivo Preserva Ilhéus, composto por membros da sociedade civil, impugnou o leilão, argumentando que o edital não mencionava a proteção do imóvel pela Lei Municipal nº 2.312/1989, que delimita o Centro Histórico de Ilhéus. A SPU acatou a impugnação, adiando o leilão e ajustando o edital para incluir a informação sobre a proteção legal do casarão.
Apesar dessas ações, o casarão continua em estado de deterioração. O Coletivo Preserva Ilhéus solicitou a intervenção do Ministério Público da Bahia, visando garantir a restauração do imóvel e a preservação de sua arquitetura original. A situação atual representa não apenas uma perda cultural, mas também um perigo iminente para a população que transita diariamente pela região.
Em junho de 2024, o imóvel foi arrematado por R$ 2 milhões em leilão. O casarão tinha lance mínimo de R$ 670 mil.
Diante desse cenário, é imperativo que o novo proprietário, em conformidade com as diretrizes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Secretaria Municipal de Cultura, elabore e execute um plano de restauração que respeite as características históricas do casarão. Além disso, medidas emergenciais devem ser tomadas para garantir a segurança dos transeuntes, como a contenção das árvores que comprometem a estrutura do edifício.
A preservação do casarão da Rua Conselheiro Dantas não é apenas uma questão de conservação patrimonial, mas também de responsabilidade social e segurança pública. A mobilização da sociedade civil e a atuação dos órgãos competentes são fundamentais para assegurar que este símbolo da história de Ilhéus seja restaurado e integrado de forma segura e digna ao cotidiano da cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário