segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Paulo Afonso e Henrique Alberto




Paulo Afonso era um simples bibliotecário, uma pessoa introvertida, sem amigos ou sonhos de consumo. Possuía duas paixões. A primeira, como não poderia deixar de ser, era os livros. A segunda, a vida alheia. Sua vida limitava-se a organizar estantes, classificar livros, auxiliar algum leitor e explorar exageradamente a vida dos vizinhos.
Todas as noites, após o jantar, Paulo Afonso seguia a mesma rotina: abria a gaveta da escrivaninha, pegava papel e caneta. Dirigia-se para a janela. Só então lembrava-se de que havia esquecido de apanhar os binóculos. Desesperava-se, pois nunca se lembrava com facilidade onde os havia deixado. Com um esforço incrível recordou em que local havia colocado os tão indispensáveis binóculos, estavam no congelador do freezer.
Após encontrar o seu principal elemento de observação, Paulo Afonso dirigi-se à janela, esperando os acontecimentos. A rua estava calma, vez ou outra um carro passava. Nosso observador anotava tudo em papéis; classificava-os e os organizava em arquivos.
Chega a madrugada; Paulo Afonso continua plantado na janela. Quando já estava por desistir, o sono chegava, percebeu um falatório na rua. Era um casal aparentemente bêbado. Nem precisa dizer que o sono de Paulo Afonso foi embora. Binóculos em punho, ele começou a analisar minuciosamente a cena que se passava. O homem, vestido a rigor, estava abraçado a uma mulher loira que trajava um longo vestido vermelho. No mesmo momento reconheceu o homem: era Henrique Alberto, morador da casa em frente. A mulher, que não era a esposa de Henrique Alberto, era desconhecida para Paulo Afonso. “Quem será ela?” – perguntava-se o espião. Talvez, ou melhor, uma amante.
O espião continua observando a cena. Vê o casal entrar na casa de Henrique Alberto. As luzes do quarto são acedidas. O casal fala e gesticula freneticamente. Paulo Afonso conclui que se trata de uma discussão. Mas qual seria o motivo? Naturalmente algo acontecido na festa ou evento de onde vieram. De repente Paulo Afonso recorda-se: a mulher de Henrique Alberto, Vânia Maria, estava viajando, pois ele próprio tinha visto o marido carregar as malas da esposa para o carro. Conclui então que a loira fatal só poderia ser a amante.
Neste momento, Paulo Afonso vê Henrique Alberto perseguir a loira com um pedaço de pau. É um crime. A loira gritava, corria e Henrique Alberto correndo atrás. Com receio de que aquilo se agravasse, Paulo Afonso resolve ligar para a Polícia. Enquanto disca, percebe que os gritos da loira pararam. O espião fica estático. A Polícia chega. O observador continua olhando. A casa de Henrique Alberto é invadida. Ele é arrastado para fora. De repente uma surpresa: a loira também é arrastada. A Polícia pede uma explicação. Henrique Alberto fala: “Ela é minha irmã e eu só queria matar uma barata...”
Nada é o que se vê realmente.
Tudo é o que desejamos ver.
Hitchcock que o diga.
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Palavras




O mais valioso de todos os talentos é aquele de nunca usar duas palavras quando uma basta.
Thomas Jefferson

Ahh, as palavras! Sempre estão comigo. Na sala, no carro, no banco da praça, dentro da minha bolsa.
Fazer o que?
Me faltam, me sobram. Nunca me deixam na mão.
Podem ser faladas, podem ser escritas, ou quem sabe, apenas pensadas.
Saem facilmente, às vezes aos tropeções ou, simplesmente não saem.
Desde sempre lembro-me delas.
Me sabotaram quando tentei enveredas por outros caminhos, rumo à medicina ou veterinária.
Apontaram a direção quando, por uma quase iluminação divina, tirei uma nota 10, isso mesmo, na prova de redação do vestibular da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Hoje brincamos, somos amigas, sempre próximas e honestas. Mostro a sua maleabilidade, pluralidade, profundidade.
Jogar com palavras é muito mais do que jogar dados. Uma vez lançadas, podem alcançar uma progressão de resultados infinitamente maiores do que os simples números.
É esta a sua magia. O esconde-esconde do significado é que enriquece nossa comunicação.
Cada palavra deve ter um lugar especial em seu baú. Afinal que tesouro mais precioso haveria do que o som de suas sílabas espalhadas pelo vento?
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Indicados para o Prêmio Dardos


Bem, como ganhadora do Prêmio Dardos, me coube indicar 15 blogs, candidatos a receberem o prêmio em sua próxima rodada. Todos os indicados receberão as instruções de como proceder.
Indicar 15 não foi tarefa fácil. Aff... foi mais complicado do que parecia.
A Lista acabou sendo bem eclética.
Confira:

Pé de Meias
Filha de Asclépio
Abdalan
Verena na Suiça
Fernando Pessoa
Blog do Barzinho
Improper Mind
Hippies Beatniks
Ante-Cinema
Academia Literária
Arquivo Mundo Insano
Emaranhado Simbolico
Templates Novo Blogger
Carla
Le Atelier de La Gare

Bjs e boa sorte a todos!
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Prêmio Dardos



Caros Leitores e Leitoras:

É com muita satisfação que informo a vcs que o blog "Idéias de Barbara" foi um dos ganhadores do Prêmio Dardos.
Gostaria de agradecer a minha amiga Ana Gabi pela indicação do nosso blog.

Bjs
Barbara
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