quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sobre pessoas, cargos e poder

Vivemos em uma sociedade que se vangloria de cultuar status, poder e riqueza. Como consequência, não raro, encontramos exemplares inescrupulosos, cafajestes e trambiqueiros.
Ora, no constante jogo pelo poder, a ciranda oscila fazendo o "barco" adernar para a direção que mais lhe convém.
É impossível falar em tudo isso sem contar pelo menos uma parábola.
uma certa instituição pública era gerida por um chefe à beira da aposentadoria. Como ele dispunha de influência e certo poder, o utilizou pra manter-se no cargo por mais tempo que deveria. Durante sua administração imperavam os desmandos, o abuso de poder, o assédio moral, a corrupção de valores e a exploração de subalternos.
Este chefe era verdadeiramente odiado por quase todos seus subordinados, salvo pelos puxa-sacos.

" (...) E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais."

Mas como o tempo e a idade avançam sem dó nem piedade, a hora do chefe "pendurar as chuteiras" chegou.
A aposentadoria bateu, ou melhor, arrombou sua porta.
Tendo em vista o tipo de patrão que foi, não acabou sendo surpresa o total desprezo no momento da despedida. Nem mesmo os puxa-sacos demonstraram qualquer sentimento.
Com a saída do tirano abriu-se o campo para a entrada de um novo chefe. Nada mais justo do que o 2º homem na linha de promoção assumisse o cargo.
Este novo chefe era o supra sumo da esperança por dias melhores, por mais dignidade, mais humanidade. Porém, ao assumir o controle administrativo, as esperanças foram deitadas pela janela. Em pouco mais do que 10 dias, este lobo em pele de cordeiro, acabou por conseguir ser mais odiado do que o ex-chefe.
Bom, aqui acabo a parábola e começo os meus questionamentos.
Em primeiro lugar, atormenta-me a ideia de que alguém muda de caráter, se é que se pode dizer que tenha algum, ao ascender profissionalmente. Mudar de caráter ao mudar de cargo é no mínimo uma grande farsa. Isso mesmo, farsa. Escondeu-se sob uma máscara de pseudo-bondade e ética, para usufruir de pessoas e situações em prol de si.
Quantas pessoas você conhece que agem ou agiram assim?
Eu garanto que no mínimo uma dessas já passou por sua vida.
Triste, muito triste.
O pior é alcançarmos entendimento suficiente para reconhecermos tais pessoas antes mesmo que elas tenham a chance de se metamorfosearem. Digo pior porque enxergamos além, e este é um dom nem sempre feliz.
Mas e aí? Depois da transformação o que fazemos?
Muitas vezes encontramos-nos em circunstâncias que impedem um posicionamento mais justo, digno, correto.
Um vez li em algum lugar uma frase mais ou menos assim:

"Quer conhecer uma pessoa? Dê poder a ela."

De imediato discordei da frase. O X da questão não é ter poder ou não, e sim ter caráter ou não.
Ao invés dessa prefiro outra frase:

" Ninguém conhece ninguém na necessidade."

Geralmente, existe gente que quando precisa de algo não mede esforços, favores, elogios, presentes e etc para chegar lá.
Quando atingem seus objetivos, esquecem-se de quem os ajudou ou auxiliou, em uma fração de segundo.
E para esta etapa tem os versos da música VOU FESTEJAR, de Beth Carvalho:

"Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão"

Aliás, melhores palavras impossíveis.
Mas voltando a nossa problemática: o que fazer ao encontrarmos um tipinho assim?
Para isso respondo com um pequeno, porém profundo ditado da sabedoria popular:

"O mal por si só se destrói."

Ou vocês pensam que o novo chefe da parábola continuará impune por muito tempo?



" A liderança é uma poderosa combinação de estratégia e caráter. Mas se tiver de passar sem um, que seja a estratégia."
Norman Schwarzkopf - General do Exército Americano
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