quarta-feira, 17 de abril de 2019

Alan García, Ex-presidente do Peru, se suicida após receber ordem de prisão no caso Odebrecht


Os tentáculos da máfia das empreiteiras brasileiras alcançam não só a nossa nação, mas já se enraizaram em outros países.


Alan García, ex-presidente do Peru, se matou na manhã desta quarta-feira em Lima com um tiro na cabeça, depois de receber uma ordem de prisão preventiva emitida pela Justiça. García, de 69 anos, era um dos quatro ex-chefes de Estado do Peru investigados sob a acusação de terem recebido suborno da construtora brasileira Odebrecht.

O caso contra ele faz parte da chamada Lava-Jato peruana e avançou após a delação premiada do advogado brasileiro José Américo Spinola,que afirmou no Brasil ter pago US$ 100 mil a García a pedido da Odebrecht . 

Em 2013, García havia sido inocentado por falta de provas em uma primeira investigação envolvendo o pagamento dos US$ 100 mil, mas sua situação se complicou com revelações recentes de que o secretário da Presidência do seu último governo, Luis Nava, teria recebido US$ 4 milhões como propina da Odebrecht pela obra do metrô de Lima. O dinheiro seria destinado ao ex-presidente.

No ano passado, ele pediu asilo político ao Uruguai depois que uma ordem judicial o proibiu de sair do Peru para evitar que fugisse ou interferisse nas investigações do caso Odebrecht. Montevidéu não aderiu à tese de perseguição política e rejeitou o pedido.

Em fevereiro, a Odebrecht assinou um acordo de cooperação com a Procuradoria peruana para ampliar as investigações sobre pagamentos ilícitos no país andino.Ficou então definido que a empresa teria que pagar cerca de US$ 182 milhões como compensação civil ao Estado peruano, com base em quatro licitações que venceu mediante o pagamento de subornos a autoridades locais. A empreiteira já admitira em 2016 que havia pagado propinas na casa dos US$ 29 milhões entre 2005 e 2014 no país.

O Peru é o oitavo país com o qual a Odebrecht firmou um acordo de colaboração. Negociações semelhantes ocorreram com o Brasil, os Estados Unidos, a Suíça, a República Dominicana, o Panamá, o Equador e a Guatemala.

Hoje, uma equipe especial da polícia chegou às 6h30 à casa do ex-presidente no bairro de San Antonio, em Miraflores, com a ordem de prisão preventiva por dez dias. García, então, subiu para o segundo andar dizendo que ia ligar para o seu advogado, contou o ministro do Interior, Carlos Morán. Em vez disso, o ex-presidente trancou a porta do cômodo. Quando os agentes tentaram entrar, ouviram o disparo. Ao entrar pela varanda, os policiais encontraram García sentado, com a marca de um tiro na cabeça.

Levado para o Hospital Casimiro Ulloa, em Lima, ele foi submetido a uma cirurgia, mas sofreu três paradas cardíacas e morreu depois de três horas.

Além de García, a investigação sobre subornos da Odebrecht no Peru envolve também os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018). Todos estão sob investigação do Ministério Público peruano.

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