Uma brasileira, que viajava a turismo pela Índia, sofreu um estupro coletivo na cidade de Dumka, no nordeste do país. O crime ocorreu na noite de sexta-feira, 1º de março.
Fernanda, nascida no Brasil mas naturalizada espanhola, é embaixadora de uma marca americana de roupas e acessórios para andar de moto. estava junto com o marido, Vicente, que é espanhol. Os dois são influenciadores e fazem viagens de moto pelo mundo.
"Brasileira pelo mundo de moto", diz a biografia de Fernanda no Instagram. Com 170 mil quilômetros percorridos, o último destino do casal, antes da Índia, havia sido Sri Lanka, onde visitaram de santuários de elefantes a palácios históricos.
Nos últimos cinco anos, eles percorreram grande parte da Ásia e também Reino Unido, Espanha, Holanda, Itália e Alemanha, entre dezenas de outros países. Ambos são embaixadores da KLIM, empresa americana conhecida por sua ampla linha de roupas e equipamentos para motocicletas.
O casal foi atacado e roubado por um grupo enquanto acampava á beira da estrada. As embaixadas brasileira e espanhola acompanham o caso.
O casal relatou num vídeo publicado no Instagram que foi atacado por um grupo de sete homens, que agrediram os dois, roubaram pertences e estupraram Fernanda.
“Algo aconteceu conosco que nós não desejamos para ninguém. Sete homens me estupraram, eles nos bateram e nos roubaram. Eles não levaram muitas coisas porque o que eles queriam era me estuprar. Estamos no hospital com a polícia. Isso aconteceu hoje à noite, aqui na Índia“, disse a brasileira, com voz trêmula.
O jornal espanhol El País contou que a postagem depois foi deletada por orientação da polícia para não prejudicar as investigações.
O casal recebeu atendimento médico e prestou depoimento. A embaixada brasileira em Nova Déli afirmou que está em contato com Fernanda, que também tem nacionalidade espanhola, e que atua em coordenação com as autoridades consulares do país europeu para prestar assistência à brasileira.
Neste domingo, 03 de março, autoridades indianas afirmaram que quatro suspeitos foram presos.
Também no domingo, o casal publicou um novo vídeo agradecendo ao apoio de seguidores, desejando a prisão rápida dos responsáveis pelo crime e pedindo que a população indiana não seja estigmatizada pelo ocorrido. “Não pense que a Índia é assim, a Índia é um grande país, que vale a pena visitar, com suas coisas boas e coisas ruins”, disse Vicente.
A Índia foi considerada um dos países mais perigosos para mulheres numa pesquisa global da Fundação Thomson Reuters realizada com especialistas na área em 2018.
A situação de violência contra mulher na Índia é considerada muito pior do que apontam pesquisas e estudos, pois há uma subnotificação de ocorrências. Muitos ataques não são denunciados, seja por vergonha devido ao estigma, seja pela falta de confiança no trabalho das autoridades. As condenações raramente são emitidas e muitos casos acabam estagnados no saturado sistema judicial do país.
Em 2012, o caso de uma jovem que foi vítima de um estupro coletivo e depois assassinada ganhou as manchetes em todo o mundo. Jyoti Singh, uma estudante de psicoterapia de 23 anos, foi estuprada e abandonada, dada como morta, por cinco homens e um adolescente em um ônibus em Nova Délhi. Na época, o caso trouxe à tona os altos níveis de violência sexual na Índia, com semanas de protestos e uma mudança na legislação para punir o crime de estupro com a pena de morte.
A agência Reuters destacou, ao noticiar o levantamento, que pouco havia sido feito para enfrentar a violência de gênero após o estupro coletivo da estudante ter mobilizado o país em 2012.
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