O
que leva uma mulher à condição de musa inspiradora de gênios como
Lewis Carrol, John Lennon, Sigmund Freud, Nietzsche, Rainer Maria
Rilke, Man Ray, Salvador Dalí?
O
que torna estas mulheres diferentes?
Como
se constrói uma relação de interdependência entre o artista e sua
musa?
Em
'A vida das musas', a escritora Francine Prose investiga as histórias
de nove musas e os artistas que elas inspiraram para responder a
todas essas questões e elaborar um conceito de 'musacidade'.
Todas
têm em comum relações afetivas intensas, apaixonadas, explosivas,
que são exploradas
por Francine em pequenas biografias de Hester Thrale, Alice Lidell,
Elizabeth Siddal, Lou Andréa-Salomé, Gala Dalí, Lee Miller, Charis
Weston, Suzanne Farrell e Yoko Ono.
O
livro nos mostra, através de relatos diretos e indiretos, o complexo
relacionamento entre o artista e sua musa, esclarecendo com grande
sensibilidade e inteligência sobre as sutis origens emocionais do
processo criativo. As nove mulheres escolhidas eram belas, sensuais
ou dotadas de algum encanto menos convencional. Todas amaram e foram
amadas por seus artistas e os inspiraram com uma intensidade de
emoção estreitamente relacionada a Eros. Para esses artistas, o
amor por suas musas forneceu um elemento essencial necessário à
mistura de talento e técnica sem a qual não se produz arte.
Todas
as musas têm seu toque diferencial. Mas como a parcialidade é fator
inerente ao ser humano, devo dizer que as melhores histórias são
de Gala Dalí, Lee Miller e Suzanne Farrell.
Por
que?
Vou
dar só um gostinho...
A
americana Lee Miller (1907-1977) era uma mulher bela e irrequieta,
musa do famoso fotógrafo Man Ray. Nos anos 20, ela foi uma das
primeiras modelos a aceitar fazer campanhas publicitárias de
lingerie e, de maneira ainda mais ousada, de absorventes femininos.
Já
Gala Dalí fascina o leitor pelas suas misteriosas origens, seu
incansável interesse por sexo e seu visionário poder de multiplicar
sua fortuna através da obra de seu marido, Salvador Dalí.
A
bailarina Suzzane Farrell seduz o leitor com sua narrativa direita
sobre seu relacionamento com o também bailarino e coreógrafo George
Balanchine. De todas as musas, ela é com toda certeza a
representação mais fidedigna deste título. Você terá que ler
para descobrir porquê.
O livro também traz lindas fotografias de cada musa, escolhidas com primor.
O livro também traz lindas fotografias de cada musa, escolhidas com primor.
Para
aqueles que pensam que é um livro meloso, recheado de romantismo e
histórias de conto-de-fadas, sinto dizer que não é bem este o
caminho. Há sim um toque de sentimento, porém o lado mais explorado
pela autora é o entrosamento, muitas vezes simbiótico, entre
musa e artista.
Sobre
a Autora
Francine
Prose é romancista, crítica, ensaísta e professora de literatura e
criação literária há mais de 20 anos em universidades como
Harvard, Columbia e Iwoa, autora de vários livros, alguns já
publicados no Brasil, entre eles Para
ler como um escritor e Gula.
Nenhum comentário:
Postar um comentário