quinta-feira, 17 de julho de 2025

Em nova entrevista, Bolsonaro critica Lula, STF, defende o Pix e se diz alvo de "linchamento político"


Em entrevista à TV Record, nesta quinta-feira, 17 de julho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Supremo Tribunal Federal (STF) e setores do Congresso Nacional.

Ao longo da conversa, Bolsonaro afirmou ser vítima de uma “injustiça” e de um “linchamento” promovido pelas instituições brasileiras, e se colocou como alvo de uma tentativa de afastamento definitivo da disputa eleitoral de 2026.

"Eu não cometi crime nenhum. Não dei golpe, não tentei. Falam de minuta golpista, mas cadê essa minuta? Conversamos sobre dispositivos constitucionais, isso é crime agora?", questionou o ex-presidente, ao falar sobre a reunião com integrantes das Forças Armadas em 2022, às vésperas do segundo turno. "Querer me dar 40 anos de cadeia por isso? Já tenho 70 anos, cheio de problemas de saúde. É uma injustiça", completou.

Bolsonaro também afirmou que não aceitou passar a faixa presidencial para Lula por não reconhecer legitimidade no adversário. “Eu não ia me submeter. Não passo a faixa para quem tem um comportamento como o Lula tem”, declarou.

Durante a entrevista, o ex-presidente criticou duramente a atuação do ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de agir "monocraticamente" e sem respaldo do colegiado do STF. “Parece que só existe um ministro no Supremo. Ele decide tudo sozinho. Ontem foi um triste dia para a democracia brasileira. Uma afronta ao Congresso”, afirmou, referindo-se aparentemente à questão do aumento do IOF.

Bolsonaro também comentou sobre o deputado Daniel Silveira (PL-RJ), atualmente preso por críticas ao Supremo: “Não concordo com o que ele disse naquele vídeo, mas prender por isso? É censura. É perseguição”.

O ex-presidente também comentou temas de economia e segurança pública. Ele criticou a proposta de Donald Trump, ex-presidente dos EUA, de investigar sistemas como o Pix. Além disso, salientou os beneficios trazidos pelo sistema, como a redução de assaltos e crimes como “saidinha de banco”.

“Hoje em dia o Brasil não vive mais sem Pix. Diminuiu o número de mortes, de roubos em caixas eletrônicos. Mas querem fazer investigação por lá? Isso é querer coordenar o que não se entende”, disse.

A entrevista também incluiu críticas à política econômica do governo Lula. Bolsonaro acusou o atual presidente de estar entregando o país à China e afirmou que o Brasil “está deixando de ser soberano economicamente”.

“Só tem um parceiro agora: a China. Ela impõe as regras aqui dentro. Lula quer abolir o dólar das negociações internacionais. Isso vai isolar ainda mais o Brasil”, disse, ao mesmo tempo em que se disse favorável ao diálogo com os Estados Unidos. “O PIB americano é 14 vezes maior que o nosso. Temos que conversar com quem é um gigante econômico e bélico”, defendeu.

Bolsonaro também negou ter cometido abuso de poder político ao reunir embaixadores em 2022 para questionar o sistema eleitoral. Segundo ele, o ministro Edson Fachin (então presidente do TSE) fez o mesmo semanas antes.

Sobre a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-presidente foi cauteloso: “Nunca falei sobre Mauro Cid. Ele mudou no mínimo sete vezes a delação. Tudo em segredo. Ameaçaram a esposa, a filha. Isso não é espontâneo”.

Bolsonaro voltou a criticar sua inelegibilidade e afirmou que, se puder disputar em 2026, vence. “Até hoje estou mais na mídia do que o Lula. Eles querem me tirar da ficha eleitoral do ano que vem porque sabem que, se eu vier candidato, eu ganho”, afirmou.

Ao comentar sua relação com Donald Trump, Bolsonaro afirmou que o ex-presidente americano “só quer liberdade” e criticou Lula por supostamente ter atacado Trump em 2022. “O Lula disse que o retorno do Trump seria o retorno do nazismo. Como dialogar assim?”, disse.

Ele também lamentou o que considera um isolamento do Brasil no cenário internacional: “O mundo já entendeu que o que estão fazendo comigo é um linchamento. Muitos investidores estão tirando dinheiro do país. Quem quer investir em um lugar com tanta instabilidade jurídica?”, questionou.

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