domingo, 2 de junho de 2019

Péssima qualidade da educação é um dos fatores de aumento do desemprego no Brasil

De maio pra cá, muito tem se falado sobre educação no Brasil.  A esquerda inteira se arvorou de defensora das Universidades e conclamou manifestações, que supostamente, seriam em prol desse setor social. Mas o que poucos falam e muitos omitem de propósito, são as estatísticas sobre a qualidade da educação brasileira. Durante quase duas décadas o PT teve como um dos lema de governo a máxima: "Pátria Educadora". Uma piada se levarmos em conta a colocação do nosso país nos rankings mundiais de Educação: 63º Lugar!!! Ficamos atrás até do México, Argentina e pasmem, Colômbia.

Esse ranking é elaborado com base na aplicação de uma prova que faz parte do Pisa, Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Quando o assunto é avaliação educacional, o Pisa é uma referência mundial. Na última edição, a pesquisa analisou 70 países, incluindo o Brasil. Destes, 35 eram membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), entidade que funciona como um fórum para a discussão de questões relacionadas ao desenvolvimento e à melhoria de políticas sociais ou econômicas. Os demais integrantes do estudo foram países conhecidos como economias parceiras, isto é, nações voluntárias do programa — como o Brasil.


23.141 estudantes brasileiros de todas as unidades da Federação participaram da avaliação. Divulgados no terceiro trimestre de 2016, os resultados não são muito animadores para o Brasil: 59º lugar em leitura, 63º em ciências e 65º em matemática.

Esses números foram formados a partir da avaliação em instituições de ensino públicas e particulares. Comparando com a edição de 2012, o desempenho dos estudantes brasileiros em leitura e ciências ficou praticamente estagnado. Já na área de matemática, os resultados do exame revelaram que o país diminuiu sua nota.


Muitos dos que estão nas ruas defendem a ideia de que mais investimento no setor educacional é a solução para o problema. Ledo engano. A ideia de que mais dinheiro vai sanar o atraso intelectual dos nossos estudantes é rapidamente contestada se levarmos em conta, por exemplo, os investimentos financeiros feitos pela nossa vizinha Colômbia, que ocupa o 57º lugar no Ranking Mundial. Lá, o gasto por aluno gira em torno de US$ 2.459 por estudante, enquanto o Brasil aplica US$ 3.824 por aluno. 

Necessário se faz um ampla análise sobre como nossos recursos financeiros foram empregados na área de educação, ao longo das décadas pós regime militar.  Precisamos entender porquê 43,74% dos estudantes brasileiros estão abaixo do nível 1 de proficiência em matemática, estipulado pelo PISA. Trocando em miúdos, quase metade dos nossos estudantes não conseguem nem mesmo atingir o primeiro dos 6 níveis de qualificação básica em matemática estipulados pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Ficamos atrás de países como o Peru e, só ganhamos no quesito Matemática, para a República Dominicana.

Quando o assunto é leitura e interpretação, a porca torce o rabo novamente. Depois de analisar uma série de dados, o resultado final da avaliação dos estudantes brasileiros no tocante à competência linguística é: "No estudo dos pontos fortes e fracos dos estudantes brasileiros em leitura, há indícios de que eles tiveram dificuldade em integrar ideias e fragmentos de informação para fazer comparações ou estabelecer relações de causa e efeito, processar informações implícitas e fazer suposições a partir dos fatos apresentados em textos narrativos ou expositivos." (página 270 do Relatório final - Brasil no PISA 2015: Análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiro)

O Brasil no PISA 2015: Análises e reflexões sobre o desempenho dos estudantes brasileiro (se encontra listado ao final deste post) nos traz uma sequência de dados estarrecedores. A Matemática e a Leitura são apenas dois dos péssimos resultados dos estudantes brasileiros. Na página 211 encontramos descrita a seguinte constatação: "Estudantes de 15 anos do PISA 2015 provenientes de escolas municipais estão, em média, com quase dois anos de defasagem escolar se comparados com o mesmo público de jovens de outras redes com praticamente a mesma idade."  Outro dado chocante é o indicativo do percentual de repetência dos estudantes brasileiros: mais de 40% já repetiram pelo menos, um ano do ensino fundamental! Outro fato alarmante encontrado no relatório é: o estudante brasileiro é o mais indisciplinado dentre todos os países participantes do PISA. Em mais de 40% das salas de aula, os professores tem que esperar muito tempo até que os alunos fiquem quietos.

Não precisamos ser gênios para percebermos que ao longo dos anos, nossa educação, especialmente a pública, vem em acelerada queda qualitativa. Uma das consequências mais aterrorizante porém, não é apenas essa vertiginosa recessão intelectual, é a implicabilidade da péssima qualidade da educação na hora de se buscar uma colocação profissional no mercado de trabalho.

Fechamos 2018 com mais de 13 milhões de desempregados, uma herança maldita deixada pelo PT. Tentar sanar essa sangria não é apenas uma problema da área econômica. O setor de educação tem um papel decisivo nessa empreitada.


Nos últimos dois anos, 60% das 11,8 mil vagas ofertadas nos mutirões de emprego que reuniram grandes empresas não foram preenchidas devido à falta de qualificação dos candidatos. 

Não, você não eu errado! 

No início deste ano, por exemplo, a empresa de telemarketing Atento ofereceu 1,2 mil vagas no Mutirão do Emprego, promovido pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Com 600 interessados, só conseguiu contratar sete operadores – menos de 1% do que precisava.

A mesma coisa aconteceu com o Grupo Pão de Açúcar. O gigante da área alimentícia ofereceu 2 mil postos, aprovou 700 candidatos, mas, até agora, apenas 32 estão trabalhando, segundo os organizadores. No último mutirão, também foram abertas cerca de 2 mil vagas para caixa de supermercado, com salário perto de R$ 1.100, e metade ficou em aberto por falta de qualificação.

Falta de qualificação. Guarde bem essas palavras!

Ah, mas os contratantes deveriam estar exigindo muito dos candidatos. 

Negativo.

Dentre os problemas mais frequentes listados pelos empregadores estão:
  • Dificuldade de se expressar
  • Dificuldade de fazer contas
  • Falta de conhecimentos básicos em informática
  • Falta de conhecimentos básicos em inglês
  • Poucos anos de estudo
É necessário observamos com atenção essa listagem. Todos os aspectos aqui relacionados tem total correlação com os péssimos indicativos de resultados obtidos pelo PISA 2015. Algum desses itens está fora do escopo de ensinamentos do nosso sistema educacional? Algum desses itens é de alta complexidade? A resposta é não. Não se pode nem mesmo questionar a exigência do Inglês e da Informática. O idioma estrangeiro é obrigatório em todo o currículo escolar, do Fundamental II ao fim do Ensino Médio, em escolas públicas e particulares. Já a Informática  conta com programas e investimentos específicos para criação, até mesmo de infocentros em escolas públicas. Se os recursos para essa finalidade não estão chegando onde deveriam,  esbarramos aqui em outro ponto: a real empregabilidade dos recursos financeiros.


O mais irônico em toda essa situação é que os próprios membros do governo esquerdista já sabiam que a resposta para o problema da qualidade da Educação brasileira não era a destinação demais recursos financeiros. Em 2015, o então ministro da Educação, Mendonça Filho, chocado com o resultado do PISA, deu a seguinte declaração: “Esse resultado é uma tragédia e confirma exatamente o diagnóstico que fizemos, desde o início da nossa gestão, de que, apesar de termos multiplicado por três o orçamento do Ministério da Educação, em termos reais, o desempenho ficou estagnado ou até retrocedeu, como é o caso específico de matemática.”


A grande questão aqui acaba sendo: O que foi feito com o dinheiro que destinamos à Educação ao longo dessas décadas pós redemocratização?

Essa é a verdadeira pergunta que não quer calar...


Links

Link para matéria sobre falta de qualificação profissional

Link para Análise e relatório dos resultados do Brasil no Pisa 2015

Link para Matéria sobre colocação da Colômbia à frente do Brasil no Ranking Mundial de Educação

Link para matéria sobre declaração do ex-ministro da Educação Mendonça Filho

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