terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Saborosas Memórias

Sempre fui fascinada por tudo que envolve preparo de comida, desde a escolha dos ingredientes, combinação de temperos, apresentação dos pratos, articulação entre refeições e bebidas.

Quase sempre há comida envolvida nos momentos mais felizes de nossas vidas. Talvez não nos momentos dignos de fogos de artificio como uma proposta de casamento ou o nascimento de um bebê, mas as ocasiões tranquilas, como quando somos crianças e trazemos para casa um lindo boletim, um jantar em família após uma dia de trabalho, um café da manhã turbinado para enfrentar o novo dia, por exemplo...

A comida coloca em ação não só nossos sentidos mais elementares como tato, olfato e o paladar. Ela desperta sensações, emoções, lembranças...

Pare e pense: em quase todas as suas memórias felizes existe ou não algo relacionado também a comida?

Está aí uma coisa que aposto que você nunca percebeu. Mas agora que te falei, nunca mais deixará de notar.

É o bolo de aniversário de 15 anos. O jantar de casamento. O almoço de negócios bem sucedido. Os lanches em fast foods durante as férias. Os docinhos nos aniversários infantis. O prato estrangeiro com sabor esquisito que um amigo te obrigou a provar. Tudo marcado, guardado em nossas lembranças.

E então há aqueles momentos não tão felizes. E é aí que a chamada Confort Food(comida que conforta, que evidencia memórias e lembranças) é necessária. Quando eu era menina e ficava gripada, mesmo enfiada na cama, podia sentir o aroma do chocolate quente que vinha da cozinha da minha bisavó. Depois disso, para sempre, o aroma de chocolate passou a ser para mim o aroma do amor.

A Confort Food também é importante quando você se senta com suas amigas para colocar a conversa em dia. É impossível fazer isso sem comida, você há de convir. A comida pode ser um conforto por causa das associações que fazemos entre o que comemos e as pessoas ao nosso redor, ou por causa das emoções que os sabores e cheiros evocam. Temperada com nostalgia, aromatizada com amor, o sabor da verdadeira Confort Food é como receber um abraço de alguém especial.

Mas se uma refeição começa bem, o que podemos dizer do final?

O final perfeito em qualquer refeição não tem nada a ver com sobremesa ou café, mas tudo a ver com a companhia em que estamos. A comida pode tornar qualquer comemoração ainda mais agradável.

Historicamente falando, a comida sempre foi motivo para arregimentar o ser humano em atividades grupais. Compartilhar alimentos e bebidas tem um fascínio ritualístico.

Nesse ritual, o papel do elemento fogo é de fundamental importância.


As pessoas gostam de colocar fogo nas coisas. Admita que você fica impressionado quando vê uma sobremesa sendo flambada. Há algo de hipnótico no modo como as chamas correm como um rio e então se estinguem, deixando atrás de si um aroma delicioso e inconfundível. Há uma atração primitiva por coisas ardendo. De acordo com um provérbio polonês, o fogo nunca é um mestre gentil. Henry James(escritor norte americano) pregava que era necessário “paixão irrestrita, fogo, por fogo.”. O que é um pouco assustador, se quiser saber minha opinião. Mas isso torna apenas tudo ainda mais delicioso, na fantástica aventura de cozinhar.

Ah, uma coisa que sempre me questionei foi a respeito das receitas (em especial, as mais intrincadas). Não estou falando da massa de água e farinha de trigo que acaba dando em pão. Estou falando por exemplo, de como surgiu o Bolo. Já pensou nisso?

Para matar a nossa curiosidade aí vai...

No início, todos os doces produzidos em assadeiras eram considerados bolos e estes tinham que ser redondos, pois, como seu próprio nome diz - bolo vem de bola.
Redondo desde os tempos do Império Romano, com o passar dos anos o formato foi se moldando conforme as necessidades da decoração.

Como surgiu o bolo?

Existem muita discordância quanto à origem etimológica do bolo, no entanto é provável que tenha surgido a partir das tortas, sendo que, do ponto de vista técnico, ele sempre teve uma consistência macia, revestido de uma pequena crosta de massa.

Sabe-se que, em Nápoles, na Itália, no ano de 1478, um bolo foi servido em um banquete.
Acredita-se que o primeiro bolo de andares tenha sido o da italiana Catarina de Médici, quando se casou com Henrique II, Rei da França, no século XVI.
Na Inglaterra, durante o reinado da Rainha Vitória, os bolos chegavam a pesar 100 quilos com altura acima de dois metros. Na verdade, em todos os momentos da história, o bolo era considerado como uma demonstração de prosperidade e riqueza. Por isso eram tão altos!

O primeiro bolo de farinha a se adaptar no Brasil foi o pão-de-ló, de origem portuguesa. Rapidamente, tornou-se bastante popular e até hoje, é um dos preferidos para bolos recheados.

Agora que já sabemos, não é realmente espantoso como alguém consegui dosar ingredientes para alcançar o equilíbrio certo entre eles?
O bolo talvez seja o maior exemplo dessa mágica mistura.

E por falar em magia, a comida tem o poder de nos transportar para o passado, para nossa infância, literalmente. Esta é, para mim, a principal virtude da comida, é claro, sem esquecer de suas sedutoras qualidades sensoriais.

É justamente por isso que considero os cozinheiros (as) os primeiros cientistas, os primeiros pesquisadores. Falta-lhes apenas o devido reconhecimento.

Então, se você conhece um verdadeiro cozinheiro(a) não fique calado. Elogios são fundamentais no "tempero" de novas receitas!

O prazer da comida é o único que, desfrutado com moderação, não acaba por cansar.

Anthelme Brillat-Savarin*

* Advogado, político e um dos mais famosos gastrónomos franceses de todos os tempos.

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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Traição é Traição


O assunto sobre o qual vou tratar hoje pode não ser dos mais agradáveis (com certeza não é!). Recebi, através do formulário de contato do Ideias, pedidos para que escrevesse sobre o tema. Então vou me arriscar nesse terreno perigoso: Traição.

Traição é um tema complicado. O ponto crucial é o fato da maioria das pessoas não entender o porquê da traição, em especial num relacionamento afetivo.

A pergunta mais freqüente e que sem sombra de dúvida todo traído já se fez é: “Por que estar em um relacionamento se tem necessidade de trair?”

O perfil da pessoa que trai não é definido por um único padrão de comportamento e isso agrava ainda mais qualquer tomada de decisão ou posicionamento.

Perfis

Existem as pessoas que traem uma vez, se sentem culpadas, com a consciência pesada e nunca mais cometem o mesmo erro.

Outras traem e vão continuar traindo até serem descobertos.

Têm também aqueles que fazem da traição um estilo de vida, afinal como já dizia o ditado: “Cesteiro que faz um cesto, faz um cento”.

Ah, ainda existem homens que justificam sua traição através de necessidades hormonais. Isso mesmo. Existem aqueles que dizem que por terem extrema necessidade de sexo e as parceiras não serem tão hiper ativas quanto eles, acabam por buscar sexo fora do relacionamento.

Para saber como lidar com um(a) parceiro(a) que trai é importante, antes de qualquer coisa, saber em qual perfil ele(a) se encaixa.

Se for do tipo que vai repetir esse comportamento sempre, então você precisará refletir o quanto a palavra “me desculpe” dele(a) é confiável e até que ponto você está realmente disposto(a) a acreditar nesse arrependimento.

A primeira pergunta a ser feita é: “Você conhece bem o(a) seu(sua) parceiro(a)?” Só com uma resposta afirmativa é que você será capaz de assumir que foi um erro e que não acontecerá novamente. Para isso considere a sinceridade da pessoa quando pedir reconciliação pois é importante que admita o erro antes que você a perdoe. Você não pode ir até ele(a); espere que ele(a) venha até você. Mesmo sabendo que ele(a) não fará de novo, você deve fazer a segunda pergunta que é: “Você conseguirá viver sabendo da traição?” Ninguém espera que você consiga esquecer, mas sim que você seja capaz de perdoar. Caso contrário, seu relacionamento vai se tornar em um ciclo baseado em desconfiança, ciúmes, vingança e raiva, um verdadeiro caos. Ninguém merece isso (ou pelo menos, a maioria das pessoas não merece!). A parte mais difícil será demonstrar que você realmente perdôo seu parceiro. A partir do perdão e da escolha da continuidade do relacionamento, saiba que sua relação parecerá voltar ao que foi antes de toda essa confusão. Porém ambos necessitam estar dispostos a tentar e empenharem-se de corpo e alma para isso.

Você precisa ter garantia e certeza que as condições que causaram ou permitiram a traição estão erradicadas do seu relacionamento. Por exemplo, a pessoa com a qual seu(sua) parceiro(a) te traiu deverá estar fora do cenário, ou seja, sem amizades, encontros, qualquer tipo de contato.

Muitos se perguntam qual foi o fator detonador de um ato como a traição e aqui levantamos outro ponto fundamental: Entender, de maneira profunda, o que causou a traição. Pode ter começado em sites pornôs, em blocos de carnaval, em bares dançantes, com conversas muito íntimas com alguém específico ou pela falta da sua presença quando seu(sua) parceiro(a) mais precisava (esta última aqui é a mais ardilosa e perigosa.) Não importa o motivo, mas a raiz deve ser descoberta, discutida e trabalhada.

O melhor cenário para uma reconciliação é a situação na que quem traiu confessa o erro sem ter sido descoberto ou ao menos indagado. Nesse caso, seu(sua) parceiro(a) se sentiu culpado(a) depois do ato e quer sua confiança de volta, prefere te contar a deixar que você descubra. Na maioria dos casos pode ter ocorrido porque ele(a) está completamente frustrado(a) com sua vida, ou no caso dos homens de 40 ou mais, passando por uma crise de meia-idade onde necessitam reafirmar sua masculinidade. É fácil acreditar que a pessoa que traiu, traiu ela mesma antes de qualquer outra pessoa porque ela perdeu a habilidade de aproveitar um relacionamento. No entanto, muitos(as) traidores arruínam vidas por causa da sua fraqueza. Sempre alguém mais paga pelos erros da pessoa que traiu. O pior cenário envolve uma pessoa que trai por motivos egoístas. Apesar de justificar seus atos com desvios psicológicos, traidores habituais vão destruir emocionalmente a vida de muitas pessoas. Eles vão arrasar famílias ao partirem para outras relações antes de terminar a atual. Deixando atrás de si um rastro de parceiros(as) emocionalmente traumatizados e filhos psicologicamente desamparados. Essas pessoas se tornam pesadelos. Todos deveriam ter a capacidade de reconhecer e tomar cuidado extra ao esbarrar com alguém assim. Infelizmente, elas tendem a ser extremamente afetivas e mostrar decepção quando descobertas. Sem surpresas, essas são as pessoas mais difíceis de abandonar.

Falar de traição não é algo bom. Todos conhecemos alguém que sofreu muito por passar por situações como estas aqui descritas. Porém, de todas as palavras-chaves para lidar com tão delicada circunstância, temos que ressaltar uma: Auto-estima. Quem se ama, em primeiro lugar, saberá exatamente como agir em um caos como este. Não sou psicóloga e nem distribuo conselhos. Apenas tento através de minhas palavras, ajudar um pouco quem sofre com esta mazela.

Aproveito para agradecer a todos e todas que estão enviando sugestões de temas. Continuem mandndo que o Ideias tem prazer em atendê-los!!

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