“Uma imagem vale mais do que mil palavras.”É justamente esta máxima da Semiótica que melhor descreve esta conhecida caixinha de Pandora.
Ela foi chegando sorrateira, meio sem pretensão. Quando nos demos conta, o rádio já não era a estrela do lar. Houve quem afirmasse que se Hitler tivesse discursado em rede de TV ao invés do Rádio, não teria arrebanhado um exercíto tão grande, pois sua aparência física estava muito aquém da imagem de "herói" que impregnou a mente dos ouvintes.
Junto com ascensão da TV, um novo e silencioso gigante crescia: a cultura de massa.
Com certeza você já deve ter se deparado com esta expresão. Algo vasto, amplo, em constante mutação.
Mas o que realmente vem a ser Cultura de Massa?
Cultura de massa é toda cultura produzida para a população em geral — não levando em conta as heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de comunicação de massa. Ganhou impulso com o aparecimento das novas tecnologias de comunicação surgidas no século XX, e pelas circunstâncias configuradas na mesma época (vide pós Segunda Guerra Mundial).Desenvolveu-se a ponto de ofuscar os outros tipos de cultura anteriores e alternativos a ela. Está na novela das 8, no comercial de pasta de dentes, no telejornal da meia-noite.
Respiramos Cultura de Massa.
Sonhamos Cultura de Massa.
Comemos e bebemos Cultura de Massa.
Antes de haver cinema, rádio e TV, falava-se em cultura popular, em oposição à cultura erudita das classes aristocráticas; em cultura nacional, componente da identidade de um povo; em cultura, conjunto historicamente definido de valores estéticos e morais; e num número tal de culturas que, juntas e interagindo, formavam as identidades diferenciadas de todos os povos. Hoje pode-se dizer que quase tudo é o mesmo do mesmo.
Somos impelidos a ser reproduções uns dos outros. Sem perceber. Com se usassemos antolhos invisíveis.
É justamente aqui que se encontra a sua fortaleza: instituir-se como normal, moda, comportamento. Assim, simples.
Do dia para noite surgem novas celebridades, fabricadas quase que instantaneamente como um macarrão Miojo. Gente que trabalhava na padaria da esquina e agora, só por estar num Big Brother da vida tornou-se artista! Dão entrevista, chiliques, escândalos, autógrafos. Tudo porquê, não importa o como, apareceram na telinha. Não tenho nada contra quem participa de reality shows, a vida é sempre feita de escolhas para isso mesmo. O que me incomoda é o “endeusamento” destas pessoas. A sua transformação em ícones e exemplos de vida, caracter e redenção.
Aliás, fazendo um pequeno parenteses aqui, você já se perguntou o que é realmente um autógrafo? Cai na real! Um pedaço de papel com o nome de alguém escrito, muitas vezes com letras indecifráveis.E de que vale isso? Bom, se estivessemos no Império Romano, nos tempos de César, um autógrafo do imperador valia muito, algo como um salvo-conduto ou uma carta de crédito. Podia realmente salvar-lhe a vida. Mas nos dias atuais o que você faria com um autógrafo de Lula ou do Alemão (Big Brother)? No máximo inflariam seu “orgulho de massa” por possuir algo valoroso segundo os ditames da megalomaníaca Cultura de Massa. Isso me lembrou uma história hilária.Nos anos 80, no auge do RPM, eu e minha irmã eramos fãs da banda. Um dia um tio, entendiado, falsificou, rabiscando um guardanapo, o que seria um autógrafo do próprio Paulo Ricardo. Entregou o guardanapo a minha irmã e junto com ele uma convincente história de como havia encontrado o Pop Star num restaurante e pedido o autógrafo. Minha irmã ficou em êxtase. O barato até que durou. A história terminou quando ela reparou que meu tio dava gargalhadas toda vez que perguntava pelo guardanapo.
Voltando.
O que entendo por objetivo da cultura de massa é mais ou menos como uma globalização dos sentimentos e desejos do homem. Talvez o sociólogo canadense Marshall McLuhan tenha pensado em algo desse tipo quando formulou o conceito de “aldeia global”, defendendo a idéia de que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, supostamente encurtando distâncias e propagando informação com grande rapidez e facilidade. Como paradigma da aldeia global, ele elegeu a televisão, um meio de comunicação de massa em nível internacional, que começava a ser integrado via satélite. Talvez naquele tempo ele não tenha tido a real dimensão do alcance da Cultura de Massa.
Ou talvez nós é que nunca consigamos ter!
13 comentários:
Lembraste bem que a TV, por vezes, traz-nos mais e mais ficção em vez de realidade.
SABE QUE SEMPRE OUVI MEUS AVÓS DIZEREM QUE CRIAM-SE FILHOS À BARRA DA SAIA E NÃO À FRENTE DA DA TELEVISÃO! SÁBIOS, MUITO SÁBIOS.
BOM, JÁ CONCERTEI MEU ERRO E AGORA VC ESTÁ DEVIDAMENTE LINKADA NO MEU BLOG, DESCULPA DE NOVO E UM BEIJO
FALANDO NISSO, TÁ LINKADA LÁ DE NOVO, PASSA LÁ PRA PEGAR TEU PRESENTINHO!
Amei o trocadilho à la Edgar Morin...Um Terceiro Problema
Cultura de rádio relógio...realmente precisa ser repensado o peso dessa coisa toda em nossas vidas.
Muito bom.
Maior furada essa onda de autografo...tô fora. Brilhou menina!
Lembrei do tempo da Facul, essa coisa de Edgar Morin e Galáxia de Gutemberg...aí, aí, aí...uma loucura...muito legal!
Não posso deixar passar em branco Edgar Morin. Aliás muita gente aí em cima já notou o que eu notei.
Qualidade 10 em leitores!!!
Parabéns Barbara pela análise crítica.
Miojo = celebridade. Amei!
Só podia ser da Barbara.
Olá, Bárbara, obrigada pela tua visita. Vim conhecer teu blog.
Gostei muito deste post; esse negócio de autógrafos também tô fora; não tenho ídolos, não tenho ninguém para espelhar-me; o que tenho, são valores a seguir.
Por mais conhecidos que sejam, não tem razão de ser, uma vez que nunca nos vimos na vida, seria algo forçado. Quem sou eu para eles, e quem são eles para mim, em particular?
Gostei de teu blog, também, virei sempre.
Bjs
Tais
Amei o Miojo.....ahahahahahahahhaha
A história do Paulo Ricardo foi hilária, uma ilha de alegria dentro de um assunto realmente sério.
Good! Very Good!
Encontrou o verdadeiro X da questão.
Great!!!!
Postar um comentário